nine

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Foi quando Hoseok fora puxado para a realidade que ele se deu conta de que estava na enfermaria da Universidade. O ondulado suava frio e sentia o estômago revirar como se houvesse uma montanha-russa dentro de si. Suas mãos tremiam tanto que ele mal conseguia segurar o celular para saber que horas eram e quanto tempo ele estava deitado naquela maca dura, o aparelho se tornara até mesmo escorregadio como um sabão, graças ao suor presente no corpo.

- Você acordou, sr. Lee. - A enfermeira sorriu, simpática.

No entanto, ele não sorriu de volta e muito menos a respondeu.

- Você ficou inconsciente por bastante tempo, ficamos preocupados. - Ela insistiu em conversar. - Têm se alimentado? Seus exames estão ruins... você apresentou sintomas anêmicos.

Hoseok a fitava, distante o suficiente para processar as suas palavras, pois as de Hyungwon consumiam a sua mente desde o segundo em que acordara.

- Por sorte, o seu colega Choi Jang o encontrou e o trouxe para cá... Disse que você estava caído desacordado. Você brigou, sr. Lee?

As perguntas da enfermeira perturbavam o seu cérebro. O som dos aparelhos perturbava o seu cérebro. Hoseok sentia como se fosse enlouquecer dentro daquele cubículo branco que chamavam de sala.

- Eu preciso ir embora. - O ondulado finalmente se pronunciou.

- Você tem certeza? Não parece bem ainda...

- Eu vou embora. - Ele concluiu.

Hoseok se levantou, assinou de qualquer jeito a autorização para deixar a sala de enfermagem e se dirigiu com destino à saída daquele inferno que ele chamou por tanto tempo de "portas para o futuro". Claro que estava dolorido, as costas doíam como se tivesse sido triturado e no rosto haviam diversos cortes, todavia, nada que fosse novo para si.

Enquanto andava com a cabeça baixa, as pálpebras pesadas e a mente borbulhando, sentiu-se esbarrar em algo, ou, mais especificamente, em alguém.

- Viadinho, você tá vivo. - Jang riu. - Espero que você tenha aprendido a não me desafiar dessa vez.

Hoseok fechou os olhos e respirou fundo, não tinha tempo para o agressor dessa vez. Continuou andando com a cabeça baixa após desviar-se dele, como se ele sequer existisse.

- Cara, por que você não se mata logo? - Ele riu outra vez. - Sério, faz um favor para a sociedade e para de existir, assim você não infecta as pessoas de bem.

Em alguns dias, essa fora a primeira vez que alguém havia usado as palavras de uma forma que elas acertassem como farpas no peito de Hoseok. Não era a primeira vez que havia ouvido isso, a primeira foi dentro de casa quando ainda morava com os pais. Ouvir aquilo novamente o trazia flashbacks, culpa, dor de cabeça e um nó na garganta. De fato, Hoseok agora odiava ser o que era, odiava ter que carregar um fardo que jamais iria se livrar.

No final das contas, qual era o problema de amar? Era o que ele se perguntava. Qual era o problema de não ser como a maioria da sociedade era? Lee Hoseok estava, de fato, agredindo alguém quando demonstrava e assumia amar pessoas do mesmo sexo? Por que o odiavam tanto? A única pessoa que sofria nessa história era ele, e mesmo assim nem era porque era desse jeito.

Nem toda a caridade e trabalhos voluntários seriam o suficiente para a sociedade aceitar ele como alguém, como um ser humano. Tanto que ele já havia feito para as pessoas, para os animais, até para as plantas e tudo o que ele recebia de resposta a isso eram ameaças, ofensas, opressão. Ninguém via o caráter, personalidade e coração de Lee Hoseok, só o viam como a aberração que sentia atração por pessoas do mesmo sexo.

dream ↠ hyungwonhoOnde histórias criam vida. Descubra agora