Capítulo 15: É necessário que se finde

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Tentarei descrever. Prometo.

Não consigo respirar direito, mas irei tentar com todas as minhas forças pôr um fim neste livro. Preciso finalizar antes que eles cheguem até mim...

***

Alguns minutos atrás...

A noite estava fria e todos já estavam em seus lugares tentando dormir. Meu corpo estava exausto, tudo que conseguia fazer era pensar, pensar mais ainda e escrever. Me perguntei repetidas vezes o porquê de escrever este livro, e o que iria ganhar gastando todo o meu tempo nele. Obvio que as respostas não vieram e novamente fiquei preso em meus próprios pensamentos.

***

Estou tentando manter a calma e aceitar que tudo chegou ao fim em meus 17 anos. Confesso que não é simples. É muito difícil saber o momento de sua morte e isso te atormenta de um jeito aterrorizante. Estas são as minhas últimas páginas. Seja lá quem estiver lendo este livro... saiba quem foi Antony Chester Lincon. Lutei a minha vida inteira para parecer uma pessoa normal; alguém que tentou viver e esquecer das perdas que teve, e que sua vida não passa de uma mera folha, sendo levada ao vento. Todo o tempo que passei nessa cidade, sofri em viver uma vida sem sentido, e justo eu, tive que ser presenteado com uma doença desconhecida...

Eu não me reconheço mais. Minhas escolhas e atitudes foram influenciadas por seres que nem sequer existem e isso é demais para minha cabeça. Lauren, Seven, Wisdom... vocês irão morrer comigo agora, e nunca mais..., eu disse "nunca mais", se atrevam a invadirem a vida de outra pessoa nesse mundo.

Não me resta tempo. Já entendi que o fim é necessário... meu corpo já está completamente destruído por dentro e já não consigo usar a lógica. Lembrei das palavras do doutor Mikhail, escritas naquele papel em cima da mesa. "Não é o único caso, Dyspertism é real." Espero que ninguém tenha que passar pelo que passei, e desde já, peço desculpas a minha mãe por não ter sido o filho que ela gostaria, e ter acabado pondo um fim em sua vida.

Me despedindo com o pouco tempo que ainda tenho, descrevo minhas ultimas visões, e por favor Lannah, se você achar este livro, termine. Minhas palavras são muito falhas para seus últimos parágrafos e já não consigo raciocinar mais.

***

Alguns momentos atrás:

Minha cabeça estava fervendo e eu não conseguia dormir de jeito algum. Tudo de valor que eu tinha havia ido embora ou sido levado de mim. Eu estava completamente tenso ao pensar no que poderia acontecer a meus amigos, que estavam tentando me ajudar.

O lago à frente, refletia a luz da lua minguante que iluminava o céu daquele bairro silencioso. Todos estavam dormindo. Carlo, durona do jeito que é, dormiu sentada, insistindo em ficar de vigia. Era só eu e meu livro ali; até que surgindo das águas daquele lago, veio Lauren, caminhando em minha direção.

— Por que essa cara assustada, docinho?

Eu tentei responder, mas minha boca não se mexia e minha cabeça doía como nunca.

— Você sabe o porquê de eu estar aqui, não é? — perguntou ela, chegando junto a mim e agachando-se em uma posição provocadora, fugindo de sua imagem doce e inocente.

— O... que... você quer de mim? — consegui falar, com muito esforço.

— Eu já não sou a garotinha sorridente que lhe conquistou, não é? — insistiu ela, passando a língua em meu rosto.

— O que está fazendo?! — Permaneci imóvel.

— Apareçam — ordenou ela, com uma expressão de raiva.

Dyspertism: A praga dos sentimentosOnde histórias criam vida. Descubra agora