dream ↠ hyungwonho

three

"Talvez você esteja aqui porque precisa de paz." Essa frase ecoou na cabeça de Hoseok durante toda a manhã. Ele estava intrigado porque afinal, o quão incomum era sonhar duas seguidas com o mesmo local e a mesma pessoa, mesmo que essa pessoa seja uma desconhecida no mundo real? Hoseok não entendia o sentido, não entendia qual a peça que a sua mente queria pregar em si. Entretanto, o rosto do garoto pálido de cabelos castanhos não saia da sua mente por um segundo, os seus detalhes eram tão realistas e bem desenvolvidos pelo próprio cérebro que ele se parecia com alguém conhecido. Por esse motivo, tentou recordar-se de pessoas que ele havia conversado nos últimos anos, até mesmo atendentes de lojas ou supermercados, mas em nenhum momento chegava na conclusão de quem seria Chae Hyungwon.

Hoseok queria, e como queria, que os seus pensamentos fossem voltados apenas ao garoto alto e bonito dos seus sonhos, mas infelizmente Jang existia e ele estava indo de encontro a ele no meio do corredor e, consequentemente, no meio de um monte de estudantes fofoqueiros da universidade.

– Viadinho, eu só vou perguntar uma vez. – Ele dissera ao se aproximar de Hoseok. – Que porra é essa?

Jang praticamente esfregara um pedaço de papel na frente do rosto de Hoseok, o mesmo tinha escrito uma declaração amorosa em anônimo e, por mais incrível que pareça, o pobre masoquista que havia escrito era um garoto e não, não era Hoseok – estava longe de ser.

– Como eu poderia saber? – Ele perguntou em um tom cansado.

– Como você poderia não saber? – Jang retrucou. – Eu sabia que você era obcecado por mim, mas me fazer passar pela humilhação de receber isso logo cedo? Isso para mim já é demais.

Sim, humilhação. Quando você é um aluno universitário que é conhecido por comer todas as garotas que estudam consigo e também por "colocar o viadinho no lugar dele", receber uma declaração vindo de um ou, supostamente, vindo do que você rebaixa, é bastante humilhante e constrangedor, pelo menos na concepção dele. A sorte de Jang é que ele tinha a grande lástima de receber uma carta com palavras dóceis, imagina se no lugar disso fosse uma bomba? Talvez ele pensasse melhor nos próprios atos.

– Espera, eu obcecado por você? – Hoseok perguntou, quase incrédulo. – Sinceramente, Jang, eu pensei que já tivéssemos tido essa conversa antes.

Hoseok tentava manter o seu tom de voz o mais equilibrado o possível, tentava não demonstrar o medo que sentia interiormente e tentava, principalmente, mostrar toda a segurança que não havia dentro de si, assim pensava que o castigo por existir seria menor e que apanharia menos do que se mostrasse o garoto assustado que de fato era.

– Quem mais seria então? – Ele riu, irônico. – Você é o único chupador de pau dessa universidade e, por coincidência, eu sou como o tipo ideal de muita gente.

Além de cego, Jang também era egocêntrico, era quase impossível discutir com ignorante como esses.

– Desculpa Jang, para a sua lástima eu não tenho interesse algum em você.

Hoseok cometeu o pior erro da sua vida: rejeitar pela segunda vez um grande egocêntrico inseguro de si mesmo. O que ele ganhava com isso? Bom, a surra que ele tomou. Jang chamou a atenção do resto do corredor quando empurrou o outro para o chão com toda a sua força e deu um, dois, três chutes na lateral do seu corpo antes de se abaixar e fazer uma bola com aquela folha de papel.

– Teremos uma regra agora, caro admirador secreto. – O agressor se abaixou e encarou Hoseok de perto. – Eu farei monólogos a partir de agora. A sua voz me enjoou.