a. i'm

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[...] "Nunca pensei
que fosse uma tarefa tão árdua
expor o óbvio" [...]

N O V A  I O R Q U E

Tenho apreensão em fazer muitas coisas em minha vida.

Ainda que, o fato de estarmos sempre em lugares distintos do globo seja algo a distrair minha atenção, a Madrugada é certeira ao comparecer na companhia do Silêncio.

Eles se impõem sobre mim, consomem meus pensamentos, e tiram o pouco sono que tenho, deixando nada além do vazio. Uso do tempo que a Madrugada me fornece como martírio, escavando soluções improváveis para as perguntas que me perturbam. Uma delas – ao discorrer, impensadamente, pelo papel – está manchada por absorver a umidade de uma lágrima pingada sobre si.

Foi no breu solitário que despejei tudo aquilo que não suportaria mais carregar. Embalado pelo som dos raios, sob a luz dos relâmpagos, pus nas páginas daquela carta escrita à mão impulsividade e emoção, desejando alívio diante desta pressão imposta sobre mim mesmo.

É seu aniversário, e tudo que quero é me perder nos seus olhos; sentir que posso respirar outra vez. Talvez você encontre algum alívio em olhar para mim também.

Quero repousar ao seu lado, com a tranquilidade de que meus pensamentos não pipocarão em sussurros provocativos durante o adormecer. Por essa razão, fui ágil ao deixar o manuscrito em sua posse. Escondida sob a malha macia das camisetas monocromáticas e dos moletons oversized, na mala disposta, despretensiosamente, ao lado dos seus tênis no quarto de hotel, estão minhas palavras mais sinceras.

Quero ter certeza que a lerá e tudo ficará bem, porém, ultimamente, os temores me acompanham como sombras na ausência do sol, restando apenas os resquícios de uma coragem súbita, concentrados naquilo que não sei se me orgulho ou me arrependo.

O que você acha?

Tenho medo de estragar o que temos, no entanto, a ideia de desconhecer as possibilidades daquilo que poderíamos ter me apavora.

Os pneus trepidam nas irregularidades da ponte do Brooklyn, você se inclina na janela do carro com sua câmera, eternizando os segundos mais simplórios e significativos que temos um ao lado do outro. Escorrego no banco, minha mão esbarra propositalmente na sua. Você sorri.

Seu riso me dá segurança. Minha caixa torácica reverbera em sentimentos antigos, vez ou outra, confusos. Pouco a pouco, percebo-os serem traduzidos em descobertas assustadoras.

Você se assustaria também se soubesse o que se passa em minha mente, Jungkook?


08/09/19

TACENDA | jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora