Ousado 2

Desafios

(May)

Se me perguntarem se sinto falta daquela vida que levava eu direi,nem um pouco!
Eu não me arrependia do caminho que tracei,eu fui feliz e triste e terei muitas histórias para contar!
Mas,agora com essa virada de página significativa na minha vida,eu diria não é fácil mas,vale a pena!
O mais difícil era ficar longe da minha família...
Eu me encontrei com a minha mãe,escondida do meu pai,para lhe dar dinheiro.
Foi difícil vê-la chorar e dizer como eu podia ter preferido Henri à minha família.
Eu disse à ela que,eu amava eles de todo o meu coração...mas,eu não pertencia aquele lugar mais...
"Talvez a senhora nunca vá entender...ou como a mãe dedicada que a senhora sempre foi,espero que entenda,se não hoje,que entenda algum dia..."falei.
Ela pegou nas minhas mãos e disse que queria saber o porquê da minha decisão...na época estávamos muito a flor da pele e ela pensou que eu iria me arrepender e preferir minha família...
"A senhora e o pai não deram a oportunidade de conhecer Henri,só viram a pele escura dele,eu fiquei muito triste com isso...vocês julgarem ele pela cor...Ele é um homem de caráter,esforçado e cavalheiro...me trata como uma rainha,respeita a minha opinião,não me julga pelo caminho que tracei...Quando Henri me viu pela primeira vez,eu estava desacordada e desfigurada numa cama de hospital de tanta porrada que levei...tinha sido a mando de uma concorrente de trabalho que me invejava...ele cuidou de mim...ele viu em mim o que a maioria dos homens não via...eu era além de um pedaço de carne bonito..."falei e meus olhos ficaram marejados.
"Ele me aceitou como eu sou,deixou que eu continuasse trabalhando mesmo sendo namorada dele...porquê eu tinha vocês e vocês estavam sempre em primeiro lugar na minha vida...Henri,nem por um momento me julgou por ser mulher da vida,nem  por vocês estarem sempre em primeiro lugar...ele não condena vocês pôr discriminarem ele,ao contrário...eu não posso ver o pai mas,sei que ele tá tendo o melhor tratamento...ele salvou a vida do pai e salva todos os dias,dando a oportunidade de ele viver mais um pouco,pra ele ter um final de vida digno..."disse e a essa altura eu já estava chorando...
"Me dói saber que ele não vai durar muito tempo,que ele vai morrer e eu não posso vê-lo mais...a senhora pode até dizer que eu que escolhi mas,eu não posso viver sem o Henri...a gente se ama e é de verdade..."disse.
Minha mãe passou a mão no meu rosto,limpando minhas lágrimas ,levantou e me abraçou.
"Eu não queria que fosse assim,Maria...mas,assim como você escolheu ficar do lado do homem que ama,eu não tenho escolha além de fica do lado do meu velho...eu agradeço o que teu namorado tá fazendo...eu sei que deve ser caro esse tratamento do teu pai,às vezes ele tem umas dor horrível...ele chora de dor...daí é só levar ele na santa casa,ele é medicado que a dor acalma...Eu vou tentar limpar meu coração,rezar para que teu pai te aceite de volta que aceite esse rapaz...enquanto ainda há tempo..."ela falou.
"Eu e Henri iremos casar depois que eu me formar...ainda vai algum tempo...espero que não seja muito pedir a Deus que guarde a saúde do pai até lá e que me dê a alegria dele me levar ao altar..."disse.
Conversamos mais um pouco e passei pra ela o endereço das casas de aluguel.
"Peça pra um dos meus irmãos ir receber...já falei aos inquilinos para repassar o dinheiro pra vocês...infelizmente não terei mais o mesmo montante de dinheiro para dar pra vocês mas,não deixarei vocês desamparados."falei.
Me despedi dela e voltei a cidade.
A loja de bebê não me deu retorno e eu continuava no meu desafio de conseguir emprego.
Consegui um temporário como promoter de carros.
E assim foram aparecendo alguns bicos mais ligados por eu ser bonita.
Então eu me esforçava para me manter sempre com boa aparência...
Eu e Henri íamos a academia juntos...quando ele fazia uma dieta era muito regrado e eu entrava no embalo dele.
Acordar cedo...às vezes ele nem dormia...vinha do hospital,preparava  nosso café pré treino e íamos malhar...
Depois eu fazia nosso lanche pós treino.
Eu não posso reclamar,a gente estava indo bem como casal.
Ele me ajudava com as coisas de casa,com o estudo,me animava quanto ainda não conseguir um trabalho fixo e eu o consolava quando ele perdia um paciente ou cuidava dele quando o dia tinha sido muito difícil.
Às vezes entrávamos em contradição sobre algumas coisas mas,depois dessas discussões ficávamos mais fortalecidos.
Eu estava feliz e apesar dos desafios diários e da saudade da minha família...
Eu seguia minha vida...