HÓSPEDE INESPERADO

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                                                                                       KATHRIN

A semana passa voando e logo chega o domingo e estamos aqui ansiosos esperando um telefonema de Shayane avisando que chegaram bem e estão hospedadas em algum hotel. A campainha toca na cozinha e Enzo vai atender e volta pálido, ele diz que a portaria avisou que a Shayane e a Emanuelly estão subindo. O que estas duas vieram fazer aqui hoje? É a pergunta que fazemos ao esperar a campainha da porta tocar. Enzo que as recebe e de cara emburrada deixa claro que não está gostando das visitas. Shayane nem liga e entra com uma mala e puxa a filha que está com uma mochila.

– Posso saber por que vocês vieram para cá ao invés de irem para um hotel? – Enzo é tão sincero que me deixa sem graça.

– Eu não tenho grana para ficar em hotel.

– E eu preciso ir ao banheiro – fala Emanuelly.

Eu aponto o corredor, digo que é a segunda porta e largando a mala ela se vai.

– Ah, entendi, você quer dinheiro – Enzo pega a carteira no balcão da cozinha e volta. – Não se acostume, eu não vou ficar te bancando, entendeu? – ele dá algumas notas de cem e cinquenta para Shayane – A única coisa que quero é provar logo que quem é o pai dessa menina é o Héron e ficar livre de vocês logo de uma vez. Na verdade não entendo o porquê de você não ter ido atrás dele logo de uma vez. Na hora que sair o resultado negativo, você vai ter que ir atrás dele de qualquer jeito. Você não se envergonha em fazer isso com a sua filha? Claro que não, né? Você se está se lixando para os sentimentos dos outros. Sempre foi assim, por que mudaria agora? Sempre se fodendo com quem te ama.

– Eu me arrependo do fundo do coração da merda que fiz, se eu pudesse voltar no tempo, nunca lhe trairia. Eu era praticamente uma criança, Enzito, você precisa me perdoar. Eu sei que aquele amor que você sentia por mim ainda está aí em seu peito – ela se aproxima e toca seu peito e eu fico sem reação com o jeito que ele a olha, meu coração parece que vai parar de bater. – Era tão grande aquele amor que chegava a me sufocar. Ah, se eu não tivesse apenas quinze anos e já soubesse lidar com as minhas emoções, eu teria te amado e nunca lhe machucaria como machuquei. Você me amava tanto, – sua mão vai subindo, enquanto eles se olham nos olhos, passa pelo ombro, pescoço e chega ao seu rosto. Este amor ainda está aí, não está? Ele era grande demais para acabar, ele nunca vai acabar – ela se aproxima mais e eu acho que vou desmaiar.

– Não me chame desse apelido ridículo nunca mais

– Você o adorava, pode falar. Você adorava quando eu te chamava de Enzito ao gozar.

– Eu tenho nojo de você.

– Não é isso que estou vendo em seus olhos – sua boca está indo em direção a dele.

Enzo está prestes a assassinar o nosso amor e eu sinto muito, mas não serei eu a evitar isso. Vou ficar aqui quietinha, apenas assistindo a pior cena que já vi na vida. A única coisa que farei é sair correndo desse apartamento quando suas bocas se encontrem. Já estou me preparando como um corredor faz antes do início de uma corrida.

– Não somos mais dois adolescentes, – a voz dela está ficando cada vez mais melosa e sua boca chega ainda mais perto da dele e ele está apenas lhe olhando – somos adultos vividos e agora seria a melhor hora de continuarmos a nossa história, teremos a chance de fazer as coisas direito, pois agora sabemos como viver uma paixão de verdade.

– Você se tornou suicida?

– Não, é claro que não! Por quê?

Ele pega seu pescoço e aperta.

A FORÇA DO DESTINOOnde histórias criam vida. Descubra agora