|VI|

25 2 0
                                    

Meus pais sempre sabiam que quando eu falava que queria ficar sozinha eu queria dizer que iria para a casa da árvore dos Clark's.

A família Clark era nossa vizinha desde que eu me conheço por gente, portanto estive ali quando os dois filhos se casaram, e quando o Senhor Clark faleceu, deixando assim a Marissa Clark que agora vivia sozinha, e deixava a casa da árvore aberta para mim e James, que nunca subiu ali por medo de altura.

Ela ficava no alto de pinheiro que devia ser mais velha do que Donald Trump. Por dentro ela era quase meu segundo quarto, tirando que quando chove aqui por vezes pode ter algumas goteiras, por todos os lados estavam meus livros favoritos, anotações e fotos dos meus amigos, minha mãe e meu pai no dia do casamento dos dois, e uma das poucas minhas e de James, que foi tirada um verão antes do começo do ensino médio dele. Haviamos passado o verão com nossa avó, e posamos para ela.

Peguei a foto e me sentei no chão que era cheios de almofadas que encontrei por um dólar no brechó do colégio, que foi feito por Kelsy. Na foto eu e meu irmão sorriamos como se não houvesse quase nenhuma preocupação na nossa vida, e agora eu não conseguia nem mesmo ficar no mesmo recinto que ele.

 Na foto eu e meu irmão sorriamos como se não houvesse quase nenhuma preocupação na nossa vida, e agora eu não conseguia nem mesmo ficar no mesmo recinto que ele

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Ouvi passos subindo sobre a escada de corda, por isso eu sabia que podia ser somente um pessoa, que era a única que eu deixava subir comigo.

- Ei! – falou Austin se sentando de pernas cruzadas a minha frente, mas ainda deixando certo espaço entre nós , mesmo que isso fosse quase impossível. – Sua mãe disse que você queria pensar, e eu achei que estaria aqui... – ele parou por um segundo antes de continuar. – Mas se quiser ficar sozinha, eu entendo e vou embora. – ele começou a se levantar.

- Fique. – falei em meia voz, ainda fitando a foto, porque estava com vergonha de olhar para o meu melhor amigo depois da briga na qual tivemos nesta manhã. – Eu quero pedir desculpas. – então olhei para cima, e percebi que Austin me fitava ainda meio em pé, e meio sentado, até que voltou a ficar 100% no chão. – Você estava certo, eu estava sendo idiota por ouvir o que meu irmão...

- Exato. – ele concordou.

-...Ele foi um babaca me julgando pelas as roupas que eu usava...

- Correto. – concordou mais uma vez, e dessa vez abanando a cabeça.

- E deixei que a insegurança falasse por mim...

- Hoje você só está falando verdades. – me interrompeu mais uma vez.

- Cale a boco, estou te pedindo desculpas. – falei empurrando seu ombro, que nem mesmo saiu do lugar.

- E eu te desculpei no momento que sai de casa. – ele falou rindo me empurrando de volta. Ele então parou um segundo e olhou para baixo, e lambeu os lábios. Ficamos os dois em silêncio o que deixou que eu pudesse o observar. Austin usava uma calça jeans justa junto com uma camisa vermelha e uma jaqueta da mesma cor da calça. Sua inseparável câmera de fotografar estava em seu pescoço, e seu cabelo estava meio húmido, e não era de banho, o que só me fez presumir algo.

- Você estava fotografando? – perguntei. Austin olhou para mim rapidamente quando ouviu a minha voz, antes de sorrir e acenar com a cabeça.

- Sim, estava vindo para cá quando vi um grupo de crianças brincando, então achei que era um momento para se guardar, porque o momento pode passar, mas aquele sentimento de felicidade não.

Essa era uma das coisas que eu mais amava em Austin, ele conseguia ver um sentimento até na coisa mais simples do mundo, o que me deixa triste por ele não acreditar que pode encontrar o amor.

- Posso ver? – perguntei já pegando sua câmera de seu pescoço. Abri as imagens que já havia salvado, e fui vendo uma por uma, o que me deixou ainda mais maravilhada porque ele tinha um talento nato. – Meu Deus, elas ficaram maravilhosas.

Havia fotos de crianças brincando de balões d'água e fazer bolinhas de sabão, mas elas não mostravam somente a brincadeira, porém também a felicidade do momento, ou seja, com essas fotos eu senti quase a mesma felicidade que as crianças.

Havia fotos de crianças brincando de balões d'água e fazer bolinhas de sabão, mas elas não mostravam somente a brincadeira, porém também a felicidade do momento, ou seja, com essas fotos eu senti quase a mesma felicidade que as crianças

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

- Austin, você deve fazer uma exposição. – disse passando outras fotos, que era uma melhor que as outras, deixando não só sua, mas também a alma daquele que foi fotografado.

- Eu sei, quem sabe daqui um tempo. – ele falou dando de ombros, pegando a câmera, e apontando rapidamente para mim, tirando uma foto minha.

- Nãoooooo. – falei tentando pegar a câmera dela, mas ele afastou fazendo outros cliques meus.

- Jamais. Você está maravilhosa. – ele continuou tirando até que eu comecei a fazer caretas. – Com toda certeza estas estarão na minha exposição.

- Então todos ficarão com medo, antes mesmo de entrar na exposição. – falei rindo.

- Acho que posso concordar com isso. – O empurrei. – O que? Estou falando a verdade. – ele disse guardando a câmera.

- Ridículo. – revirei os olhos.

- Ridículo de gostoso, você quis dizer, não é mesmo? – ele pergunto rindo.

- Com toda certeza. – falei ironicamente.

- Ei, vi que você voltou com Dylan hoje. – falou Austin arqueando uma das sobrancelhas.

– Não aconteceu nada. – disse balançando a cabeça.

- Quer dizer nenhum amaço? – perguntou Austin se jogando contra o chão, e colocando os braços atrás da cabeça, apoiando a mesma. Eu me deitei ao seu lado, poucos centímetros.

- Não. Ele disse que me achou muito bonita sábado.

- Ué, isso não é algo bom? – Perguntou Austin. Amo meu amigo, mas ele ser hetero às vezes era um saco, porque ele não entendia os mínimos detalhes.

- Iria ser bom, se ele não tivesse dado a entender que eu era bonita somente naquela noite.

- Ixiiiii.... – falou Austin fazendo barulho de reprovação. – Se ferrou. Então, quer dizer que devo falar para as garotas que ela são bonitas o tempo todo?

- Exato. – ponderei antes de continuar. – Mas você não precisa disso, já que sua lista de conquista é bem extensa.

- Ei. – ele se virou me olhou nos meus olhos. – Sou bem seletivo.

- Sua seleção é somente que não pode acabar com suas amizades e ter órgão reprodutor feminino. – revirei os olhos.

- E isso é uma ótima seleção. – Austin falou tão sério isso que um segundo depois nós dois estávamos caídos na risada, já que era maior tolice que ele falou na vida. 

Anonymity Onde histórias criam vida. Descubra agora