Nada é impossível. -Deckerstar-

"7 dias no inferno"

Lucifer's POV

Não preciso de mais de um dia pra decidir que esse hospital é quase pior que a sala de tortura do inferno. Não tem literalmente nada pra fazer. Na maior parte do tempo, me concentro em dormir ou em tentar não pensar nela. Essa é a parte mais difícil, visto que não tem mais nada com que ocupar a mente além de antever o tédio que será uma semana sem poder levantar daqui. Ainda por cima, ela veio me visitar. Gostei disso, apesar de não saber se deveria. A curta estadia nesse lugar mostrou que esses momentos serão os únicos que me farão gostar de estar aqui. Seja feliz ou infelizmente, passamos muito tempo juntos. Quando estou em sua companhia, me sinto feliz. Por outro lado, quando não estou, isso me faz muito mal. Estou criando uma dependência e não posso fazer nada sobre isso. Aconteceu como deveria. Foi tudo planejado. É culpa d'Ele. Desgraçado. Foi Ele quem fez essa confusão na minha cabeça

De repente, a porta se abre.

- Senhor Morningstar? - Diz a enfermeira. Você tem uma visita.

Não preciso ser um gênio pra saber quem é. Não se passam muitos segundos até que ela entre no quarto.

- Hey... Lucifer, como está se sentindo? - Murmura. Chloe sabe que, após uma overdose, as pessoas ficam muito sensíveis a tudo. Mesmo o mínimo barulho pode dar uma dor de cabeça infernal

- Depende. Por dentro ou por fora?

- Como assim?

- Você me faz ter recaídas, do seu lado eu sou mortal. Mas, psicologicamente, to bem melhor agora - ela ri, provavelmente sem saber que é verdade

- Você quer que eu vá embora? Eu te faço piorar muito?

- Claro que não. O que seria uma dorzinha de cabeça comparada com a sensação de te ter do lado?

Mais uma vez, rimos juntos. Como da última, ela se questiona sobre veracidade da informação

Ela fica linda sorrindo tão espontaneamente

Meu Pai, o que ela fez comigo?

Ela senta na poltrona ao lado de minha maca. Por longos instantes, nos encaramos, sem ter ideia do que dizer. Sabemos que não podemos falar sobre o que aconteceu alguns dias atrás. Nenhum dos dois superou ainda

- Então... - Tento quebrar o silêncio

- Ah... Oi! - Responde, desatenta

Todos os outros dias são como esse. Silêncio praticamente absoluto. Ainda assim, ela não deixa de vir me visitar, assim como eu não deixo de ficar apreensivo pela hora em que a verei. A verdade é que gostamos da companhia um do outro. Sempre gostamos

Silêncios intermináveis e inúmeras palavras não ditas. É dessa forma que corre a semana

Seis dias, foi o tempo que o médico precisou pra achar que eu me recuperei

Há seis dias eu estou aqui quando, pela primeira vez em algum tempo, temos um diálogo de verdade

- Lucifer, a gente precisa parar - sua voz soa firme e, nesse momento, me apaixono mais uma vez

- Isso o quê?

- Isso! A gente fica aqui sem fazer nada, sem falar um com o outro. Eu não sei por quê, mas por algum motivo eu gosto de estar aqui, mesmo desse jeito

- Tá, sobre o que você quer conversar? - Meu tom é irônico e debochado. Ainda assim, ela responde séria

- Sobre o que aconteceu semana passada, Lucifer! Isso não é brincadeira