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No dia seguinte ao casamento, era hora de deixar a ilha para trás

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No dia seguinte ao casamento, era hora de deixar a ilha para trás. Pegamos uma lancha e depois de algum tempo, estávamos novamente no Rio. Ao saber que Agatha não tinha alguém para leva-la até em casa, aproveitei a oportunidade e ofereci para dividirmos um uber. Entreguei aos meus pais a pequena bagagem que havia levado para a ilha e em seguida entrei no carro com ela. E cá estava eu, tentando mais uma aproximação. Embora estivesse sendo uma tentativa um pouco falha, já que ela mal olhava em minha cara, enquanto o motorista me encarava a cada minuto pelo espelho, como se achasse que me conhecia de algum lugar e estivesse tentando me reconhecer. Meu boné e óculos escuros estavam dificultando um pouco pra ele. Chegamos ao seu prédio com pouquíssimas palavras trocadas, então resolvi sair do carro junto com ela para ao menos me despedir melhor.

- Rodrigo? É você? – eu e Agatha olhamos para trás ao mesmo tempo, vendo sua mãe ali.

- Enilda. – sorri ao vê-la, me aproximando para abraça-la e sendo acolhido em seus braços. Pelo menos alguém ali parecia ainda gostar um pouco de mim.

- Quanto tempo! É muito bom te ver. – ela disse ao finalizar nosso abraço. – Acabaram de chegar? Eu tinha ido fazer umas compras. – ela disse, nos mostrando suas sacolas. – Você gostaria de subir?

- Não mãe. – Agatha se adiantou. – Rodrigo tem outras coisas pra fazer.

- Na verdade, não tenho. – respondi, vendo o sorriso de Enilda e a expressão de ódio no rosto de Agatha. – Se não for incomodar, adoraria subir.

- Claro que não incomoda!

Acabei encerrando a corrida e subimos os três até o apartamento em que as duas moravam. O espaço em si era pequeno, mas o suficiente para duas pessoas. E eu podia enxerga-las em cada canto ali. Bom, pelo menos dos locais aos quais eu tive acesso. Agatha nos pediu licença para guardar as coisas no quarto e me deixou sozinho com sua mãe. Num primeiro momento eu não sabia o que dizer e quase me arrependi de ter aceitado o convite para subir, mas Enilda me deixou à vontade como sempre havia sido anos atrás e conversamos sobre minha vida e a sua sem momentos ruins ou constrangedores. Independentemente do que tivesse acontecido comigo e sua filha ou do que Agatha tenha dito sobre mim para ela, fui tratado com o mesmo carinho de sempre. Eu a adorava.

- Eu preciso sair. Combinei de sair pra almoçar com algumas amigas. – ela me avisou, levantando-se do sofá.

- Sendo assim eu também irei. – disse, ficando de pé também.

- Ah querido, não saia por minha causa. Fique, Agatha pode lhe fazer companhia.

Eu quase ri com seu comentário. A última coisa que Agatha iria querer era ficar em minha companhia. Mas por algum motivo, acabei concordando e permaneci ali. Nos despedimos e fiquei sozinho em seu apartamento. Me dirigi ao corredor, em busca do quarto de Agatha. Não foi difícil encontrar, já que era o único cômodo com a porta fechada. Bati e esperei seu consentimento para entrar. Quando me viu, ela quase pulou da cama. A risada veio amarga em meus lábios. Há dez anos atrás ela teria pulado e corrido em direção à mim, bem diferente de seu rosto assustado e raivoso de agora.

- Sua mãe foi almoçar com algumas amigas. – eu disse, enquanto aproveitava para analisar seu quarto. Quadros, livros, mesa repleta de canetas e papéis, tanta coisa relacionada à moda. Mais Agatha que isso, impossível. – Vejo que você fez da sua paixão uma profissão. – comentei, genuinamente feliz que ela trabalhasse com o que sempre gostara. Yanna acabara que contando sobre a faculdade de moda e os pequenos passos que Agatha ia dando na sua profissão ao longo do tempo. Ela sempre tinha sido ótima nisso. E pelo vestido deslumbrante de Yanna que eu descobrira que havia sido ela que desenhara, pude comprovar que seu talento só tinha crescido.

- Se ela saiu, você deveria ter ido embora também. – ela respondeu, ignorando meu comentário sobre seu trabalho.

- Você não mudou, não é? Continua mandona. – provoquei, às vezes era mais forte do que eu.

- Em Hollywood você também permanece em lugares que não é bem-vindo?

- Eu sou bastante querido por lá, isso não acontece. As matérias que saem sobre mim podem comprovar isso.

- Tanto faz. Nunca li nada a seu respeito. – ela está mentindo. Ela desvia os olhos para outra direção quando mente.

- Eu mereço isso. – respondi, deixando que ela achasse que eu acreditava nela.

- Não, você não merece nada de mim. – e lá vem o gênio difícil mais uma vez.

- Ainda bem que não quero nada. – por que sinto como se eu estivesse contando uma mentira?

- Por que ainda está aqui então?

- Eu queria poder fazer o que venho tentando há uns dias. Preciso me desculpar com você, explicar o que aconteceu... – suspiro.

- No passado. – ela completa minha fala.

Não é passado. Não para ela. E esse é o problema, não é? Quando se conhece alguém tão bem e durante tanto tempo, mesmo que esse tempo passe, você não deixa de conhece-la. Consegue ler sua linguagem corporal, seu tom de voz, não consegue escapar das consequências de seus atos.

- Você não me deve nada. Nem um pedido de desculpas. Não importa se tenha feito qualquer coisa. – seus olhos encaram os meus em desafio, lutando contra minha consciência cheia de culpa. – É tarde demais.

Assinto em sinal de compreensão. A decisão que tomei naquela época parecia tão simples, mas agora, enquanto olho para Agatha, tenho minhas dúvidas.

- Agatha...

- Já chega, Rodrigo.

Ela não vai facilitar isso pra mim, não é? Eu deveria desistir. Dar o fora daqui antes que tudo ficasse mais complicado, porque olhar pra ela e me lembrar do passado está mexendo comigo muito mais do que eu esperava. Porcaria de lembranças, estão fodendo com a minha cabeça. Mas eu não posso ir embora uma outra vez sem explicações e repetir a história. Eu não quero fazer isso com ela. Eu não posso. Não sou tão idiota assim.

Então suspiro e faço a única coisa que posso: tento fazer tudo direito. Cruzo o espaço entre nós e fico de joelhos em frente à ela na cama.  Ela ofega com nossa proximidade, mas não se afasta. Seu perfume me atinge, nossa história domina meus pensamentos, minha mente divaga por coisas que eu não deveria estar pensando. Nossa história, o que éramos um pro outro. Ela era capaz de completar as minhas frases. Ela me amou incondicionalmente. Me encorajou a correr atrás dos meus sonhos quando nem eu acreditava neles. Até que permiti que meus sonhos me consumissem e nos separasse. E a deixei. Nos deixei.

- Eu não vou ficar te pressionando, prometo. – finalmente digo, antes que aquele momento ficasse ainda mais estranho. – Quando você se sentir à vontade, podemos voltar a falar sobre isso de novo.

- Não vai ser preciso...

- Só pense, por favor. – pedi. – Vou estar aqui quando você resolver me ouvir. – fiz o máximo que pude para não me sentir mal com sua descrença em minha promessa.

Sei que fiz certo em correr atrás dos meus sonhos, mas o quanto fui egoísta em ir embora sem dar uma explicação ou um adeus? Idiota. Babaca. Sim, com certeza você foi, Rodrigo. E por isso eu mereço sua compreensível cautela, cada pedaço de sua ira e cada gota de sua mágoa.

Não esperei por uma concordância dela – até porque esta não viria de imediato – e me levantei, dando um beijo em seu rosto e saindo do apartamento. Agora não havia muito o que fazer. Teria que esperar por um avanço dela. Eu só esperava que ela me ouvisse em algum momento.

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Já voltei, nem deu tempo de vocês sentirem a minha falta! Hahaha

Obrigada por cada comentário lindo! Sério, vocês me matam de amor ❤

Espero que gostem! Até o próximo capítulo 😘😘

Uma Chance Para O AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora