HEROÍNAS

241 25 1
                                    

                                                                                            LUNA

– Lis! – acho que ela não está encenando. Puta merda, ela desmaiou de verdade. – Olha para mim, meu amor.

Não quero chorar para não deixar as garotas mais assustadas, mas como evitar isso vendo a minha irmã que sempre foi tão linda com o rosto todo inchado e machucado desse jeito? Coloco meus dedos em seu pulso e não os sinto, levo meu ouvido ao seu peito e graças a Deus ouço seu coração batendo. O grandalhãp horroroso está olhando da porta, mas não sei o que passa na sua cabeça. Ele sai e nos tranca novamente.

– Mamãe, pode abrir os olhos, a Mika conseguiu – Luz toca os cabelos e orelhas da Lis, únicos lugares que dá para tocar, todo seu rosto está destruido.

Lis não se mexe e sua filha começa a chorar.

– Por que ela não abre os olhos, Lua?

– Ela está muito fraca, meu anjo, mas logo a Mika vai trazer ajuda, vamos ter fé.

Luz se senta no colchão e me pede para deitar a mãe em seu colo. Segurando todo meu pranto deito a cabeça da Lis em suas pernas e ela acaricia seus cabelos enquanto as lágrimas descem. O careca barbudo volta e me manda ir com ele. Hora da surra! Manu chorando me abraça e o homem sem paciência pergunta se precisará usar a força. Peço que elas fiquem calmas e cuidem da Lis, pois sou forte e voltarei logo.

Hannah já me espera na sala e a felicidade que vejo em seu olhar me causa naúseas.

– Quer ver o seu último pôr do sol? – ela se aproxima e eu já com as mãos amarras não posso lhe dá o que merece.

Enrolando sua mão em meu cabelo, ela me puxa até a varanda e o ar do fim da tarde me faz querer chorar. O sol está quase sumindo no horizonte por trás de alguns prédios iguais a este. Analizo o ambiente e concluo que estamos em um condominio em construção, mas esta construção pelo jeito foi interrumpida por alguma razão e estas vacas aproveitaram para usar este apartamento como cativeiro. Covardes! Precisam de capangas e nos amarrar, pois sabem que mão a mão não dariam conta. A varanda não tem proteção e ela me leva até a beirada.

– Se eu quisesse acabar com você bastava apenas um empurrazinho.

Minha espinha gela com a altura.

A lembrança do primeiro sorriso da minha filha, os primeiros dentinhos, a cor dos seus olhinhos tão atentos e a sua vozinha chamando a Ally e eu de mamãe me dá um nó na garganta. O medo de ter chegado o meu fim me faz tremer por inteira.

Se eu morrer agora, o que será da Lis? Com certeza também irá morrer. E a Luz e a Manu? O que estas duas desgraçadas irão fazer com elas? Irão matar também para não deixar testemunhas. Não, meu pai do céu, o senhor não pode permitir uma coisa dessas!

Ela me empurra mais um pouco e ri quando forço meu corpo para trás e deixo transparecer o meu medo. Ainda puxando meu cabelo me leva de volta para a sala e dou graças a Deus quando começa a me bater. Pelo menos vou poder voltar para o quarto, pingando sangue, mas vou voltar com vida e ainda poderei ter um fio de esperança de sair viva daqui e a Lis também.

O que fizemos para merecer isso, meu pai do céu?!

– Para com isso, Hannah! – Isadora entra no apartamento e eu caída no chão sinto por um instante que minha salvação chegou.

– O que você veio fazer aqui? – Hannah interrompe sua sessão de chutes em meu corpo.

– Eu vim te lembrar que me prometeu que deixaria a Lua fora disso.

A FORÇA DO DESTINOOnde histórias criam vida. Descubra agora