O CLICHÊ DE 'O AMOR AOS PRIMEIROS ANOS 90'

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GLOSSÁRIO

Aigoo: expressão usada para demonstrar desapontamento.

Uwa: "uau".

Wae: "por quê?".

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Busan, Coréia do Sul

Antes

        Baek Hyun foi levado para fora do vagão de metrô por uma atípica multidão alvoroçada e escandalosa, carregado por aquela correnteza humana. Quase tropeçou no vão entre a plataforma e locomotiva, ao mesmo tempo em que era espremido pela desorganizada centralização de pessoas. Era estranho, depois de algum tempo, voltar a se unir àquele formigueiro de gente.

        Ele subiu o lance de escadas e fugiu da estação movimentada. Aspirou o leve mormaço de fim de tarde; tinha aroma de comida de barraquinha e fragrâncias homogêneas. Abanou o rosto com um folheto de comida japonesa que havia ganho no vagão, mas o gesto não afastou o calor sufocante de sua estufa invisível. Resignado, continuou caminhando.

        Baek Hyun subiu o pavimento de uma calçada sinuosa que se infiltrava numa rua estreitamente torta, similar ao declínio da concha de um caracol, onde as casas contíguas pareciam se espremerem e disputarem um pouco do espaço restante do meio-fio. Ele contemplou o design adorável das casas enquanto andava. As residências de arquitetura pós-modernista, de dois ou mais andares, pareciam querer engolir a rua, assomando o pavimento como monstros bonitinhos e inofensivos. No topo da rua havia uma árvore de folhas pequenas e rosadas, que miraculosamente conseguiu brotar no meio da paisagem asfaltada, adornando a rua estreita e encaracolada. Há tempos que Baek Hyun não usava o metrô para contornar aquela área da cidade e jurava que a mesma nem sempre fora assim, quando ainda estudava na High School.

        Ele atravessou a rua e dobrou uma esquina, ladeando por uma casa cor de rosa de dois andares. Tinha chegado no centro de comércio mais populoso na cidade, que, por sinal, estava apinhado de gente andando para todos os lados. Vários equipamentos de som, astutamente escondidos em alguma base nas fachadas das lojas, jorravam propagandas e músicas festivas contra o centro urbanizado, na tentativa de garantir uma ou outra comissão. As calçadas e fachadas estavam lotadas, Bae Hyun mal conseguia ver a entrada das ruas, sobretudo a que levaria ao bairro de sua casa.

        Talvez optar por uma rota alternativa não tenha sido uma ótima ideia. Ele teria um confronto com toda aquela gente.

        Baek Hyun apertou a alça da mochila na mão, como um tipo singular de ritual para se preparar para ser engolido pela massa de pessoas. E então, apenas cinco passos depois de sua determinada decisão de seguir adiante, uma chuva nem um pouco prevista começou a desabar sobre sua cabeça, arruinando o dia de compras daquelas pessoas e o seu, também. Baek Hyun correu para escapar da chuva gelada e agressiva, e ocorreu de entrar na primeira loja que encontrou. Esqueceu-se apenas de ler a placa de aviso pendurada do outro lado do vidro da porta.

        Ele fechou a porta às pressas e escorou a testa no vidro condensado, grato por ter sido rápido o suficiente para escapar parcialmente da chuva. Dali, ele observou a euforia das pessoas do outro lado, correndo destrambelhadas para se protegerem, encolhendo-se e entrando em qualquer porta que estivesse aberta, tal como o descuidado Byun. A via de comércio rapidamente ficou vazia e nada além da chuva instaurava algum tipo de som no asfalto.

        Baek Hyun suspirou de alívio.

— Está fechado. Não leu a placa na porta? — Uma voz masculina de conotação nada amigável irrompeu atrás dele, num canto afastado.

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