1. Under The Sea

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"É difícil amar verdadeiramente alguém quando você não consegue sequer amar a si mesmo. Eu digo isso por experiência própria.

Se você tem coragem o suficiente para ferir a si mesmo é claro que terá coragem também para ferir as outras pessoas ".

-E acaba não sendo tão difícil pra você fazer isso, certo? -Dr. Higs completa minha linha de pensamento, me analisando minuciosamente.

-Exato.

"E muitas pessoas acabam tendo medo, não de fantasmas ou bruxas, mas de seu próprio eu. Não medo de morrer, medo de matar".

-Bastante intrigante suas observações senhorita Burns, mas não estamos aqui pra falar das outras pessoas e sim de você.

-Eu não sei por onde começar.

-Que tal iniciar me contando o que lhe trouxe aqui hoje?

-Eu vim de carro.

-Sabe que não é a isso que me refiro, senhorita Burns.

-Okay, eu vou lhe contar.

"Como eu antes estava falando, todos temos medo de alguma coisa, e mesmo que esse medo não esteja relacionado a mortes ou suicídio, seu subconsciente ainda será perturbado.

O meu pelo menos é.

Tudo começou quando eu comecei a sentir raiva dos meus pais, porque eu nunca podia sair com os amigos, não podia ter um namorado, eu não podia ter uma vida social.

Eu chegava na escola todas as manhãs e cabulava aula com minha melhor amiga, mas passei a sentir raiva dela porque a mesma ficou com o menino que eu gostava.

E ela sabia que eu gostava dele, então eu senti raiva da escola e fazia todo o possível pra não precisar ir pra lá.

Eu fiquei doente por um tempo, câncer, e quando meu cabelo caiu eu passei a sentir raiva da minha aparência no espelho.

Magra, esquelética, pálida e sem vida.

Meus pais esconderam todos os espelhos da casa pois meus ataques de raiva se tornavam cada vez mais frequentes e eu passei a sentir raiva de mim mesma.

Eu não precisava de um espelho pra saber que eu estava horrível.

E a única pessoa que sobrou comigo, a qual me fazia sentir ainda mais raiva de mim mesma, por não amá-lo, era Min Yoongi.

Mas sequer ele pode me ajudar agora ".

-Gostaria de vê-lo?

-Oh sim, eu acho que devo a ele um pedido de desculpas.

-Certo, eu apenas preciso do nome completo, o numero de celular e o endereço.

-Certo.

Eu rabisco as instruções e os números no papel sujo de sua agenda e ele olha pro relógio antes de se levantar.

-Nosso trabalho aqui acabou por hoje, até amanhã cliente 00916.

-Até amanhã doutor.

Ele aperta minha mão na sua e após esse gesto de humanidade aperta minhas algemas.

-E claro, por favor, reflita um pouco sobre o motivo de estar aqui agora. Com certeza não é em vão.

Eu sorrio e concordo com um aceno de cabeça, sendo levada de volta pra escuridão do agora meu quarto.

Depois de tomar meus remédios, amanhã será outro dia. 

Continua.

Acerola No Café {Yoongi} Onde histórias criam vida. Descubra agora