Pov - Amanda
Manuela: isso foi uma péssima ideia - cruza os braços e me olha irritada.
Amanda: e você queria que eu fizesse o que? - arqueio uma sobrancelha.
Manuela: ficasse de repouso como o médico mandou - revira os olhos como se isso fosse óbvio.
Amanda: isso foi a duas semanas - ela da de ombros - eu preciso fazer isso - volta a me olhar - preciso que isso termine.
Ela suspira fundo e assente com a cabeça.
Volto a encarar a porta fechada. Respiro fundo mais uma vez e toco a campainha.
Jamais em toda a minha vida imaginei que entraria em uma clínica psiquiátrica.
Desde que soube que Megan foi internada aqui pela família, senti um desejo imenso de vir visitá-la.
Pode parecer loucura, talvez, mas eu precisava fazer isso, por mim e por ela.
Se quero ser feliz com Mattew, preciso deixar que o passado fique para trás, e é por isso que eu estou aqui sem que ele saiba.
Isso é algo meu.
A recepcionista nos atende e aguardo em uma sala separada até que tragam Megan.
Manuela: ainda acho que isso é uma péssima ideia - resmunga desconfortável.
Amanda: pode ficar lá fora se quiser - revira os olhos e eu sorrio.
Em possibilidade alguma Manu me deixaria aqui sozinha.
Respiro fundo novamente e seco o suor de minhas mãos nas laterais da minha calça. Preciso fazer isso. Ela precisa disso.
Manu se senta e logo em seguida escuto a porta se abrir.
O que vejo faz meu coração se entristecer e resisto a vontade de chorar.
Megan atravessa a porta e logo o seu olhar encontra o meu. Seu rosto completamente abatido, e seu olhar entristecido e quase sem nenhuma felicidade.
Seu corpo, assim como o seu rosto um pouco mais magro, como se não comesse a dias.
Os cabelos que eram antes tão bem cuidados, agora preso em um coque mal feito e sem vida.
Tristeza é tudo o que sou capaz de identificar nela.
Não se parece mais com aquela Megan que me enfrentou e me sequestrou.
Agora se parece mais com alguém que se perdeu e que não sabe como encontrar seu caminho.
Quando ficamos frente e frente ela abaixa a cabeça, mas a ergue lentamente como se estivesse em uma luta interna.
A enfermeira deixa a sala com a porta aberta e meu olhar volta para Megan.
Megan: me desculpe - pede com a voz fraca e falhada.
Logo depois vejo uma lágrima solitária descer por seu rosto e não resisto ao impulso de abraça-la.
Faço isso e uns segundos depois ela faz o mesmo. Escuto sua respiração pesada e logo depois sinto meu ombro molhado
Tento ser forte, mas não consigo mais segurar as minhas.
Amanda: eu perdoo você - sussurro e ela me aperta ainda mais, como se tivesse medo de eu estar mentindo - eu perdoo você - repito e essa é a deixa para que ela se entregue completamente a dor.
Não sei ao certo por quanto tempo ficamos assim, abraçadas. Mas tenho certeza de que algo mudou.
Nos afastamos e ela volta a abaixar a cabeça, limpando o rosto com as costas das mãos.
Olho para Manu e vejo que sente o mesmo que eu.
Megan: eu.. - engole em seco - eu... nem sei o que dizer - suspira pesadamente ainda encarando os próprios pés - me desculpe - me olha os os olhos vermelhos - não faço ideia do porque fiz aquilo - funga - na verdade sei um pouco. Inveja, rancor, e você tinha razão - fico confusa - eu precisava de ajuda.
Amanda: senta - peço e faço o mesmo.
Megan: não tive uma boa infância, mal via meus pais e fui criada basicamente por várias babás, muitas bem rigorosas eu diria - se encosta na cadeira e encara o teto - cresci revoltada com tudo, muitas coisas que eu fiz eu nem me lembrava, e então chegou o maldito ensino médio, um teste de sobrevivência para os adolescentes, só tive duas escolhas , me tornar aquela que tinha poder e respeito, ou ser aquela que era pisada pelos demais. Nem todas as escolas são assim, vocês não devem ter passado por isso - nos encara e eu nego.
Amanda: eu era a nerd que sentava na primeira fileira - Megan ri como se já soubesse.
Manuela: eu era a da turma do fundo, mas graças a Deus isso é passado - revira os olhos fazendo Megan sorri - se pudéssemos voltar no tempo - passa os dedos pelas têmporas.
Megan: mas infelizmente não podemos - da de ombros - acho que já sabem qual foi minha escolha - assinto e ela continua - então conheci Mattew - ela revira os olhos e não consigo evitar rir - aquele belo clichê - suspira - mas nossos sentimentos eram completamente diferentes e então a gravidez - seu olhar se entristece - eu menti, magoei tantas pessoas que não mereciam, apenas para que eu pudesse me sentir um pouco melhor, mas logo esse sentimento passava e eu me via na necessidade de fazer de novo e de novo - meus olhos marejam.
Manuela: a culpa não foi sua, você precisava de ajuda - ela assente e funga.
Megan: e só encontrei depois que quase matei - me olha e sinto meu coração doer.
Ela não merece carregar essa culpa.
Ela não merece carregar esse fardo.
Amanda: está tudo bem agora - ela me olha um pouco descrente - eu estou bem, ninguém se machucou, e você encontrou a ajuda que precisava, tudo está em seu devido lugar - ela volta a chorar - Deus sabe o que faz - me levanto e ela faz o mesmo.
Megan: obrigada - sorri entre as lágrimas e me abraça.
Estamos livres.
>> Continua <<
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Amores da minha vida não imaginam o quanto foi corrido esses dias.
Um mês sem postar nada, me deu até uma dor no coração imaginar vocês querendo saber o que acontecia...
Peço perdão novamente
E espero que tenham gostado desse capítulo.
Livro na reta final, obrigada por estarem me acompanhando, e obrigada pelas mensagens, principalmente aquelas me cobrando capítulos kkkkk
Saibam que amo muito vocês....
Bjs da Coffee
;)
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Uma Babá de Outro Mundo
EspiritualPrimeiro livro da série: de Outro Mundo. Amanda nunca foi uma jovem "normal", sempre divertida e espontânea, amada por todos. Com apenas vinte anos, se vê perdida ao saber da doença de sua mãe, tendo assim que trabalhar para ajuda-la com os tra...