FASE FINAL

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GLOSSÁRIO

Aish: expressão usada para demonstrar descontentamento.

Hyung: é usado por homens ou garotos para se referir a pessoas do mesmo sexo que sejam mais velhos que eles.

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Busan, Coréia do Sul

Antes

        Kyung Soo pôs a xícara de chá na mesa da cozinha e sentou-se na cadeira, na ponta da mesa. Seung Soo precisou esperar para que a porcelana da xícara não lhe queimasse os dedos, observando a cor âmbar do chá e o vapor aromático pairando pela cozinha. Adorava a companhia do irmão mais novo perante o pouco convívio que tinham.

        Como nascido o primogênito da família, Do Seung Soo acompanhou o amadurecimento prematuro do seu irmão e o admirava por isso. Sabia o quão difícil sua vida tinha sido até poucos anos atrás, e vê-lo reerguido e com expressões tão suaves era um alívio e tanto. Estava feliz por ter sabido que Kyung Soo estava em um relacionamento e que seu companheiro lhe passava confiança.

        Seung Soo estava feliz, de verdade.

        — Você parece bem. Quer dizer, está fumando menos — ele observou, cauteloso como se estivesse em um campo minado. E conhecendo bem o irmão, talvez estivesse.

        — O que isso quer dizer? — Inquiriu, rodeando propositalmente o assunto. Sabia onde Seung Soo queria chegar, mesmo que Kyung Soo sempre desse o assunto por encerrado, seu irmão resgatava a história.

        — Bem — olhou para o chá contido na xícara, girando vagamente no recipiente. — Depende do que está acontecendo. Talvez seja seu namorado, ou talvez seja sua consciência te dizendo que já chega.

        Kyung Soo se limitou a encarar duramente o seu irmão. Odiava quando ele tratava daqueles assuntos tão íntimos. Não gostava de falar sobre seus relacionamentos e já estava cheio do seu irmão tentando lhe convencer de que seu vício um dia seria a sua morte. Anos haviam se passado e Seung Soo parecia não compreender que apertar a mesma tecla não mudava nada.

        — O que você acha? — Seung Soo olhou-o alarmado devido ao tom muito brando na voz de Kyung Soo. Ele estava forçando seu próprio temperamento apaziguador e isso nunca era um bom sinal. — Eu finalmente parei de fumar porque conheci um cara que mudou a minha vida e me fez esquecer Jong In.

        — Não foi isso que eu quis dizer — se apressou em explicar.

        — Foi exatamente isso que você quis dizer, hyung. — Replicou enervantemente. — Você age como se eu já não soubesse onde você quer chegar. Como se eu não soubesse que você vai sempre perguntar se eu já o esqueci ou porque aqueles malditos cigarros são culpa dele.

        — Certo, certo! — Interrompeu. — Você está certo, me desculpa — pediu, aborrecido por ter tocado no assunto. — Eu só quero te entender, saber se está tudo bem.

        — As coisas vão continuar indo bem se você parar de perguntar do passado. Jong In foi uma merda e nós dois sabemos disso, mas ele está morto. Seung Soo, entenda que eu não vou passar a minha vida inteira preso a ele. Você precisa entender isso.

        Mas, no fundo, nem mesmo Kyung Soo tinha capacidade suficiente de esquecer Jong In por completo. As marcas ainda estavam em seu corpo e sua voz ainda soava muito recente na sua cabeça, como se ditas há poucos minutos. Nunca seria fácil esquecer Kim Jong In, tão logo ele só consumia o vício que os uniu. Mas ninguém precisava saber. Para todos os efeitos, tudo estava no passado.

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