O que eu faço?

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Chloe POV's

Era tudo verdade. Todas aquelas metáforas que ele vivia dizendo sobre ser o Diabo. Sobre anjos e demônios. Céu e inferno. Não eram só metáforas. Ele falava a verdade, sempre falou. Eu que nunca acreditei. Até ver. Não sei se estou feliz por ter descoberto a verdade. Mas ele nunca escondeu nada de ninguém. Não sei o que pensar dele.

O que foi que eu fiz? Lucifer nunca mais vai querer me ver. Eu apontei uma arma para ele. Por que eu fiz isso? Ele deve estar magoado.

Preciso ir pra casa. Hoje foi um dia estranho, ou pelo menos incomum. Não é todo dia que se descobre que seu parceiro é o próprio Diabo. Ele nunca escondeu, eu não acreditei porque não quis. Dan, Ella e reforços já chegaram e não precisam mais de mim aqui nem na delegacia.

Entro no carro ainda pensativa e começo a dirigir em direção a minha casa. O que eu fiz com certeza não foi certo. Será que eu deveria ter reagido daquela forma? Eu não consegui controlar a emoção ao vê-lo desse jeito. Foi como um impulso. Eu reajo assim sempre que me sinto ameaçada.

Sou retirada de meus pensamentos ao perceber que estou em frente à Lux. Por um breve momento, penso em parar e ir falar com ele, mas vou magoá-lo ainda mais. Deve estar precisando de um tempo sem falar comigo. Além disso, eu também preciso pensar. Buzinas me tiram do transe e só então percebo que o sinal já está aberto e estou atrapalhando o trânsito. Volto a andar.

Chego em casa com lágrimas prontas para cair, mas ao entrar encontro-me com a minha filha, ainda acordada.

- Mommy! - Trixie vem me abraçar

- Oi, macaquinha!

- Você está bem? - Pergunta com um ar desconfiado

- Claro que eu tô! Por que acha que eu não estou? - Não sei se estou tentando convencer a ela ou a mim mesma

- Você mente muito mal... - Suspiro ao perceber que não tem jeito. Terei de conta-lá o que aconteceu

- Trixie, a mamãe descobriu que um parceiro de trabalho dela é uma pessoa ruim.

- Quem?

- O Pierce... O ex-noivo da mamãe. Se lembra dele?

- Por que ele é uma pessoa ruim?

- Você não precisa saber. Vá lavar a mão que a mamãe vai fazer o jantar e quando estiver pronto vou lhe chamar - vejo ela entrar em seu quarto.

Vou usar o jantar como uma distração para minha confusão. Preparo o jantar e chamo Trixie. Lasanha, uma comida que dá trabalho pra ser feita. Julgo como uma ideia inteligente pra escapar de meus próprios pensamentos. Diferente de todos os jantares, esse é silencioso. Quer dizer, pelo menos em meio externos. Minha mente parece um vórtice de pensamentos que se confundem. O jantar termina e eu nem percebo.

- Mommy, terminei - diz Trixie, tirando-me de meus devaneios

- Ah... ótimo, vá tomar banho e se vestir que passarei lá para lhe dar boa noite - ela se levanta põe o prato na pia e vai para o banheiro. Faço o mesmo.

Vou pra debaixo do chuveiro, mas faço tudo menos tomar banho. Passo mais de vinte minutos apenas sentindo a água escorrer pelo meu corpo enquanto meus pensamentos transcorrem junto com ela

Lucifer. Sinto como se minha mente o pertencesse. Tudo isso é novo pra mim. Eu sempre soube o que fazer em situações de conflito, mas dessa vez me sinto incapaz de fazer qualquer coisa. Eu desisto.

Nem sei se ele vai para o trabalho amanhã. Nem sei se eu vou, na verdade. O que vou fazer se encontrar com ele? Suspiro e respiro fundo. Volto para o mundo real e termino meu banho. Ponho uma roupa de dormir e desço para dar boa noite a Trixie. Bato de leve na porta e não obtenho resposta. Decido entrar no quarto, mas a vejo dormindo.

Volto para meu quarto e me deito. Como se fosse um passo de mágica, meus pensamentos sobre o Lucifer voltam. Ele é o Diabo. Preciso de ajuda profissional. Amanhã vou ver uma amiga.

Fecho os olhos para dormir... Em vão. Nada consegue me fazer relaxar nesse momento. Viro-me para o outro lado ainda tentando dormir. Após alguns minutos, me conformo com o fato de que não vou conseguir dormir. Me deito de bruços, abraçando o travesseiro. É uma posição confortável, mas não está me ajudando a relaxar. Viro-me de barriga pra cima, a posição clássica de quem não sabe o que fazer. Fico encarando o teto, mas tudo que consigo ver são flashes do que aconteceu quando Pierce falou que não deixaria nada nem ninguém ficar no caminho dele. Quando eu levei um tiro e tudo ficou escuro. Quando eu acordei no alto de um prédio junto com Lucifer. Quando eu desci e encontrei Pierce morto e Lucifer com aquele rosto.

Será que ele sabia que ele estava daquele jeito? Ele ficou surpreso ao ver minha expressão assustada. Mais surpreso ainda ao tocar em seu rosto e perceber como estava.

Acho que ele não sabia... E agora? Eu não posso culpá-lo. Ele não tem culpa de nada. Será que era isso que ele queria me mostrar aquele dia na delegacia? Eu devia ter acreditado desde o começo.

Sem perceber, desmaio por causa do cansaço, mesmo sabendo que o dia já tinha virado e não teria muito mais tempo de sono.

Ouço uma voz me chamar ao longe. Não sei o que é. Ouço-a ficar cada vez mais nítida junto a um barulho estranho e repetitivo.

- MÃE! - Acordo assustada e percebo que o despertador estava tocando feito louco e Trixie estava tentando me acordar esse tempo todo.

- Trixie! Oi, acordei. - Digo, desorientada

- Eu estou atrasada pra escola, já são sete e quinze da manhã!

- Ai meu Deus! - Me levanto em um pulo e percebo que ela já está arrumada - tomou café? - Pergunto, trocando de roupa rapidamente.

- Claro né... Senão me atrasaria ainda mais por esperar você.

- Então vamos logo! - Termino de me trocar e vou pro banheiro apenas para rapidamente ajeitar meu cabelo e escovar os dentes.

Saímos de casa, dirijo o mais rápido que se é permitido e deixo-a na escola. Se atrasou quarenta e cinco minutos.

Voltando para casa, me lembro da noite passada. Ligo para minha amiga Linda, assim como decidi ontem. Preciso falar com alguém profissional e de confiança.

Disco o número e sou atendida:

- "Oi Chloe, o que me conta?" - diz ao outro lado da linha

- Oi Linda... eu tô precisando falar com uma amiga e com uma profissional. Você poderia passar na minha casa hoje?

- "Claro que eu posso Chloe, só que meu turno só acaba de tarde. Pode me contar o que houve?"

- É complicado, não sei se é bom falar por telefone...

- "Oh, Chloe meu paciente chegou, vou atendê-lo e quando terminarmos passarei aí para conversarmos."

- Certo... até depois - ouço um "até" e desligamos a chamada simultaneamente.

Suspiro e volto a dirigir para casa. Chego cansada. Pra esperar o tempo passar, ponho um filme de comédia para tentar levantar meu astral.

Nada é impossível. -Deckerstar-Onde histórias criam vida. Descubra agora