Capítulo 9 - Bem vindos a Thartan

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   Ao acordar no dia seguinte Kerman sentiu falta de seu despertador. Olhou no relógio e marcava quatro e meia da manhã, então ela se levantou e foi até o banheiro principal da casa tomar um banho quente no chuveiro, não chovia lá fora e era muito cedo para sair o sol, todos na casa dormiam e ela foi até a cozinha para tomar café da manhã. Mas estava sem fome. Então Kerman abriu a porta da sala sem fazer muito barulho, era cerca de cinco da manhã e o dia já clareava lá fora, mas as luzes dos postes ainda ajudavam a enxergar bem. Ela andou até o outro lado da rua enfrente a casa e ficou admirando o mar bem de longe, a areia plana ainda lisa com desenho das ondas que passaram por ali e algumas pegadas fundas que indicavam que alguém passou correndo, outras rasas indicavam que alguém passou andando. Então Kerman virou para a direita e começou a andar na costa até chegar aos jardim dos namorados onde se sentou em um banco e ficou lá esperando que o sol nascesse.

   Kerman ficou entediada de ficar sentada ali sozinha. Ela enfiou a mão no bolso de sua jaqueta moletom e puxou seu celular de lá, tinha uma mensagem da Jace, dizia que ela pegaria o primeiro ferry da manhã para voltar o quanto antes para os Estados Unidos. O primeiro ferry saíra às cinco da manhã, horário em que Kerman saia de casa para olhar o mar, agora às cinco e meia Jace já deveria estar na metade do caminho, ligar seria inútil pois o chip perde o sinal no meio do mar, talvez deixar uma mensagem, mas a mensagem havia sido enviada às três e meia da manhã, talvez Jace não tivesse conseguido dormir com a ideia de ter que abandonar Kerman nesta aventura fatal.
    Kerman voltou meio cabisbaixa para a casa na ilha, ela sentia que faltava algo  em sua vida, mas sem saber dizer para si mesma o que,  talvez soubesse mas assumir fosse o problema. De qualquer forma ao voltar pra casa um cheiro de panquecas subiu do ar, Rachel tinha acordado e preparado panquecas para o café da manhã, mas Kerman ainda não sentia fome, a esta hora ela estaria chegando ao SCALE e encontrando Jace sentada em sua mesa à frente da sala dela, então Jace entregaria o relatório do dia anterior e a avisaria de seus compromissos durante toda a manhã. Depois ela sairia para o almoço e só voltaria ao consultório se quisesse. Kerman deve ter se acostumado tanto com a presença de Jace que não sabia um jeito de viver sem ela, então ignorou seu último pensamento de que o sinal não pegaria, pegou seu celular mais uma vez e ligou para Jace.
    Ela segurava o celular com a mão direita e cruzava o dedo indicador com o dedo médio esquerdos torcendo para que chamasse, e mais ainda, torcendo para que Jace atendesse a ligação depois de ela ter praticamente mandado Jace sair de sua vida para sempre. Então chamou a primeira vez e Kerman já sorriu, mas chamou a segunda, a terceira, a quarta vez e Jace não atendia o celular, após chamar algumas outras vezes a chamada caiu na caixa postal, ela decidiu ligar novamente e o celular chamou três vezes até que alguém do outro lado da linha atendesse dizendo:
-Olá Kerman! Demorou pra ligar.
    Era uma voz feminina e nem um pouco delicada, nada familiar. Estava abafada por alguma coisa, talvez algo igual a máscara do Andorian, talvez fosse alguém da seita do Serpent, então Kerman continuou falando com essa pessoa.
-Onde está Jace?
-Essa questão é relativa. Por exemplo, agora ela está na Terra, em um segundo não estará mais.
-Quem é você? Pra onde vai levar ela?
-Me chame de serpente negra! Alguns me nomeiam Serpent, eu gosto desse nome. Se quiser rever a Jace venha até Thartan, você tem algo que eu quero e agora eu tenho algo que você quer.
    Serpent desligou o celular do outro lado e Kerman previu que não valeria a pena ligar novamente, Rachel preocupada perguntou:
-O que houve?
-Onde estão os meninos?
-Dormindo ainda!
-Como chegar a Thartan?
-Por um portal que ficava num lugar onde hoje construíram um parque, não é seguro passar agora, tem câmeras e pessoas. Mas pesquisamos bem e pra nossa sorte há sete portais por todo o mundo, dá pra chegar em qualquer um, menos no primeiro que você usou! Tem um no centro do oceano!
-Foram até o espaço tentar calcular o centro do oceano?
-Viemos do espaço. Mas tem um problema, se voltarmos pelo espaço podemos não ter combustível suficiente pra chegar a Thartan, então seremos obrigados a usar o portal mais próximo.
-Acorda os garotos! Vamos pra Thartan agora!
-Não é assim tão fácil, podem estar nos esperando do outro lado, pode haver uma emboscada e nunca usamos um portal. Não sabemos onde ele pode dar e...
-Rachel! Você está com medo?
-Não, mas gosto de previnir. Temos que te treinar pra caso aconteça uma emboscada.
-Eles pegaram a Jace! O Serpent falou comigo pelo celular dela. Eu não devia ter mandado ela embora.
-Droga Kerman, por que não falou nada? Temos que ir a Thartan agora!
-Desde quando você se importa tanto com meus amigos terráqueos?
-Não me importo, mas o Serpent é louco. Ele levou meu irmão, levou a Solária! Não podemos deixar ele sequestrar mais ninguém.
-Ela!
-Mas ela já foi sequestrada?
-Não! O Serpent é uma garota! Eu percebi pela voz abafada, mas feminina no telefone. É uma garota, eu iria supor adolescente, de mais ou menos dezessete a dezenove anos.
-Veste a roupa de mergulho, vou acordar os garotos.
    Rachel correu para cima e Kerman logo atrás, Kerman entrou em seu quarto e abriu sua mala, tirou de lá a roupa de mergulho verde, mas junto com ela estava uma roupa de mergulho rosa e roxa que Kerman havia comprado pra Jace, mas não tinha entregado ainda. Kerman jogou esta longe e, tirando as roupas do corpo, vestiu a roupa de mergulho, pegou também uma máscara de mergulho que haviam comprado no caixa e saiu no corredor, os garotos e Rachel já estavam vestidos:
- Nossa que rápidos! - Kerman comentou.
-Uma das vantagens de ser um super herói é saber se trocar rapidamente. - Thomas disse.
    
    Saíram da casa e entraram no carro, Rachel dirigiu até uma área da praia onde ela escondeu o carro entre umas árvores e correram até a água do mar! Nadaram até um barco à motor e subiram pela escada no barco.
-Quanto isso custou? - Kerman perguntou.
-Não importa! Temos que ir! - Rachel falou.
   Rachel começou a pilotar o barco para o meio do mar. Pegou um pedaço de papel e jogou pra Adam.
-Jas aqui nesse mapa temos dois pontos, o ponto azul é onde estamos, o vermelho é onde devemos chegar! Quando chegarmos ao ponto vermelho quero que avise e vamos pular!
-Mas e o barco? - Kerman perguntou.
-Dane-se o barco! Estaremos em Thartan assim que passarmos do portal.
-O barco pode acertar alguém! Algum outro barco, sei lá!
-Tudo bem, eu paro o barco!
-Vamos deixar ele no meio do oceano atlântico?
-Quer que passemos com o barco?
-Siiimm? - Kerman olhou de lado e levantou as duas mãos com as palmas pra cima.
-Adam, abre o mapa!

STAR - de onde surgem as estrelas - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora