| IV |

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Quando voltei aquela noite para casa, não encontrei meu irmão, segundo nossos pais, ele havia ido dormir mais cedo, já que teria treino antes da aula, e até me perguntaram se algo tinha acontecido, e eu somente dei de ombros porque não seria capaz de falar o que ele disse para mim, era muita humilhação.

No outro dia pedi para meu pai me levar para o colégio, já que não queria encontrar com Austin tão cedo, sabia que mandar uma mensagem seria errado, já que não respondi nenhuma das trezentas que ele deixou.

- E aí? Como vai à escola, gatinha? – perguntou meu pai enquanto tirava o carro da garagem. – Tem algum garoto interessada?

- Papai! Você sabe que essa não é o tipo de pergunta que você faz a sua filha?

- Por que? Eu só quero saber sobre a sua vida amorosa. – ele disse dando de ombros. – Não quero ser daqueles que não sabem nada da vida de seus filhos.

Não deixei de balançar a cabeça, e conter a risada.

- Nenhum garoto.

- E garota? – ele fez a pergunta o que me fez arregalar os olhos, antes de começar a rir. – O que? Qual problema? Eu sou bem liberal, e posso dizer que preferia muito mais de que você fosse lésbica, porque você....

- Já chega, papai. Não sou lésbica. – dei um suspiro.

- Então por que está sozinha? Você é a garota mais bonita que já vi em toda a minha vida, e olha que vi sua mãe de todos os jeitos e...

- Porque... – comecei a falar para que ele não continuasse. Queria que em alguns momentos ele guardasse certos detalhes para ele mesmo. - ... sou bonita assim para você, somente porque sou sua filha. – falei dando de ombros.

- Acho que terei de levar você no oftalmologista porque sua visão não está uma das melhores. – ele parou em um sinal, e se virou para mim. – Porque você é maravilhosa, tanto por dentro quanto por fora...

- Queria que todos percebessem isso. – Pensei em Dylan, mas balancei a cabeça, para não pensar nisso agora.

Acho que falei isso alto, porque no instante seguinte a mão de papai estava sobre a minha.

 – Eu sou só bonita quando me produzo, e mesmo assim nem pareço comigo mesmo.

- Quem disse isso para a minha princesinha? – ele perguntou com certa ternura na voz, antes de apertá-la. – Olha sei que não sou a melhor pessoa para dizer isso, mas não importa quem diga, mesmo o quão próxima ela seja de você, pois ela não estará falando a verdade, já que você Grace é a menina mais maravilhosa que eu conheci em minha vida, e mais uma vez, eu conheço sua mãe, então julgo que você é ainda mais do que ela, pois foi feita e ensinada para ser uma pessoa melhor que eu e ela.

- Obrigada, papai. – eu disse segurando sua mão.

- Que isso minha pequena menina. Me fale depois quem fez isso com você, que eu peço para James dar uma boa surra nele. – ele comentou avançando com o carro, e virando a esquerda, indo direto para a escola.

Iria dizê-lo que o babaca no caso era o meu irmão, mas pensei que seria bem melhor deixar isso quieto, porque não queria que mais uma relação familiar ficasse perturbada.

- Não tem problema, o Austin já resolveu isso. – eu disse.

- Por isso gosto daquele garoto. – ele parou na frente do colégio. Acho que ele não gostaria de saber que tenho o evitado por quase dois dias. – Então é aqui nos despedimos.

- Papai, eu volto para casa ás três. – falei revirando os olhos.

- Me parece tanto tempo. – ele fez um falso bico, me arrancando uma risada, enquanto descia do carro. – Sinto falta da época que você ficava agarrada em mim, não querendo ir embora.

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