capítulo 06

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Capitulo 5

Dante olhou para os prédios de Seattle pelas janelas de sua cobertura, aquela seria uma manhã escura, assim como sua vida. Bebericou sua quarta xícara de café e pensou nela mais uma vez, estava tão linda com aquele vestido vermelho e ficou ainda mais enquanto gozava em seus dedos, podia sentir a boca macia na sua, a pele de cetim sob o toque de suas mãos, e aqueles olhos expressivos encarando-o com tanto desejo.
Havia tido uma bela noite de dominação com Samantha, mas ela não conseguia deixá-lo na mesma paz que Katherine conseguiu com apenas um beijo, estava enlouquecendo de tesão por aquela mulher. Dante ainda não entendia o porquê de ser tão relutante quanto aquela garota, sempre que desejava uma mulher ia até lá e a fodia, mas com ela não desejava só isso, desde que descobriu que ela quase passou pelo mesmo sofrimento que suportou por anos, seu instinto animal não conseguia atingi-la.
Katherine Svane era diferente de todas, e este era o grande problema, sabia que algo iria dar errado em sua vida se seguisse com o plano de tê-la em seus braços, não conseguia manter o controle quando estava perto dela. E não podia perder o controle de sua vida, não aceitaria mais ser manipulado. Olhou para o livro que estava em cima de seu piano, era o livro de seu pai, aquele que sempre o acompanhou desde criança.
“Não deixe que eles ganhem meu filho, não se dobre a eles e nem a ninguém”
Esta era a citação que estava na primeira página grafada em negrito, em seus momentos de agonia era como se seu pai estivesse falando com ele. Essa fora a frase responsável pela mudança de atitude de Dante, ele nunca não mais deixou que sua tia ou qualquer outra pessoa se aproveitasse de sua inocência, não fora mais um peão no jogo, ele fora o rei. Ainda podia lembrar-se de como havia achado aquele livro.
Cansado dos maus-tratos sofridos quisera acabar com seu sofrimento. Subiu até o sótão e lá chegando, preparou tudo para acabar com sua vida desgraçada, mas no momento em que estava subindo na cadeira para dar um fim a tudo, ele esbarrou em uma prateleira e dela caiu um livro, sua curiosidade falou mais alto, afinal, ele tinha tempo, sua tia tinha saído e quando ela saía com aquele homem nunca voltava cedo. O pequeno garoto escreveu aquela frase num pequeno pedaço de papel, colocou seu nome e guardou no bolso de sua roupa, dali em diante aquele papel era o seu talismã, era a sua força para continuar lutando.
Tornaria Katherine sua submissa e teria o controle total sobre ela, não deixaria que sua consciência falasse mais alto, precisava dela e a procuraria, para que entrassem de uma vez em um acordo que, com certeza, beneficiaria a ambos.
Dante tomou mais café e tentou pensar com clareza, mas fora interrompido pelo toque do celular, era Mitchel.
- Sr. Dyster, Max Ross foi preso por tráfico de menores, tráfico de drogas, porte ilegal de armas militares e lavagem de dinheiro. — Dante deu um sorriso vitorioso, pelo menos uma boa notícia, um dos homens que lhe fez tão mal também já pagara.
- Ótimo, entregou meu pacote? — Dante fazia questão de que seus alvos soubessem que era ele por trás de todo o esquema de prisão, fazia questão de lembrá-los que faria de tudo para que nunca saíssem de onde estavam.
- Está tudo entregue, Senhor, ele nunca mais verá a luz do dia. — Dante não se deu ao trabalho de responder, desligou o telefone e sorriu mais uma vez, vitorioso.
- Eu serei o rei desse jogo, pai. — Dizendo isso, guardou o livro e vestiu seu paletó, Katherine Svane seria seu próximo alvo.
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Dois dias haviam se passado e Katherine não teve nenhuma notícia dele, estava cada vez mais ansiosa, já não conseguia dormir ou pensar em algo com clareza, e todas as vezes que seu telefone tocava, ela tremia por dentro na esperança de ser ele.
- Oi, gata. — Ela assustou-se com Adam, não havia escutado o sino tocar.
- Oi, Adam. — Kate sorriu ao amigo e abriu as sacolas para ver o que ele havia trazido para que almoçassem. – Trouxe comida chinesa. — Kate comemorou como uma criança.
- Trouxe o que você pediu. — Adam colocou a pasta preta em cima do balcão e sorriu a ela.
- Eu te amo, Adam. — Kate o abraçou forte e sentou-se para comer.
- Eu sei, gata. — Ele piscou para Kate fazendo-a rir alto.
- Eu não o conheci tão convencido assim.
- Eu também te amo, gata. — Ele a beijou o rosto e Kate sorriu.
- Estava divagando, por isso não me viu entrar? — Kate deu de ombros enquanto comia. – Precisa prestar mais atenção, Kate, podia ser o idiota do Brad ou qualquer outro meliante. — Kate revirou os olhos e continuou a comer, emitindo sons de quem estava gostando.
- Eu sei, deveria ter fechado a porta, agora senta aqui comigo. — Adam sentou-se ao lado de sua tão querida amiga.
- Isso está delicioso — Ela disse enquanto lambia os dedos sujos de molho.
Para Adam era bom vê-la sorrir, desde o dia do baile Kate não havia mais sorrido assim, sequer conseguia manter uma conversa sem perder-se em pensamentos, e sabia que o motivo era Dante Dyster, e fora isso que o motivou a pesquisar sobre ele.
- Ele ainda não ligou? — Adam abriu a caixinha de comida chinesa e se juntou a ela.
- Ele não me disse quando ligaria, Adam. — Ela não pareceu mais tão feliz, e Adam arrependeu-se por tocar no assunto, mas Dante Dyster não parecia fazer muito bem as pessoas com quem se relacionava, havia feito pesquisas e conversado com uma grande amiga, que era jornalista, e que certa vez o entrevistou. E agora o que descobriu o fez temer, não queria ver Kate magoada.
- Kate, tem uma coisa que preciso lhe mostrar. — Ele levantou-se buscando por sua pasta.
Entregou a ela o livro negro com letras douradas emoldurando o título “Cavaleiro Negro”, Kate confusa com o que seu amigo queria que ela visse, folheou o livro e nada viu.
- Devo entender alguma coisa com isso, Adam? — Ele nada respondeu, retirou de um envelope fotos, e entrevistas de Dante.
- Eu tenho uma amiga jornalista que já entrevistou o Dyster, aqui há coisas exclusivas sobre ele, não foram publicadas, mas ela as guardou e este é um livro que ele escreveu usando um pseudônimo, existem poucas cópias, a mídia não sabe disso, e ela recebe uma boa grana para não abrir a boca. — Katherine pegou as fotos e entre elas estava a loira do bar, Ângela era o nome dela, e havia uma notícia nos jornais sobre a sua morte, e como Dante fora o principal suspeito, o que fez Kate gelar.
- Como descobriu essas coisas, Adam? — Katherine continuou a folhear as matérias, haviam tantas coisas, tantas mulheres.
- Fomos amantes por um tempo, então me lembrei da entrevista que ela fizera com ele na mesma época, eu a chamei para umas margueritas, algumas doses e um bom sexo sempre ajudam a falar.— Boquiaberta, Katherine olhou para Adam, ainda não estava conseguindo absorver aquilo.
- Adam...eu...eu...não sei o que dizer. — Ela balançou a cabeça negativamente e colocou os papéis em cima do balcão.
- Eu quero que leia isso, Kate, e saiba no que está metendo-se, o sujeito tem alguns podres e esse livro é, no mínimo, perturbador, ele tem problemas, Kate.
- Tudo bem. — Kate ainda permaneceu confusa com aquilo, como assim Dante tinha escrito um livro? E que coisas eram aquelas as quais Adam falava? Porque precisava ler sobre aquelas notícias? E porque ele seria tão perturbado?
- Quero que me prometa, Kate, que vai ler tudo isso, eu não quero vê-la machucada. — Adam seguraou as mãos geladas de Katherine, algo a dizia que saber daquelas coisas não lhe faria tão bem.
- Eu prometo, Adam. — Ele colocou tudo no envelope e a entregou.
- Agora vamos voltar a comer. — Kate tentou mastigar, mas não sentia mais o gosto da comida, estava louca para folhear aquele livro e matar enfim sua curiosidade sobre ele.
Adam ainda tentou manter uma conversa, mas Katherine estava apenas lhe dando respostas curtas, sabia que sua amiga estava curiosa e por isso a deixou sozinha com as informações sobre Dante, no entanto, pediu que ela ligasse se precisasse de qualquer coisa.
Aproveitando que os alunos estavam ocupados com suas atividades, Katherine começou pelo livro e a primeira citação contida nele lhe deixou arrepiada.
“A dor pode modificar um homem, e enfim torná-lo humano”.
Ela praticamente devorou a leitura do Cavaleiro Negro durante a tarde, e quando terminou seu coração parecia tão machucado quanto o dele, Thomas Anderson era um homem perturbado que fora marcado por um passado ao qual Dante não deixara tão claro, mas sabia que Thomas fora alvo de torturas, e praticava sexo violento para esquecê-las. Foi inevitável não lembrar-se da personalidade de Dante, aquele dia em que tiveram um quase sexo no evento, ela podia ver naqueles olhos verdes a vontade primitiva que ele tinha de tomá-la.
O livro ainda narrava sobre diversas formas de sexo, que eram desconhecidas para Katherine, Thomas usava de correntes a brinquedos sexuais, mas o que lhe chamara mais atenção fora o poder que ele exercia sobre as mulheres e como ele buscava por isso. O controle, aquela maneira arrogante lhe lembrava de Dante. Katherine esfregou os olhos e colocou as mãos na cabeça em sinal de desespero, o que faria com aquilo? Quem era Dante Dyster?
Katherine procurou em um site de pesquisas por tal prática sexual envolvendo o poder e descobriu o BDSM, que consistia em uma relação consensual entre um dominador e uma submissa, geralmente estipulado por um contrato, o que a fez lembrar-se do acordo de Dante.
Então era esse tipo de contrato que falava? Era essa a relação que ele queria com ela? Kate viu algumas imagens que a deixara excitada e outras que lhe davam medo, desligou o computador e resolveu ler as reportagens.
E fora pior quando começou a ler aquelas notícias, a morte de Ângela fora esquecida pela mídia, mas Dante fora cogitado como principal suspeito por tê-la torturado até a morte, em anexo havia as cópias dos inquéritos policiais contendo as fotos do corpo ensanguentado de Ângela, porém fora arquivado pouco tempo depois, por não existir provas suficientes. Kate sentiu vertigem e decidiu mudar as notícias, havia alguns relatos de mulheres que contavam sobre Dante usar masoquismo durante o sexo, mas nenhuma delas conseguiu provar nada. Kate estava tentando apegar-se a isso, não podia imaginá-lo daquela forma, Dante não era um assassino ou um sádico.
Naquela noite, Katherine não conseguiu dormir tranquilamente, tinha sonhos eróticos e ,ao mesmo tempo, sonhava com o corpo inerte de Ângela. Não conseguindo mais dormir, Katherine resolveu adiantar sua caminhada matinal.
Colocou os fones de ouvido e correu o máximo que pôde, não podia crer naquilo, aquela jornalista podia ter sido uma das mulheres que ele enxotou depois de uma noite tórrida de sexo, ela devia querer vingança.
Mas e se ela estivesse falando a verdade? Se essa atração maluca, essa obsessão que sentia por ele estivesse cegando-a? Como podia saber a verdade sem confrontá-lo? Ele nunca a deixava aproximar-se. De frente para o mar, Kate tentava pensar com clareza, não conseguia acreditar em nada do que a jornalista havia escrito, ele era rico, consequentemente, era um alvo perfeito para boatos. Ao mesmo tempo, ela sabia que dinheiro podia fazer milagres, e Adam disse que sua amiga recebia dinheiro para manter a boca fechada. Ela deixou que o vento gelado tocasse seu rosto, olhou para a imensidão azul e pediu para que estivesse enganada, pois não suportaria saber que tudo o que leu era verdade, não conseguia abrir mão do que sentia por ele.
Pensou mais uma vez naquele livro, na forma desesperada que ele tinha de falar, de se libertar, de achar a cura para seus traumas. Kate tinha a certeza de que sua vida não seria mais a mesma depois de Dante Dyster, o seu desejo por ele parecia ter aumentado, estava mais do que disposta a desvendá-lo, de estar nos braços dele e saber quem realmente ele era.
Quando voltou a livraria, viu que seu celular estava cheio de ligações perdidas de Adam e Emma, ligou para seu amigo primeiro e lhe assegurou de que estava tudo bem, contou a ele sobre o que leu e ainda sobre a possibilidade de tudo ser apenas um bom furo de reportagem, Adam não tinha a mesma opinião, mas respeitou a decisão dela, só lhe pediu cautela. Já Emma continuava esfuziante o que a fez rir, pelo menos naquele momento ela se esqueceu das inquietações quanto a Dante.
Perto do meio dia, enquanto preparava-se para fechar a livraria, Kate viu o celular tocar e já imaginando que seria Adam, ela não olhou o visor e atendeu a ligação, e a voz poderosa a faz gelar.
- Peter irá pegá-la em trinta minutos para almoçarmos juntos, esteja pronta, Katherine, pois odeio atrasos. — Fora o que ele disse antes de desligar.
E que maldito controlador arrogante, ela pensou, ainda ponderou em retornar a ligação e lhe dizer algumas coisas, mas sabia que seria apenas mais uma discussão sem quaisquer resultados, e estava louca para vê-lo, beijá-lo e perguntar sobre o livro.
Não conseguia esquecer as palavras que ele usara para seu personagem, eram tão cheio de dor, de paixão, e aquela maneira sexual que sempre tratava as mulheres. Tinha pouco tempo para arrumar-se por isso ligou para Adam avisando de seu encontro e subiu para seu apartamento, vestiu um vestido rosa que ficava um pouco acima dos joelhos e um decote que considerava sexy. Uma maquiagem leve, e seu perfume favorito, aquele que havia chamado a atenção dele em seu primeiro encontro. Soltou os cabelos e passou um batom com a cor mais forte, vestido um casaco claro, arrumou o livro na bolsa, verificou seu cartão de crédito e colocou comida para Spok.
Estava descendo as escadas quando viu a Mercedes estacionar no meio-fio e o motorista descer, abrindo a porta do carona para recebê-la.
- Seja bem-vinda, Srta. Svane, me chamo Peter e a levarei até o Sr. Dyster.
- É um prazer conhecê-lo, Peter. — Katherine sorriu ao homem e entrou no carro.
Ao sentar-se no banco de couro negro, a música clássica encheu seus ouvidos fazendo-a sorrir, adorava a melodia do piano, sempre a fazia lembrar-se de sua mãe e da madre Cecília, dos bons momentos que teve ao lado das duas. Havia uma taça com uma bebida que ela julgou ser champanhe, não podia ver Peter, pois entre eles havia uma cobertura escura, então o que lhe restou fora olhar pela janela enquanto bebericava sua bebida. Riu da situação, nunca imaginara estar em um carro como aquele, ou indo de encontro a um homem sem saber o que esperar dele, foi quando se lembrou, mais uma vez, das palavras que ele usava em seu livro. O poder que sempre sentia necessidade de mostrar era apenas um modo de mostrar-se intocável para as pessoas, para mantê-las afastadas, as relações nada duradouras, tudo isso fazia parte de uma máscara.
Peter estacionou em frente a um dos restaurantes mais caros da cidade, e Katherine olhou para suas roupas desejando ter colocado algo mais apropriado do que um vestido tão simples. Quando desceu do carro havia seguranças na porta, aqueles que sabia serem de Dante e fora um deles que a guiou para dentro do restaurante, que para surpresa de Katherine, não havia mais ninguém além de Dante e os garçons.
Ele estava sentado a uma mesa no centro do restaurante, com uma perna cruzada enquanto falava ao telefone, o paletó havia sido retirado e estava no descanso da cadeira vizinha. Ele estava de colete, que apertava muito bem aquele corpo definido, e o tecido da camisa escura colava nos músculos perfeitos do braço, o que fez Katherine ficar com o desejo, ainda mais evidente, de vê-lo sem nenhuma roupa. Engolindo a seco, ela seguiu em direção a ele que a recebeu já de pé, Katherine mudou de ideia sobre o nu, gostaria que ele a fodesse vestido assim, por Deus nunca vira um homem tão lindo. Ele desligou o telefone e a olhou dos pés a cabeça, e quando ela viu aqueles olhos verdes, ela teve a certeza de que ele não era culpado.
- Oi.— Parecia estúpido de sua parte, mas não sabia o que dizer, havia se perdido na perfeição que ele era.
Ele apenas tocou seu rosto e a beijou, não era como o beijo selvagem que trocaram no evento, era mais contido e lento, porém delicioso. Ele estava explorando-a, provando-a. Katherine enfiou a mão nos cabelos claros e o provou da mesma forma, beijar Dante era o paraíso, aquele que ela nunca pensou que existisse. Ele quebrou o beijo e ela o ofereceu um sorriso, estava feliz por enfim estar com ele.
– Pensei que fossemos a um lugar publico, Sr. Dyster, não que iria fechar um restaurante para que pudéssemos conversar. — Kathy olhou a sua volta, este era um dos mais caros restaurantes de Seattle, tudo exalava luxo e sofisticação, ela jamais havia comido em semelhante lugar.
– Gosto de privacidade, Katherine. —Ele puxou a cadeira para que ela sentesse.
– Obrigada. — Ela sorriu a ele, enquanto Dante retomou seu lugar.
– Espero que aprecie frutos do mar. — Ele usou o tom de arrogância. - Este restaurante tem uma especialidade em pratos desse tipo, mas poderá pedir o que desejar. — Ele sabia que ela adorava frutos do mar por isso escolheu aquele restaurante.
– É algo que gosto, Sr. Dyster — ela respondeu simplesmente.
– Ótimo. — Ele levou a mão aos lábios e começou a estudar as expressões de sua aquisição, ela tinha mesmo ficado irritada no evento, podia ver sua gata brava empenhada a não se curvar diante a ele, mas percebeu que o corpo dela correspondia de forma submissa a ele e isso era o que lhe deixava tão disposto a tê-la de qualquer forma.
O garçom aproximou-se com uma garrafa chique e os serviu, o que ela julgou ser vinho, e rápido retirou-se sem nada dizer.
- Se soubesse que me traria a um lugar assim teria me vestido adequadamente, acho até que se não estivesse acompanhada de seus seguranças, teria sido escorraçada pela concierge. — Ela sorriu a ele, e Dante arqueou uma sobrancelha, em uma pergunta muda.
- Ela pareceu não gostar muito do que viu, talvez tenha me achado miserável o suficiente para não poder entrar aqui.
– Katherine, você não sabe como é estar em completa e absoluta miséria, e olhar ao redor, para um mundo que na verdade não dá a mínima para você e lhe acerta num nível que sou grato por você não poder entender ou imaginar, porque ninguém deveria conhecer esse pedaço de inferno, você fica preso à dor, e por dentro, está gritando com todo seu fôlego e ninguém te escuta, ninguém se importa, eles continuam com suas vidas podres, alheios a sua agonia. — Kate sentiu o mesmo peso das palavras que havia sentido ao ler o livro dele.
- E quando esse momento chega é que você percebe o quão só você realmente está... o quão pouco você é importante para alguém, e então perde toda sua alta capacidade de processar pensamentos racionais, você se transforma em um animal raivoso, e tudo o que importa então, é que os faça entender sua dor, livrá-los de sua complacente cegueira para que possam compartilhar de seu inferno particular.
- Então, Katherine, siga este conselho, não se importe tanto com o que os outros pensam sobre você, o que realmente importa é o que você sente e sabe, pois ninguém merece que você se sinta humilhada por ser diferente dessas pessoas vazias. — Ele terminou, deixando Katherine com a garganta fechada pela agonia em suas palavras, ela queria saber quem o machucara tanto e por quê.
– Você fala como se tivesse passado por algo parecido, eu gostaria de entendê-lo, Sr. Dyster — ela disse, e o viu suavizar a expressão, mas ainda assim continuou distante e parecia machucado, isso a entristeceu. – Me desculpe, eu não quis aborrecê-lo. — Ele pareceu surpreso pelo pedido.
- Esqueçamos isso. — Ele deu a conversa por encerrada.
- Tudo bem. — Ela tentou sorrir da melhor forma que pode.
- Proponho um brinde aos vestidos vermelhos. — Ele levantou a taça e esperou que ela fizesse o mesmo.
Katherine sabia que nada sairia da boca dele, então levantou sua taça e ficou vermelha pela lembrança do que haviam feito na festa.
- E o que eles trazem de melhor. — Katherine tentou suavizar ainda mais a situação, a simples lembrança do orgasmo que teve apenas com os dedos dele, a fez morder os lábios.
- A propósito, você está deliciosa nesse vestido.— Katherine enrubesceu ainda mais com o comentário.
- Você também me parece delicioso, Sr. Dyster. — Ela tentou ser o mais sexy possível, e obteve êxito. Dante estava com uma enorme ereção apenas em olhá-la ali, tão linda e desejável, Katherine possuía um encanto o qual nunca provara, era provocadora e ao mesmo tempo parecia tão inocente, principalmente quando ficava rubra com algum comentário que fazia.
Antes que ele a respondesse os garçons aproximam-se com os pratos, e o vinho solicitado.
– Bom apetite, Sr. Dyster e Senhorita. — Um dos garçons falou, sem nem ao menos olhar diretamente para Kathy e ela viu Dante acenar sem nenhuma emoção
- Obrigada. — Katherine respondeu, mas não soube se o garçom a ouviu.
- Este é um Au Paradis, um tinto que, com certeza, apreciará. — Katherine bebeu o vinho e fechou os olhos em aprovação, era realmente delicioso.
E quando os abriu quase sentiu vertigem ao ver aqueles olhos esmeraldinos flamejando em sua direção, ele a encarava daquela forma predatória que vira no elevador, ela sabia que não demoraria muito para ele devorá-la e ela desejava que isso acontecesse logo.
- Está me olhando daquela forma — ela proferiu as palavras em um sussurrar, mas ele a escutou perfeitamente, sabia que ela estava tão excitada quanto ele.
- De que forma, Srta. Svane? — Ele passou o dedo pelo lábio inferior, fazendo Kate apertar uma perna na outra para conter sua excitação.
- É como se quisesse me devorar, aqui mesmo em cima dessa mesa, na frente dessas pessoas.
- Sabe que é isso o que quero fazer, Katherine. — Ele aproximou o rosto o máximo que pode e Katherine sentiu seus batimentos acelerarem pela rápida aproximação, Kate achava que ele realmente a beijaria e a tomaria ali. – Está jogando um jogo muito perigoso, Srta. Svane, em um instante me parece uma menininha inocente e no outro é a mulher mais sexy que conheci, e eu sou diferente de tudo o que conheceu. — Ele recostou-se novamente na cadeira e bebeu o vinho pacientemente.
- Mostre-me. — A voz dela soou como um convite muito tentador para Dante.
- Tenho gostos peculiares, Srta. Svane, gostos que não deveria abrir para você, no entanto, gostaria que fizesse parte deles. — Ele retirou o envelope de alguma pasta escondida e colocou próxima a mão de Katherine. – Gostaria que lesse e entendesse do que falo. — Katherine fez um movimento para enfim conhecer os segredos dele, mas é impedida pela mão de Dante.
- Não vamos falar disso agora, você terá o tempo necessário para ler com calma, e me responder, você tem meu contato para qualquer dúvida. — Katherine estava tão desnorteada com aquilo, existia mesmo um contrato? Era como as relações do Cavaleiro Negro? Ele falaria sobre Ângela se ela perguntasse? Falaria das outras mulheres que já teve? Por Deus, tinha tantas dúvidas para sanar.
– Quero apenas aproveitar a refeição a seu lado. — Aquilo a desarmou, Kate apenas assentiu positivamente e tratou de comer, não estava com fome, não mais, porém queria dar a ele o momento que desejava.

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