Skullrion

Capítulo 5

Skullrion

- ...Não posso acreditar que somos incapazes de entender a profundidade da alma. Somos seres de relacionamento, de diálogo, e nossa ideia... Nossa psique é formada pelas situações que vivemos, que experimentamos. O que acham? Que já nascemos com medo, traumas e angústias? Somos feitos a partir de nosso toque com a realidade. Então estamos em constante luta contra as fortalezas que nos cercam, fortalezas que nos controlam, que nos fazem fugir e agir de maneira que não queremos. Deus entra no âmago de nosso ser e expõe isso a nós mesmos. Ele nos reforma, nos cura com uma precisão cirúrgica. Seus traumas podem ser tratados. Jesus diz "vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei"! Ouçam essa mensagem de cura e salvação. Vamos orar... - Pregou o pastor da Igreja. Em seguida todos abaixaram a cabeça e iniciaram seu momento de falar com o ser celestial. Babaquice talvez, mas eu gosto dessa babaquice. Às vezes me pego orando, pedindo a Deus que me compreenda, sobre meus atos cruéis. Acredito que Deus me ame tanto quanto o mais devoto diácono desse templo, e eu sei por que penso isso. Por que se tropeço em um dos mandamentos é como se houvesse tropeçado em todos, então se sou homicida, sou tão cruel quanto um adúltero, ou idolatra. E todos estamos fadados ao inferno, como dizia minha mãe.... Minha mãe... Maldita seja ela! Preciso me acalmar... Olhei para os lados depois de ter desferido um soco na cadeira vazia a minha frente. Uma idosa me olhou nos olhos de maneira penetrante como se me acusasse de um crime. Me lembrei de como a igreja pode ser inquisidora. Desviei o olhar dela e reparei que somente ela estava me olhando no momento do soco. Que raiva dela. Engoli o sentimento e fechei os olhos iria orar:

Pai, perdoa-me por pecar contra Teu mandamento mais sagrado, não ouso dizer que não farei de novo, mas digo que quero uma explicação para a dor que sinto. Perdi tudo... E tive a pior infância de todas... E mesmo assim estou esperando respostas... Já Te procurei em muitos lugares, em muitas religiões. Mas só sinto que me ouve nesta. Por favor, me ajude a entender e me leve antes que prejudique mais alguém... Amém

O Pastor Wesley fez a bênção apostólica de encerramento, e se despediu de todos indo para seu gabinete atrás do palco. Vi Sabrina Silva descer do púlpito com o copo de água que fica no pedestal do pastor. Moça bonita, cabelos negros e longos. Lisos como os de uma Índia e brilhosos. Diferente do que normalmente eu vejo. Deixei que ela saísse de vista antes de ir falar com o pastor. Nesse caso estava interpretando um personagem, um homem solteiro e estiloso, mas normal, chamado Josias. Fiz questão de alterar características de meu rosto para que não pudesse ser identificado. Bati na porta aberta antes de entrar na saleta. O pastor estava sentado atrás de sua escrivaninha, abarrotada de livros e papéis. Observei que ele parecia preocupado.

As mãos dele apontaram para que eu me assentasse a única cadeira disposta a frente da mesa, provavelmente destinada a visitas. Puxei-a e sentei-me sorrindo. Ele me olhou de esguio e depois sorriu apertando minha mão e me cumprimentando.

- Josias certo? - Perguntou curioso.

- Pastor vou usar de sinceridade com o senhor, entrei por esta porta com intenção de conhecer uma jovem atraente, não sei o nome dela. Mas como ela é interessante... - Ele me olha como se estivesse entendendo o que eu dizia e não parecia querer me repreender, como eu esperava - Então acabei me entretendo com a Palavra de Deus, e gostei da igreja. - Encerrei pois não sabia se devia continuar.

- Meu coração se alegra em saber que por sentir atração por uma jovem você ouviu a Palavra de Deus. Foi o caminho que Deus usou para que viesse até ele. Vamos por partes. Namoro é algo sério e que de acordo com a Palavra de Deus, deve ser dentro de respeito e amor. Se quer conhece-la não se acanhe, fale com ela. Garanto que ela lhe dará uma aula de relacionamento Cristão. - Explicou com mansidão. Ele é bom.