Terceiro mandato. 3️⃣💢🏔️

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Por incrível que pareça, eu ainda não estava acreditando naquilo. Se estivesse sonhando, não queria mais acordar. Talvez, o frio estivesse me deixado maluco, mas acredito que o impossível se tornara realidade. Os caminhos dentro da mata foram cobertos pela neve. Foi difícil distingui-los. O momento foi único e especial. Apreciei toda paisagem porque não sabia ao certo se no dia seguinte estaria ali presente para aproveitar. Em meio a todos os problemas, consegui esquecer parte deles, graças ao fenômeno extraordinário da natureza que nos surpreendera pela manhã.

Julie veio verificar como eu estava. Sua consideração era imprescindível naquele momento.

— Tudo bem? Parece que você está preocupado com algo — disse ela.

Olhei para sua feição franzida e sorri.

— Estou bem. Deve ser impressão sua.

— Concordo. Mesmo assim, vou cuidar de você.

— Além de me vigiar vinte e quatro horas por dia?

— Sim. — Ela sentou-se ao meu lado. — Você acredita em mim?

— Claro. Por que a pergunta?

— Será que realmente existo?

— Como assim?

— Como você tem tanta certeza de que não sou da sua imaginação?

— Sei lá. Confio em você e estou te vendo, isto já é o suficiente.

— E se for apenas o seu pensamento? Só você pode me ver.

— Tenho certeza que tudo isso que está acontecendo é de verdade. Sabe por quê?

— Por causa do seu instinto?

— Não. Porque eu seria incapaz de inventar alguém como você.

Sorri para seu aspecto magnífico.

— Nossa! Obrigada. — Ela se surpreendeu.

— Provavelmente, eu criaria algo bem melhor.

Comecei a rir. Tentei ironizar a situação com o intuito de animá-la, mas sua reação foi um tanto incompreensível.

— Não é engraçado.

— Desculpa. Estava brincando.

Beijei Julie, demonstrando afeto.

— Ainda bem que você tem senso de humor — retrucou ela.

Começamos a rir da situação. Admirei sua doce feição. Fiquei imaginando sobre seu passado. Tive curiosidades a respeito de sua origem. Aproveitei o momento para esclarecer essa dúvida.

— Como era sua família? — indaguei.

— Não quero falar sobre isso.

Julie ficou desconfortável com meu questionamento.

— Por quê? — persisti.

Ela olhou para o horizonte e sorriu em meio ao nada. Lembranças confortaram seu aspecto e percebi que as memórias lhe deixavam fragilizada.

— Minha família era muito especial... — Ela ficou emocionada. — Desculpe, mas não gosto de lembrar deles, sinto falta. Espero que entenda.

Fiquei surpreso ao saber o quanto Julie sentia pelos familiares. Era complicado não saber detalhadamente sobre seu passado, mas precisei respeitá-la. No mesmo instante, resolvi voltar para dentro da árvore, enquanto ela tentava se recuperar das memórias.

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