ANJOS

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                                                                                        KATHRIN

Ver a alegria estampada no rosto de Manu é a minha maior satisfação. Estamos dando uma carona para Jonas e quando ele aponta uma casa simples, Enzo estaciona em frente. Ele primeiro se despede de sua amiga, diz que adorou dançar com ela e lhe dá um beijo no rosto que a deixa sem jeito, depois se curva para me beijar aqui na frente e com a mão no ombro de meu noivo, ele o agradece a carona e desce.


– Ele é muito fofo, Manu – digo me virando para ver o seu rostinho. Ela sorri e concorda.


– Todo homem quando está interessado em uma mulher é fofo – fala o rabugento do Enzo. – Mas essa fofura acaba logo depois dele conseguir o que queria.


– Que isso, amor?! Olha a besteira que você está dizendo – o reprimo.


– O Jonas não quer isso aí que você está querendo dizer, mas não diz – Manu fala com segurança. – Ele é meu amigo desde sempre e se é carinhoso comigo e simpático com vocês é porque a nossa amizade é tão importante para ele quanto é para mim.


Acho que isso foi o suficiente, pois o Enzo se cala. O problema é que logo volta a abrir a boca:


– Este bairro que ele mora é perigoso e eu não quero você aqui, principalmente a noite. E não venha falar que não sou seu pai, pois eu sei muito bem disso, mas a louca da sua mãe lhe largou na minha responsabilidade e se acontecer alguma coisa com você sou eu que terei que dar conta.


– Eu já te pedi para parar de chamar a minha mãe de louca.


– Mas ela é o que, então? Ela te deixou lá em casa sem querer saber se você ou eu queríamos isso. E onde ela está neste momento só Deus sabe! Quem em perfeita condições mentais tem coragem de abandoar a filha desse jeito?


– Ela não me abandonou e logo me buscará e pode ter certeza que terá uma boa justificativa para o que fez.


– Nada se justifica ela não ter nem se dado ao trabalho de falar com você nem uma vez pelo telefone.


Manu se cala e olha para a janela, eu toco a perna de Enzo e o peço com o olhar que ele se cale também. Manu vai direto para o quarto e eu vou atrás depois de dizer ao Enzo que ele mandou muito mal. Bato na porta e só quando ouve minha voz, ela a abre. Com um lenço umedecido está de frente ao espelho retirando a maquiagem como lhe ensinei.


– Não dê importância para as coisas que o Enzo fala, ele fala pelos cotovelos.


– Já percebi, mas dessa vez ele disse algo que acho que é verdade.


– O quê?


Ela vai ao banheiro e descarta o lenço sujo, volta e me olha nos olhos.


– Eu gosto muito de você desde o dia que coloquei os pés neste apartamento. Você me trata com carinho e se preocupa comigo muito mais que minha própria mãe e sempre me tratou de igual para igual e não como uma criança. Existe uma cumplicidade entre nós, não existe?

A FORÇA DO DESTINOOnde histórias criam vida. Descubra agora