Silêncio

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Presente:

Marinette terminou de almoçar e subiu as escadas, indo para o quarto. Mais uma vez, encarou as paredes que, ao invés de estarem repletas de fotos de um certo modelo, estavam com algumas fotografias dela com Alya e suas amigas da escola. Depois de tirar as imagens de Adrien dali, a azulada achou que o quarto tinha ficado muito vazio e, para preencher aquele espaço que sempre a lembraria da falta dele, a menina colocou outras fotos no lugar, o que tinha adiantado por um tempo. Mas, naquela tarde nublada, muito semelhante àquela vivida há dois meses e que tinha marcado uma nova fase em sua vida, foi inevitável não lembrar-se do protagonista daquela história.

A azulada começou a organizar o quarto, na tentativa de afastar aqueles pensamentos que sempre lhe causavam um certo arrependimento e a queda de algumas lágrimas. Mas, assim que terminou de arrumar o local, deitou na cama e, encarando o teto, começou a viver, mais uma vez, os acontecimentos e emoções daquele dia.

***

Há dois meses:

Após aquela luta silenciosa e sem sincronia, o que a garota mais queria era se afastar do loiro, embora quisesse saber se ele tinha lido a carta que ela havia deixado no chão do quarto. Era muito estranho encarar seu parceiro sabendo quem ele era por trás da máscara. E lutar ao lado dele era mais complicado ainda. Quando o vilão atacava Chat Noir, a menina ficava muito nervosa, não queria que Adrien se machucasse e, com a distração,  a garota acabava sendo atacada pelo akumatizado.

Pensando nisso tudo e ignorando seu desejo de falar com ele por medo do que aconteceria, Marinette jogou seu ioiô em um poste qualquer e estava se preparando para sair quando Chat a impediu.

— Tenho que falar com você. — Disse ele e a garota estremeceu. Sabia exatamente sobre o que iria falar. Aquilo praticamente confirmava que ele tinha lido o poema.

O loiro apontou com a cabeça para um prédio, indicando que deveriam ir lá e ela o seguiu. Chegando ao telhado, os dois ouviram um apito do miraculous da azulada e o gato percebeu que ela parecia indecisa. Ladybug começou a olhar para os lados, como se procurasse um local para se esconder. Ela tinha consciência de que não precisava mais fazer isso, já que ambos sabiam quem eram por trás das máscaras, mas sentiu que ainda não estava pronta para desfazer sua transformação na frente do garoto. Percebendo que a menina estava preocupada, Chat Noir, que não aguentava mais aquela situação, resolveu quebrar o silêncio.

— Não precisa ficar assim. Como você mesma escreveu, "finalmente os segredos acabaram", não é? — Ele falou em um tom irônico, fazendo a azulada pensar que seu poema tinha deixado o garoto com raiva. Ladybug pensou em responder e, ao ouvir mais um apito dos brincos, desejou sair dali, mas permaneceu em silêncio. Se ele tivesse dito algo assim há alguns dias, ela com certeza teria respondido. Mas, agora que sabia quem era seu parceiro por trás da máscara, preferiu não dizer nada.

Ela caminhou na direção da beirada do prédio e observou a paisagem parisiense até escutar o último aviso de seus miraculous. Olhou para o ioiô, percebendo que ainda dava tempo de fugir, mas, antes que fizesse qualquer coisa, Chat Noir se aproximou e segurou suas duas mãos de modo que ficasse de frente para ele.

— Sinto muito, eu… — Ele deixou a frase morrer quando seus olhos se encontraram e a azulada sentiu um arrepio ao ouvir o último apito de seus brincos. — Plagg, esconder garras. — Ela escutou o parceiro dizer e, antes que pudesse ver Adrien, sua transformação se desfez.

Marinette não conseguiu conter uma lágrima assim que encarou seu amado. Como tinha deixado isso acontecer? Era para as identidades serem secretas. O próprio Chat havia dito isso no dia em que ela colocou os dois poemas no armário de seu amado na escola.

Depois Daquele AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora