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Acordo sobressaltado

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Acordo sobressaltado. O quarto está começando a ficar claro com os primeiros raios de sol da manhã. Meu braço está dormente, porque a cabeça de Agatha repousa sobre ele.

Agatha.

A garota que eu nunca esqueci. A mulher com quem comparei todas as outras. A única que sempre me perguntei como teria sido se eu tivesse feito diferente. Bem, agora você sabe Rodrigo. Mil vezes melhor que antes. Mas como saber disso ajuda com a situação? Não fazia ideia, mas que sexo incrível.

Me mexo na cama e me viro para poder olhar seu rosto e vê-la dormir. Observo seu rosto sereno e seus lábios carnudos. As sardas das quais eu costumava provoca-la bem ali ao alcance dos meus dedos. Tenho vontade de toca-las mais uma vez, como fiz durante a última noite. Como foi que isso aconteceu? E por que quero me inclinar em sua direção, provar esses lábios e fazer tudo de novo?

Porque é a Agatha.

Na noite da festa, assim como também na noite anterior, eu a beijei porque queria. Tive que beija-la. Na festa, não resisti em saber se ela beijava igual, se ainda tinha o mesmo sabor, se fazia aquele mesmo som que sempre me deixava louco. Ontem, foi necessidade de levar algo dela comigo, uma última lembrança. E acabamos indo além disso. E agora eu estou ferrado. Porque eu quero mais.

Queria marca-la de alguma forma. Possui-la da mesma forma que ela me possuiu desde o primeiro dia em que bati na porta de sua casa, disse que era um novo morador da casa ao lado e perguntei se ela queria sair para brincar comigo. Ela era toda doce, o corpo não tinha curvas e era inocente de todos os modos possíveis. Era assim que eu me lembrava dela. Agora Agatha ainda era doce, mas também mal humorada e sarcástica. E sua inocência era combinada com uma confiança inabalável. E aquelas retas se transformaram em lindas curvas. Curvas essas que neste momento estavam quentes contra o meu corpo e me imploravam para acaricia-las. Luto contra o desejo. Preciso pensar nas palavras que ela disse durante o sexo – sempre te quis – e como elas me fizeram sentir. Ainda me fazem sentir. Possessivo. Assustado. Aliviado. Vivo. Não se deve acreditar nas palavras ditas durante o sexo, você sabe que elas estão perdidas com o desejo. Mas, lá no fundo, sei que ela falou sério.

Ela se mexe em seu sono. Sua mão apoia-se sobre o meu coração. Sinto uma dor no peito que tento ignorar, porque se eu não fizer isso, vou ficar pensando a respeito e me perguntando o significado das coisas. Como vai ser quando ela acordar, arrumarmos as nossas coisas e voltarmos para nossos respectivos mundos? Voltaremos para a vida que levamos, sabendo que isso ainda está aqui entre nós? Tudo certo e nada resolvido? Cale a boca. Viva o momento.

Mas o momento não chegou. Porque Agatha abria os olhos naquele exato instante, e ao me ver ali e relembrar o que havia acontecido, ela correu para fora da cama, puxando o lençol com ela e me deixando sem nada para me cobrir.

- Meu Deus, Rodrigo. – ela fechou os olhos. – Isso só pode ser um pesadelo.

E a pontada que até então eu vinha sentindo e tentando ignorar, agora doía sem pena em todo meu coração. Por que eu achei que a reação dela no dia seguinte seria diferente dessa? Me levantei, buscando minhas roupas pelo chão.

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