Aquele em que Philip descobre

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Música: Robbie - Alexander Sage Oyen
Musical: Hamilton
Sinopse: Onde Philip Hamilton conta tudo que sabe sobre John Laurens.
Obs: muita coisa da história original (datas principalmente) foram mudadas para se encaixar melhor na música. Encarem isso como licença poética.

~ • ~

  John Laurens era um homem corajoso.

  Não posso afirmar com certeza, nunca o conheci, mas meu pai dizia que ele era então acho que acredito nele.

  Algumas coisas dele ficaram na minha casa. Roupas antigas do exército, cartas e coisas assim. Meu pai nunca tocava em nada, mas também não deixava que tirassem de lá.

  Só fui descobrir da existência dessas coisas quando tinha uns nove anos. Eu estava entediado e curioso sobre a parte da minha casa que meus pais me proibiam de entrar.

  Eu não sei exatamente o que eu esperava encontrar. Talvez algo mais emocionante que caixas e poeira.

  Mesmo que tralhas empoeiradas não fossem o que o pequeno Philip queria, meu eu de nove anos começou a procurar algo que pudesse ser divertido.

  Acabei achando roupas de soldado, provavelmente da época que meu pai havia lutado na guerra. Ele sempre falava com orgulho de como lutou pelo seu país. De como tinha conquistado a independência.

  Parte de mim sonhava em fazer a mesma coisa, em poder participar de aventuras tão incríveis quanto as que meu pai narrava.

  A caixa também tinha cartas, livros e desenhos, mas tudo que eu via era o uniforme de soldado. Peguei e coloquei na hora, prendendo o cabelo e tentando o máximo possível ficar parecido com um soldado americano.

  Eu estava uma bagunça, é claro. As roupas estavam folgadas demais, duas vezes meu tamanho. Em minha defesa, eu tinha nove anos.

  Corri para cima, animado para mostrar aos meus pais minha roupa de soldado. Encontrei meu pai no escritório, trabalhando. As regras de casa envolviam não entrar correndo no escritório de seu pai, mas eu era bom em ignorar regras.

  — Pops, olha, olha!

  — Philip, calma, não precisa... — A voz de meu pai sumiu quando ele notou o que eu estava vestindo. — O que..

  — Eu sou um soldado, papai, como o senhor!

  Meu pai deixou os papéis que seguravam caírem no chão. Ele olhava para mim do mesmo jeito que olharia para um fantasma. Seu rosto ficou pálido, olhos arregalados e boca entreaberta.

  — Pai? Está tudo bem?

  Meu pai engoliu em seco, deu um sorriso forçado e me abraçou com força.

  — Claro, filho. Você pode guardar essas coisas de volta, por favor? — Ele se afastou e eu notei que seus olhos estavam marejados. — Eu... Eu tenho que voltar a trabalhar, nós conversaremos depois.

  Eu saí do escritório, dessa vez nem um pouco animado. Minha mãe me parou nos corredores, antes que eu chegasse ao porão.

  — Philip, o que você está vestindo?

  Não precisei responder. Ela me olhou de cima a baixo, depois soltou um suspiro. Eu não fazia ideia de como interpretar a expressão dela naquele momento, decidi por decepção.

  — Mamãe, eu fiz algo errado? Papai ficou triste que eu mexi nas coisas dele...

  Minha mãe, Eliza, agachou-se para ficar na mesma altura que eu. Ela me lançou um olhar que geralmente vinha acompanhado de "você é muito novo para entender isso, Philip".

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