INABILIDADE SENTIMENTAL

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GLOSSÁRIO

Mak-pa: é uma gíria coreana para a junção do makkeoli (vinho de arroz) com o pajeon (panqueca). Em dias de chuva, os coreanos, muitas vezes, comem essa combinação de alimentos clássicos.

Jeotgarak: palitinhos usados para comer. Equivalem aos hashis japoneses, mas diferente dos hashis, os jeotgarak são feitos de um material parecido com o metal.

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Busan, Coréia do Sul

Ainda

        Kyung Soo ficou surpreso. Não esperava que reencontrasse Baek Hyun tão subitamente e em um momento tão "propício". Mesmo que tivesse sido o mais indiferente possível com ele, Baek Hyun continuava vindo, engolindo uma parcela de tudo aquilo que Kyung Soo sabia que o machucava. Ele continuava renascendo do modo desordenado como as coisas fluíam e parecia se acomodar naquele meio a cada novo reencontro.

        No entanto, aquela vez era diferente. Kyung Soo era o digno de pena desta vez, olhando as coisas por outro ponto de vista e, ainda assim, Baek Hyun continuava vislumbrando-o com aqueles olhos tão vívidos e ternos. Talvez não tão esperançosos, porque Baek Hyun sentia medo. E o seu medo disputava lugar com sua própria harmonia. Kyung Soo via isso nos seus olhos e no modo como ele demorou a reagir.

        Era nisso que Kyung Soo o tinha transformado, com sua imperícia de controlar os sentimentos, estava infectando Baek Hyun com seu veneno. Aquele foi pior choque de realidade pelo qual passara.

        No carro, enquanto Baek Hyun dirigia para algum lugar que Kyung Soo pouco se importava qual fosse, o silêncio era uma penitência soturna, afora a chuva violenta e incessante. Quando o carro estacionou na frente da casa de Kyung Soo, não foi uma surpresa. Baek Hyun tinha um coração justo, logo, a casa de Kyung Soo seria muito melhor do que seu apartamento. E, por um mísero segundo, Kyung Soo se sentiu triste. Um infame imperdoável.

      Baek Hyun enfrentou problemas para ajudar Kyung Soo a entrar em casa no meio da tempestade. Ele mancava e seus membros eram castigados por uma dor ferrenha por cada golpe que recebeu. Mas se queixar era uma dádiva que não poderia se permitir — provavelmente encontrava-se muito melhor do que o ladrão que tentara roubar sua loja. Quando passaram pela porta, o silêncio se instalou na casa. No corredor, enquanto caminhavam, Baek Hyun ia acendendo as luzes com a mão livre, iluminando o caminho. Os dois subiram os degraus do andar seguinte com esforço, e alguma coisa na barriga de Kyung Soo sofria espasmos e o fustigava a cada movimento.

        Kyung Soo empurrou a porta do quarto e acendeu a luz, um cômodo cheio de telas e cavaletes se relevou para Baek Hyun. Kyung Soo agradeceu intimamente por ter guardado a pintura de Baek Hyun num canto do guarda-roupa. Caminharam aos tropeços até a cama e Kyung Soo se soltou do braço de Baek Hyun, caindo no colchão. Ele guinchou de dor quando se sentou, sentindo a coisa toda se contorcer até o fígado. Seu rosto também era um caso a se tratar; sentia gosto de ferro na ferida interna da boca.

        — Onde tem uma maleta de primeiros-socorros? — Foi a primeira coisa que Baek Hyun falou naquela noite.

        Kyung Soo indicou com a cabeça o banheiro do outro lado do quarto e Baek Hyun correu até lá. Dessa vez não tinha risco de cair, estava usando sapatos. Kyung Soo começando a suspeitar que se importava mais com uma simples queda de Baek Hyun do que com seus próprios ferimentos. Cabelos Laranja ressurgiu com a maleta de primeiros-socorros e deixou-a na beira da cama.

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