Adrien observava a azulada de longe, receoso. Quer dizer, eles podiam até ter conversado um pouco ultimamente, mas nunca haviam falado sobre o dia em que se beijaram em um telhado e muito menos comentado sobre os poemas, e era sobre isso que desejava falar. Além disso, ele estava achando muito estranho o fato de a garota estar com trajes de Ladybug se não havia nenhum akuma e ninguém para salvar, pois ela mesma tinha dito que não gostava de abusar dos poderes. Então o que será que estava fazendo ali?
Ainda com medo da reação dela para sua aparição repentina, ele se aproximou. Mas, para a felicidade do loiro, Marinette continuou ali depois de notar sua presença. A garota mostrou-se surpresa ao vê-lo, mas não perguntou como ele a encontrou ou se finalmente Gabriel tinha deixado o filho voltar à sua vida normal, permanecendo o olhar nos objetos que segurava. Quando Adrien notou a rosa e o cartão nas mãos da azulada, que ele imaginou ser uma carta, ficou surpreso. "Parece que ela teve a mesma ideia que eu", pensou, encarando o papel que segurava, resultado da ideia que teve há alguns dias.
O loiro sentou-se ao lado dela hesitante, mas Ladybug permaneceu o olhar na paisagem parisiense, lembrando de como havia chegado ali.
Desde que ouvira o conselho de Alya, Marinette não conseguia parar de pensar no que poderia fazer para voltar a conversar normalmente com Adrien. E, embora tenham trocado algumas mensagens e até mesmo algumas palavras durante as últimas batalhas, ela sabia que aquilo não era suficiente. Nunca tinham falado sobre seus sentimentos e a menina tinha certeza de que aquele silêncio que os envolvia só seria resolvido se conversassem sobre o que o causou: os poemas.
Depois de relembrar, mais uma vez, o dia em que colocou as cartas no armário dele e notar que tudo mudou depois disso, ela percebeu que seu pensamento durante aqueles dois meses estava errado. Não foi apenas por causa daquelas cartas que tudo ficou diferente, foi por ela mesma. Poderia ter dito algo depois de entregar os poemas para o loiro, poderia ter conversado sobre seus sentimentos sem medo de rejeição, poderia ter libertado aquelas palavras guardadas no dia em que se beijaram em um telhado, mas não o fez, preferindo guardar tudo para si. Foi então que percebeu que o que a atormentou naquelas semanas distante de seu amado não foi apenas a ausência dele, mas tudo aquilo que estava guardado durante todo aquele tempo: palavras, lágrimas e sentimentos. Coisas fortes demais para serem contidas.
E então, naquela tarde em seu seu quarto, olhando para os rascunhos dos poemas que entregou para o modelo, ela finalmente descobriu o que poderia fazer para acabar com aquela distância entre eles. "Preciso resolver essa situação enfrentando o meu medo de conversar com ele, o que gerou tudo isso", pensou, notando que, se simplesmente tivesse falado sobre o que sentia, o loiro não teria pensado que ela descobriu sua identidade secreta e, certamente, as coisas teriam sido diferentes.
Porém, ao encarar um cartão em branco sobre a mesa e todos aqueles rascunhos dos versos que enviou para seu amado, ela não resistiu e acabou quebrando a promessa que tinha feito para si mesma há semanas de não escrever mais poemas. Dessa vez, a garota nem precisou de uma folha de caderno para lhe servir de rascunho. Escreveu diretamente no cartão tudo o que gostaria de dizer para o modelo. E era como se aquelas palavras estivessem postas em ordem em sua mente há meses, como se tudo aquilo que guardou durante tanto tempo finalmente se libertasse. E, facilmente, a caneta deslizava sobre o papel, transformando todos aqueles sentimentos contidos em um poema.
Ao encarar a janela do quarto, não hesitou em dizer as palavras que a transformavam em Ladybug. E, saltando pelos telhados, sentiu o frio envolver seu corpo, porém percebeu que este não vinha da noite parisiense, mas de dentro de si. Quando finalmente conseguiu enxergar a mansão dos Agrestes, a garota parou subitamente, deixando aquele frio congelar seu corpo. A indecisão a atingiu de forma repentina, paralisando seus sentidos. Toda aquela certeza que tinha quando saiu de casa desapareceu, deixando-a novamente perdida em seus devaneios. A azulada permitiu que a vontade de permanecer naquele local a dominasse e olhou para a rosa encontrada no caminho e que a fez pensar em Adrien. Perdendo-se em suas recordações e incertezas, só voltou à realidade quando sentiu o toque do loiro em sua mão.
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Depois Daquele Amor
Fanfiction(Terceiro livro da trilogia) Marinette e Adrien desistem de lutar contra as recordações que os atormentam e, ao se renderem a elas, percebem que precisam urgentemente descobrir uma forma que os faça acabar de uma vez por todas com a distância que ex...