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- Rodrigo?

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- Rodrigo?

- Oi. – pisquei, olhando para Steve, meu assessor e amigo.

- Estou falando com você. Se você pudesse prestar um pouco de atenção eu agradeceria.

- Desculpe. – pedi.

Tento me concentrar na conversa, sem muito sucesso. Tem sido assim nas últimas semanas. É tudo culpa do Bruno. Não nos falávamos há um tempo, e então estávamos nos comunicando praticamente todos os dias da semana. E a cada mensagem, o conteúdo era o mesmo: casamento, ele fazer questão da minha presença e eu ser padrinho, entrando na cerimônia ao lado da Agatha. E eu me recusava a admitir que essa última era o que estava tirando meu sono e me fazendo perder a concentração em qualquer coisa que eu fizesse.

- Você vai passar as suas férias por lá? Está certo disso?

- Sim, vou. – respondo a Steve. – Não piso lá há 10 anos. Sinto falta do Rio, do clima da cidade e da minha família.

De início eu pensei em declinar ao convite de Bruno. Mas pelo amor de Deus, que tipo de irmão eu seria ao recusar estar presente num dia tão importante em sua vida? Eu não podia fazer isso. Além do mais, depois de tanto tempo fora do meu país, eu sentia saudades de muitas coisas. Consegui conciliar a data com as minhas férias entre um filme e outro, por isso também havia demorado tanto para lhe dar uma resposta. Mas agora eu estava arrumando as minhas malas e no dia seguinte partiria rumo ao Brasil.

- Bom. Me certifiquei de entrar em contato com uma equipe de segurança para lhe dar suporte caso seja necessário. – ele disse, me ouvindo suspirar. – Não me olhe assim. Você pode não se achar a maior celebridade de Hollywood, mas você é conhecido no Brasil, ainda mais por ser natural de lá. Os fãs e os jornalistas irão te perseguir o quanto puderem. É apenas uma garantia de que você ficará bem e que aproveitará sua estadia por lá sem grandes alardes.

- Tudo bem, tudo bem. – me dei por vencido. Talvez ele tivesse razão. – Mas deixe que eu mesmo me entendo com eles e só os chamarei quando necessário e se necessário.

- Ok, a estrela é você. Você sabe o que é melhor. E já que você não precisa mais de mim, estou indo nessa. Qualquer coisa, me ligue. Tirarei férias de você, mas caso precise, sempre estarei de prontidão.

- Sei disso. Obrigado. – respondi, me despedindo dele.

Voltei a me concentrar na arrumação das malas, tentando não esquecer de nada. Encarei aquele pacote à minha frente e coloquei junto com as outras coisas. Eu nem sabia se eu o entregaria, mas de toda forma estaria levando comigo. Quando terminei de arrumar a mala, tomei um banho e preparei algo rápido para comer. Queria dormir cedo porque o dia seguinte seria intenso. Mas embora eu tentasse deixar minha mente livre de qualquer pensamento, eu não conseguia. Meus pensamentos acabavam voltando para ela. Agatha. Seu sorriso, seus lábios macios, meu mundo adolescente. A garota de dezessete anos que deixei para trás. O único arrependimento que já tive.

Como ela estaria? Eu não fazia ideia. Ela não era um assunto que eu discutia com meu irmão ou qualquer pessoa que conhecesse a nossa história. E sabia também que eu era assunto proibido para ela. Seria realmente uma surpresa reencontrá-la e eu não sabia o que sentiria no momento em que a visse outra vez. E foi tentando esquecê-la que acabei adormecendo.

No dia seguinte e após horas intermináveis de voo, eu estava no Brasil. Bruno e Yanna estavam no aeroporto para me recepcionar. Bom, eles e mais uma quantidade enorme de pessoas eufóricas. Eu realmente fiquei assustado. Minha ida ao Brasil nem tinha sido algo amplamente noticiado, mas de alguma forma eles sabiam e estavam ali. Eu tinha que admitir que a segurança foi necessária.

- Que loucura. – Yanna exclamou aos risos, enquanto entrávamos no carro de Bruno. – Já tinha visto uma multidão te perseguir quando o visitamos em Los Angeles, mas é engraçado ver a reação das pessoas aqui no Brasil.

- Nem eu esperava tanto. – respondi. – Mas é muito bom receber esse carinho. E é muito bom estar em casa.

- A mãe está ansiosa pra você chegar em casa. – Bruno falou, enquanto já dava partida no carro. – Embora só tenha alguns meses que ela tenha viajado pra visitar o bebê dela, ela já está morrendo de saudades. – ele provocou, mas eu somente ri.

- Eu estou com saudades dela também. E do nosso pai.

Durante todo caminho até em casa eu ouvia os relatos animados de minha cunhada sobre os preparativos do casamento. Yanna era maravilhosa. Tivemos pouco contato ao longo dos anos em que ela namorava o meu irmão, mas eu a adorava. Bruno e ela eram perfeitos juntos. E eu estava realmente feliz com o passo que estavam dando. Quando chegamos ao condomínio de casas no qual eu passei boa parte da minha vida, diversas lembranças vieram à minha mente. Ao avistar a meu antigo lar, foi impossível não espiar a casa ao lado.

- Ela não mora mais aqui. – Bruno disse logo atrás de mim. – Os pais dela se separaram. Ela foi embora com a mãe e o pai acabou vendendo a casa um tempo depois.

Fiquei surpreso com o que Bruno acabava de me contar. Eu não sabia disso. Deve ter sido tão difícil pra ela... imediatamente meu coração se apertou, imaginando o quanto mais eu teria deixado de saber sobre a vida dela. Meus olhos enfim se desviaram novamente para minha casa, agora tão diferente. Não era mais a mesma desde que eu havia ido embora. Sabia que meus pais a tinham reformado e ampliado.

- Vamos entrar? – falei, ajudando Bruno com minhas malas.

Fui recebido com festa, como eu imaginava. Era realmente muito bom estar em casa, rever as pessoas que eu tanto amava. Eu estava completamente cansado, mas nada disso me impediu de ter um jantar maravilhoso com minha família e ficar por dentro de tudo o que vinha acontecendo com eles nos últimos tempos. Eu precisava disso, agora eu sabia. Não poderia ter tomado decisão melhor do que vir para o casamento do meu irmão e passar as férias aqui.

- Está na hora de irmos. – Bruno avisou, despedindo-se de mim e de nossos pais. – Não esqueça que amanhã temos um jantar com nossos amigos.

- Claro. – respondi. – Não faltarei.

- Eu estou muito feliz que você tenha vindo. – meu irmão disse ao me abraçar.

- E eu estou feliz de estar aqui.

Depois de passar um tempo conversando mais um pouco com meus pais, resolvo descansar. Meu corpo precisava de uma cama. Cheguei ao meu quarto e quase me senti voltando no tempo. Diferente do restante da casa, ali tudo estava intacto. Exatamente igual à forma como eu o havia deixado. A minha mesa de estudos, minha estante repleta de livros e filmes e séries que eu nunca me cansava de assistir, a mesma cama, o mesmo quadro pendurado na parede com o mapa mundi marcando diversos locais que eu tinha vontade de conhecer e que hoje em dia eu já havia realizado, e as mesmas fotos.

Peguei nossa foto, a minha favorita. Nós dois juntos vendo o nascer do sol. Agatha brilhava, suas sardas em evidência. As pintinhas que eu adorava. Ela sorria para a foto enquanto eu a encarava admirado. Porque eu conseguia fazer apenas isso quando estava ao lado dela. Sentei na cama ainda com a foto em mãos. Cama essa que já tinha abrigado o corpo dela diversas vezes, e que tinha sido o lugar da nossa primeira vez. Era estranho pensar nela, e em tudo o que tínhamos vivido. Parecia ter sido em outra vida. E dez anos depois, eu estaria frente à frente com ela outra vez. Eu realmente não sabia que surpresas esse reencontro guardava, mas eu tinha certeza que isso me atingiria de alguma forma.

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Voltei rapidinho porque eu queria muito que vocês conhecessem um pouquinho do Rodrigo também haha me digam o que acharam. Amei os comentários de vocês, tô bem feliz! Obrigada sempre. E até o próximo capítulo 😘💛

Uma Chance Para O AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora