Capítulo 13: Nada restou

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— Diminua a velocidade! — gritei para Carlo, quando percebi que estávamos chegando perto do portão.

O pânico tomava conta de mim e tudo que sabia era que estava em um carro pilotado por uma garota de 13 anos; fugindo da polícia, enquanto me passava por um homem que matei há pouco tempo. Carlo estava muito concentrada no caminho e seu pescoço esticava o máximo que podia, para não bater em nenhuma coluna do estacionamento. Ela dirigia muito bem, imaginei que fosse mais uma das coisas que aprendeu nos três anos que passou naquela floresta.

— Como vamos abrir o portão?! — perguntou, freando o carro e olhando friamente em meu rosto.

— Eu não sei... não consigo pensar em nada!

— Chegamos até aqui pra desistir? Anda Antony, pensa em algo! Você que está com esse jaleco!

Enquanto discutíamos sobre o que fazer, o rádio do carro chiou e logo alguém começou a falar:

— Olá, Doutor! Já está voltando para o Centro de pesquisas? tch...

Paralisado ao ouvir aquilo e sem saber com quem estava falando, olhei para Carlo com o rosto apavorado, e sendo pressionado com seus gestos, dizendo: "anda logo!", fui obrigado a responder.

— Sim... ah... com quem eu falo?

— Ora, mas como assim? — riu a voz. — Sou eu... Stephen! responsável por abrir e fechar este portão todos os dias para você.

Olhei para Carlo, perguntando em gestos o que falar.

— Ah, sim! Stephen! Eu estou um pouco apressado, então... pode abrir para mim, por favor? — falei em seguida, com a voz trêmula.

— Claro, Doutor — logo o portão se abre. — Mas se não se importa... o que houve com sua voz? tch...

Virei os olhos para Carlo, e com uma sincronia perfeita, não respondi à pergunta do homem, observando-a pisar fundo no acelerador e nos tirar de vez daquele lugar.

Havíamos fugido da prisão... o acelerar daquele carro gritava que estávamos livres... totalmente livres...

— Não acredito... nos saímos! — exclamou Carlo sorrindo ao volante, após dobrar a primeira esquina à direita.

— Sim! Estamos livres..., mas não sei por quanto tempo — respondi friamente.

— Não temos muito tempo. Para onde iremos? — perguntou ela, com medo, ao tirar os olhos da estrada.

— Talvez possamos ir na casa de uma velha amiga...

***

Minutos antes, na delegacia: sala geral de comunicação.

— Senhor! É terrível! Um prisioneiro acaba de fugir pelos portões principais! — gritava um policial, alvoroçado.

— Como assim? O que houve com a segurança deste lugar? — exclamou o chefe de investigação, Louis, levantando depressa da cadeira.

— Enviarei agora todas as unidades para fazerem buscas por toda cidade! — disse nervoso, o jovem policial.

— Como ele conseguiu passar pelo portão? — gritou Louis.

— É horrível, senhor... ele assassinou o doutor Mikhail com as próprias mãos durante uma sessão de estudos no laboratório...

— O quê?! Mikhail é o homem mais importante desse país! Isso não pode ser verdade!

— Eu não sei de nada, senhor — disse o policial com medo, ao ser levantado pela gola. — Equipes passaram a informação assim que entraram na sala e viram o corpo estirado no chão...

Dyspertism: A praga dos sentimentosOnde histórias criam vida. Descubra agora