Ela acordou num susto, era seu relógio despertador lhe tirando de mais um pesadelo terrível e a levando para o pesadelo que era a vida real. Não sabia se agradecia ao relógio ou se brigava com ele, mas uma coisa era certa, tinha que desligá-lo para que não tocasse novamente.
Levantou-se num murmúrio e preparou um banho quente em sua banheira enquanto preparava o seu café, era cedo, não tardou a entrar na banheira "já deve estar lá" ela pensou, mas a quem se referia em pensamento? À quem sua mente estaria voltada às cinco e meia da manhã? Só entrou na água e continuou a pensar."Dor de cabeça, dor no corpo, será que vale a pena me esforçar mais um dia para não conseguir nada de novo? Sempre que estou quase lá me falta coragem. O que devo fazer?" deixou-se levar em pensamento e já eram quinze para as seis, era cheiro de café queimado no ar?
Ehh, parece que a doutora Kerman não era mais a mesma, onde estaria sua paixão pela sua profissão? Existia ainda ou nunca existiu?
Ela passava seus dias entediada em seu consultório pensando em como poderia conquistar o coração de alguém que nem devia a enxergar, mas que ela nunca saberia, pois inúmeras foram as vezes que tentou falar sem sucesso.
A noite ela entrava em seu quarto, se imaginava presa em um filme de terror, mas seus olhos castanhos assim como seus cabelos, brilhavam ao poder embarcar cada noite em uma nova aventura: aquela de escrever seus livros, pelo menos de tentar. O cansaço a consumia e ela sempre acabava deixando de lado seus fiéis companheiros desde a infância, muitos chamam de amigos imaginários, outros dizem que é só loucura, outros admiram o talento, mas não importando o que acontecesse ela nunca os publicaria! Isso sim seria loucura em sua concepção, e o mundo não precisa tolerar suas loucuras de criança...ninguém precisaria, até aquele dia.Kerman saiu de sua casa em seu carro, e vai lá saber a marca, modelo, etc., quem realmente liga para estas coisas? Desde que ele a levasse e a trouxesse do trabalho todos os dias exceto domingos e feriados... é o que importa. O real valor de uma coisa não deve se medir em pra quê serve e sim em o que significa e seu carro significava dignidade, e também independência, pois foi a primeira coisa que ela comprou com seu próprio dinheiro.
Chegou ao consultório, grande prédio de direito e psicologia no centro, Scale era o nome da empresa, talvez uma referência a longa escalada para se chegar ao topo, pois vinte e cinco andares não me parece pouco...cumprimentou o porteiro que devolveu o cumprimento, e se direcionou às escadas, mas lembrou dos dez andares até seu consultório e optou pelo elevador, cinco segundos e chegou, estava vazio. Uma das melhores coisas de sua promoção era poder fazer o seu horário, o vigésimo quinto andar era reservado aos líderes, filiados e colaboradores da empresa."Um dia vou transformar essa em uma empresa de jogos e se jogarão todos os tipos de jogos aqui. Serão vinte e cinco andares de pessoas com mesmo poder, com mesmo tanto de responsabilidade, farei com que sintam que cada trabalho é importante para o bom funcionamento da empresa!"
Eram muitos os sonhos da Kerman, mas realizá-los seria o grande problema, talvez realizar seus sonhos fosse seu verdadeiro sonho.
Chegando ao seu andar de destino ela saiu do elevador, a Jace, sua secretária já estava à espera com a lista de afazeres em mãos. Dois clientes para atender no turno da manhã referente à direito e um para psicologia, mas o curioso era que ela deveria encaminhar esses clientes às pessoas de cargos de um a nove(referente aos seus andares de trabalho em Scale), mas um deles em especial queria ser atendido diretamente pela doutora Kerman! Dizer não seria perder o emprego, pois ele pagou antecipadamente o dobro de uma consulta normal.-Mande que entre quando ele chegar! - Kerman falou.
-Mas ele já chegou senhora! - respondeu Jace - Ele à espera na sua sala já há cinco minutos.
-E como se chama?
-Pediu que eu não revelasse!Parecia suspeito, mas Kerman resolveu encarar, olhou fixamente para Jace antes de adentrar sua sala, mas não era um olhar assustado, era um olhar...bem, outros quinhentos. Virou-se de costas e falou:
-Encaminhe os outros dois clientes!
Ao entrar na sala Kerman encontrou um garoto, um metro e setenta, cabelos pretos curtos, terno preto com blusa branca por baixo, sapato social escuro e meias pretas. Virou-se num susto e Kerman pôde ver seu rosto claro, dos dois um, ou era albino ou não tomava sol há um bom tempo.
-Olá doutora! - ele disse.
-Bom dia senhor?...
-Impossível!
-Senhor impossível? - indagou Kerman assustada.
-Impossível que não lembre de mim! - O garoto falou e sorriu.
-Sinto muito, mas não me recordo!
-Tem escrito muitos livros ultimamente?
-Como sabe que...?
-Parece que não só por trabalhar, mas perdeu também sua paixão por escrever! Deixou de lado toda aquela inspiração? Sinto informar que se não sente...alguém sente falta desta tal inspiração!
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STAR - de onde surgem as estrelas - Livro 1
AventuraSeria loucura dizer que esta não é uma história real! É como a teoria do universo, né? Tudo é relativo! Vai ser "eterno enquanto durar". Nem que num universo alternativo, essa história existiu! Ela foi real pra mim e esta realidade perde todo o sent...