Registro 5

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Nada como um banho gelado às 5h da manhã! A água escorria pelo meu rosto e meus cabelos encaracolados pingavam. Peguei a toalha sem tirar o foco do meu discurso de despedida para o final dos testes. Muitos pensarão, "Nossa, ela se acha tão incrível que já está fazendo o discurso!".

Eu não diria que sou incrível, apenas tenho a necessidade de passar, nem que isso custe arrancar a pele dos meus ossos. Aliás, se você está lendo esse trecho, provavelmente eu passei ou escondi os meus registros em algum lugar seguro. Realmente espero que tenha sido a primeira opção.

Vestida e não mais sonolenta, peguei apenas um bloquinho e uma caneta e coloquei no fundo bolso do macacão. Estou começando a gostar dele, mesmo sendo meio mórbido. Pressionei o pequeno aparelho na parede para abrir a porta. Estou começando a gostar desse quarto.

O corredor estava vazio. Como paciência não é meu forte, fui à cafeteria sem esperar algum aviso. Poderia ficar sozinha, sentar onde quiser, comer em paz e sem barulho. O extenso corredor fazia uma curva e dava diretamente á porta. Entrei cautelosamente, tomara que não tenha ninguém. Para minha infelicidade e desprazer, havia alguém ali. O pior alguém que poderia existir: o garoto dos cabelos negros e desgrenhados, olhos verdes claros e um nariz insuportavelmente perfeito. Eu não suporto esse ser que, para meu azar, respira MEU oxigênio. Ele reparou minha presença e me convidou com um aceno para me sentar próxima. Estranhando o ato, sentei-me à frente dele.

- Acordada tão cedo, princesinha? Já sei, a cama não era confortável suficiente para sua coluna nobre, certo? Ou não haviam servos para afofar seus travesseiros?

- Por favor, não me amole a paciência. Para o seu governo, dormi como um anjo, mas sou acostumada a acordar cedo. E tenho nome, sabia? - devolvi rapidamente.

- Todos sabem o seu nome graças ao seu namorado playboy. - mostrei a língua à menção do tal "Joseph" - Aliás, fiz uma pesquisa sobre você. Não tem nenhum tipo de rede social, participou de dois concertos prestigiados com o violino, filha do maior cientista que há, mãe socialite, irmão falecido. Sinto muito por esse último...

- Primeiro, ele não é meu namorado e eu não aprovo a exposição que ele me sujeitou. Segundo, quem você pensa que é pra me stalkear assim? Onde conseguiu tais informações? E terceiro, vai pro inferno! - perdi-me em raiva.

Ele não tinha o direito de saber essas informações. Meu corpo queimava com a adrenalina. Levantei-me para pegar alguma fruta e voltar para meu quarto, mas ele agarrou meu punho.

- Hey, calma! Eu entendo de computadores e fiz uma pesquisa a fundo para conhecer minha concorrente. Consegui um histórico escolar e algumas prescrições médicas que te recomendavam e os registros do respectivo psicólogo. RG, documentos básicos e vídeos do computador do seu pai, o resto foi na Wikipédia. - ele concluiu com um sorriso convencido, como se tivesse falado como fazer uma equação de segundo grau.

- Você invadiu o computador do meu pai!

- E você canta.

- Não... Você não fez isso! - ele sabia do que eu estava falando. Argh, esse sorriso amargo!

- Seu computador estava tão disposto para ser invadido que tomei isso como um convite. Você precisa de atualizações de segurança...

Retirei-me incrédula. Minha fome já tinha se transformado em raiva. Ele passara de todos os limites! Dessa vez ele não me impediu, mas percebi que ele me seguiu até a porta do quarto. Entrei no quarto e esperei ele se manifestar, mas nada, apenas seu olhar sobre meus olhos. O encarei de volta:

- O que você quer agora? Quer invadir meu quarto também?

- Não, eu só queria me desculpar por invadir sua privacidade... não estou acostumado com esse tipo de reação. - Ele ia entrando no quarto aos poucos, parecendo realmente arrependido.

- Por que será? Porque você não conta às vítimas, seu imbecil! - Empurrei-o de leve, mesmo sendo uns 10cm mais baixa. Fui me afastando da porta, querendo fechá-la. Aff, não há garoto mais cínico que... Naquele momento percebi que não sabia seu nome - A propósito, qual é o seu nome, stalker?

- Você está certa no fato de eu não contar essas minhas habilidades, mas mesmo assim quero pedir desculpa. Começamos mal, que tal recomeçarmos, sem preconceitos ou julgamentos antecipados? - Ok, agora realmente ele estava arrependido. E esses olhos tristes são tão intensos... Ainda não o desculpei - Se você quiser posso fazer um sistema de segurança no seu computador. Nem eu, nem mais ninguém entrará lá. A propósito, meu nome é Jack. Jackson. - Naquela hora ele já estava por inteiro dentro do quarto, estendendo a mão, como cumprimento. Todas as luzes se apagaram e a porta se fechou.


N/A pedimos desculpas pela demora... mas voltamos! estamos trabalhando para postar com mais constância. espero que tenham gostado

#jacklyn ou #joklyn?

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_ beatrice allaway

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⏰ Última atualização: May 06, 2019 ⏰

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