Capítulo 1

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Laura chegava em sua casa depois de um dia difícil. Eram quase 7 horas da noite, com um céu azul escuro e poucas estrelas. Olhava rapidamente em jardins, casas e construções. Via pessoas conversando, crianças brincando; enquanto também via jovens saindo de suas casas e os idosos, deixados para trás, conversavam entre si. Olhou de novo. Viu que todos, todos exceto ela, tinham um par. Ou era amigo, ou era companheiro ou irmão, primo, pai, mãe...

Ela estava cansada disso. Parou de olhar e entrou em casa. Subiu as escadas, foi até seu quarto e sentou em sua cama. Foi um dia cansativo e puxado e não sabia mais o que fazer. Com a diferença de uma semana sua vida havia sido mudada completamente. Sua melhor amiga desapareceu e não havia um porquê. Ou uma resposta, uma pista ou um paradeiro. Pegou seu travesseiro e o abraçou.

Sua cabeça trabalhava a mil por hora. Laura sabia exatamente como sua amiga era, pensava que sabia tudo até ela inventar de fugir! Mas não, ela nunca iria fugir de sua casa. Por que? Por que tudo isso acontece, quando mais se precisa de uma amiga e não se tem uma? Abraçou seu travesseiro mais forte, procurando um tipo de apoio que não teria de uma coisa inanimada.

Logo, sentiu uma coisa dentro do travesseiro meio dura. No começo pensou que era nada, nem se importou. Mas percebeu que havia realmente alguma coisa quando se levantou e jogou o travesseiro na cama. Tinha um papel que estava saindo da fronha. Ficou perplexa. Pensou o que poderia ser, mas Laura não tinha paciência e foi bruscamente pegar o papel.

Parou, e lentamente, tirou uma carta do travesseiro. Examinou-a cuidadosamente, e no envelope tinha nada, apenas "Cuidado" escrito em uma caligrafia familiar. Percebeu que a caligrafia era de sua amiga. Animou-se e uma pequena faísca de alegria surgiu em seu peito. Finalmente teria respostas! Abriu desesperadamente a carta e começou a ler:

"Olá Laura. Me desculpe por tudo isso, mas quero que você vá para seu banheiro agora"

Ela ficou perplexa. Sua amiga desaparecida lhe manda uma carta, pede desculpas por alguma coisa que (ainda) não sabe e a manda ir ao banheiro! Ou ela estava louca ou Laura estava. Mas, do mesmo jeito, ela seguiu a sua ordem. Quando já estava no banheiro, continuou a ler a carta.

"Espero que você esteja no banheiro agora. É melhor para sua segurança. Continuando, quero lhe dizer uma coisa muito importante. Estou arriscando a minha vida para te contar isso. Então não se magoe, é para o seu bem.

Laura, você não é uma garota normal. Sua vida também não é. Você é um experimento de laboratório. Foi roubada de um orfanato quando era menor e te colocaram em uma redoma. O mundo real não é o que você vive.

Todas as pessoas que você conhece são falsas. São atores falsos fingindo ser seus pais, parentes, amigos e desconhecidos. Cada um tem um roteiro específico. Não podem ser rebeldes, ou falar uma linha sequer do roteiro errada, se não são mortos. Mas eu me candidatei para essa vaga. Não foi para ser falsa contigo, foi para te mostrar o mundo real.

Primeiramente, tenho algumas instruções para você. Tem que fingir que nada aconteceu, e depois queimar essa carta no beco entre a sorveteria e a loja de sapatos ás 21 horas. Lá é o único lugar sem câmeras da cidade.

Tenho que ir. Depois te mando outra carta."

Nesse momento Laura saiu de casa correndo. Hoje o jantar seria mais tarde.

A Grande FugaWhere stories live. Discover now