Capítulo 4

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Danilo

- O carro está no nome de Laura Dantes. O carro é deixado em um local específico para o cliente, depois ele devolve o veículo do jeito que saiu, com o dinheiro no porta luvas. Esse procedimento é feito para maridos que pulam a cerca. Assim não acobertamos nada, já que nem vimos o homem aqui. - Falou o gerente da concessionária que aluga carros.

- Nesse caso o escrivão estará tomando nota do que me disse. - Informei, e segui até Alessandro - E ai? O que conseguiu com o nome? - Ele me olhou irritado.

- Eu vi a moça de longe. Por que é que esta encrencando com ela? - Ele não compreendia o que eu havia percebido. No cadastro de visitantes do funeral havia todos os nomes dos parentes e amigos que iriam visitar o corpo. Estavam todos lá. Liguei para a esposa de João, e ela me confirmou a existência de alguém desconhecido nas visitas. Depois de ter desvendado a charada de que a próxima vítima seria a mãe, qualquer visitante desconhecido é suspeito. Agora minha suspeita se torna realidade, por que um carro de aluguel? Só falta o nome ser falso, e então descobriremos que Skullrion é mulher, ou tem uma amiga mulher.

- Instinto. - respondi olhando o horizonte - E ai? Alguma pista sobre a existência dessa Laura? - Perguntei impaciente.

- Não homem apressado. Espere o pessoal do operacional pesquisar nos registros. - Ele parecia calmo, crendo que minha suspeita era infundada. Mas eu tenho certeza que o registro é falso - Enfim! O resultado chegou no meu celular... - Ele me olhou sério e em seguida me mostrou a mensagem.

Ali estava escrito que a senhorita Laura Dantes existia! Que tinha residência e trabalhava como advogada. Tinha até mesmo o número de inscrição na OAB. Isso sim me surpreendeu.

- Não posso acreditar que isso é verdade. Eu pude sentir o cheiro de suspeita nela! - Bradei irritado.

- Às vezes nós nos enganamos... - Mostrou complacência. Tá eu detesto essa piedade.

- Às vezes eles nos enganam. Não vou deixar pra lá isso. Quando puder vou verificar que tipo de enganação é essa! - Falei irritado – Vou acessar informações sobre essa Laura Dantes.

Entrei nas redes sociais e averiguei a existência da senhorita. E encontrei o que não pude acreditar. Laura Dantes não é a mesma pessoa que vi no carro aquele momento. Totalmente diferente e com certeza sem nenhuma ligação com João... Decidi entrar em contato por telefone, visto que o número de telefone dela estava disponível no site.

- Senhorita Laura Dantes? – Perguntei ao ser atendido.

- Sim. Quem fala? – Respondeu. A voz também era diferente.

- Sou investigador Danilo, deve ter visto meu nome na televisão por esses dias – Sorri ao telefone como se estivesse sorrindo para ela ao dizer isto e sentir-me por um momento, famoso – Enfim... o motivo do meu contato é devido ao fato de que preciso que venha a delegacia imediatamente para que alguns fatos sejam apurados devidamente. Uma viatura já está indo ao seu encontro em sua residência. A senhorita está lá? – Questionei no final.

- Mas... Não sei do que está falando. Eu vou ser presa? – perguntou assustada.

- Não. Na verdade apenas precisamos averiguar algumas questões que foram levantadas. Por favor não há motivo para alarmes. – Avisei tentando mostrar que não tinha por que se preocupar.

- Tudo bem. Vai atrapalhar a janta, mas tudo bem... – Falou desgostosa e desligou.

Assim que desliguei, procurei na delegacia alguém que pudesse ir busca-la. Avistei tomando café e já pronta para sair de seu turno a cabo Michelle. Como gostaria de ter coragem de falar com ela. Alessandro era o garanhão conquistador barato, e acreditava que eu também o era. Equivoco sublime por assim dizer. Sou tímido demais. Entretanto ela ali tomando uma xicara de café em um copo plástico, encostada com olhar vazio para o nada, provavelmente pensando em quantos bandidos poderiam ter sido presos, ou mesmo quantos perigos ela poderia ter enfrentado para tomar aquela xicara. Era assustador pensar que fiquei nesse devaneio por alguns segundos, que pareceram uma eternidade. Saltei da cadeira e sai do meu escritório cujo a porta estava aberta, por onde vi ela. Avancei a passos rápidos que foram diminuindo a firmeza conforme me aproximava. Notei que ela me viu e simplesmente desviou o olhar. Continuei cada vez menos seguro do que diria, e finalmente quando estacionei frente a ela, só pude pensar no objetivo primário de minha comunicação. Solicitar a ela que fosse buscar a senhora Laura Dantes.

SkullrionOnde histórias criam vida. Descubra agora