Ataque Psíquico

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Quando o grupo de três jovem atravessam a porta se deparam com 3 homens carregando bastões de densidade variável a espera deles.

- Rendam-se crianças, vocês vem comigo -- O Mercenário do meio falou

- Saiam da nossa frente -- Rugiu Edgar furioso, ele sabia o que o Zaibatsu era, uma organização paramilitar privada que caçava e coletava LS, Edgar sabia disso pós seu pai o ensinara que eles nada mais eram do que uma versão nova e oriental do que as companhias de navios negreiros foram um dia, uma nova forma de escravizar e menosprezar aqueles que eram diferentes.

- Claire, lembra da apresentação das garotas no ano passado ? -- Marvin falava com tranquilidade

- Lembro, eu fiz o número principal -- Claire falava raciocinando por que daquilo agora enquanto segurava a caixa com os supressores

- Vai ter que fazer o mesmo número de novo -- Marvin falava enquanto ativava seu bastão de densidade variável e desferia um golpe de cima para baixo em um dos mercenários que bloqueava com o seu bastão, sem notar que Edgar viu uma janela de oportunidade para dar um chute no joelho do Mercenário que cai no chão enquanto os outros dois se movimentam para conter os dois garotos, Claire por sua vez reproduz o salto que fez numa apresentação de talentos no final do ano passado, ela corre e pega impulso subindo nas costas de Marvin e executando um salto rodando sobre os mercenários que tentavam conter Marvin e Edgar os deixando para trás enquanto ela corria com a caixa pelos corredores.

- Rápido peguem a garota -- Um dos Mercenários disse enquanto brigava com Marvin, um dos três mercenários correu atrás de Claire pelos corredores, Claire jogava obstáculos no chão para tentar impedir o Mercenário que a perseguia.
Não demorou muito para Marvin levar um golpe muito forte no rosto com o bastão e cair no chão, enquanto Edgar não teve chances de ir no soco com um militar treinado, afinal eles tinham apenas 13 a 15 anos, Porem Claire conseguiu tomar a frente e abriu violentamente a porta do quarto de Sofia.

- Toshiro está aqui, estão atrás de você, rápido temos que sair daqui -- Claire falava ofegante, Sofia e Lucrezia se levantaram rápido, pegam o que deu e vão saindo.

- Venham, eles devem estar vigiando as saídas, mas eu conheço uma que eles não vão estar -- Claire falava guiando as garotas pelos corredores e salas ate que ao virar um corredor ela se depara com um dos mercenários que estava a procura dela.

- Paradas ai garotas -- Ele fala no fone de ouvido -- Achei a garota e mais duas suspeitas, vou leva-las pra junto dos garotos -- O Mercenário apontava o bastão para elas, ele não podia usar armas de fogo dentro da escola, escolas são zonas livres de armas portanto a tecnologia delas desativa quando se entra em uma zona livre

- Sofi, essa é a hora de você usar a magica ? - Claire falava se afastando do Mercenário enquanto buscava uma rota de fuga com os olhos.

- Ela não sabe usar isso -- Lucrezia protestou.

- Não importa, sem ela estamos perdidas, se concentra foca nele, tenta escutar só os pensamentos dele, como se ouvisse uma musica em um fone de ouvido bem alto -- Claire falava enquanto Sofia fechava os olhos e tentava, ela não ouvia nada ate que então ela começava a ouvir tudo, uma quantidade imensa de vozes, como em uma multidão conversando, os ouvidos dela começavam a sangrar, ela abriu os olhos, seus olhos azuis tinham tomando uma cor roxa, ela olhou para o Mercenário e sentiu um forte impulso, ela sentiu o medo de Lucrezia de Claire, sentiu o medo de todos na escola, o terror que ela causou por acidente, ela sentiu o medo causando a ela um impulso, um impulso incontrolável, como se fosse seduzida aquilo, ela caminhou a frente das amigas e ela sentiu todo o pavor que saia das pessoas da escola entrarem nela e então o impulso tomou conta dela. Sofia transferiu todo aquele pavor que ela incutiu e que ela absorveu mentalmente para si mesma, juntando a toda a raiva que ela sempre teve dentro de si por conta do TEI e transportou tudo isso para dentro da cabeça do Mercenário, ele caiu no chão gritando em agonia, sangue saia dos seus olhos e orelha, a cena era pavorosa, Lucrezia estava assustada, Sofia parecia fora de seu corpo, era como se estivesse aproveitando aquilo, como um sádico aproveita o sofrimento de outrem.

- Sofi, já chega -- Lucrezia pediu chorando ao ver a cena e ao ouvir os gritos de horror do homem que agora se debatia no chão, Sofia sorria.

- Sofia, vamos, acabou -- Claire dizia mas Sofia a ignorava como um sonambulo ignora aqueles ao seu redor, Lucrezia em um momento de aflição querendo acabar com isso avançou para tentar tirar Sofia do transe.

- Não -- Claire gritou ao ver a movimentação de Lucrezia e tentou segurar ela mas era tarde Lucrezia encosta em Sofia e então e afetada pelo mesmo efeito, ela começa a ver seus piores pavores, seus amigos mortos, seus pais mortos e dilacerados no chão, em meio a um rio de sangue, Lucrezia esta empapada de sangue chorando em meio aquela lagoa de sangue, membros decepados, o cheiro ferroso tomava o ar enquanto ela não conseguia respirar de medo, não conseguia se mover, não conseguia se quer ter um pensamento, ela assistia essa cena repetidas vezes sem parar por segundo.

- Merda, Merda -- Claire falava enquanto segurava Lucrezia que cairá de joelhos, seus ouvidos e olhos sangravam e ela gritava igual ao mercenário. -- Sofia, já chega, vai matar ela, vai matar ela -- Claire gritou e seu grito foi ouvido dentro do subconsciente de Sofia que o escutava como o pingar de uma gota em um oceano de escuridão então ela desperta e olha para Claire caída no chão segurando Lucrezia que sangra pelos olhos e ouvidos quando Sofia vê isso ela instintivamente para o ataque psíquico.

- Desculpa... -- Sofia falava confusa -- Temos que tirar vocês duas daqui -- Claire falava colocando Lucrezia no ombro enquanto Sofia colocava ela apoiada em seu outro ombro.

- Vamos, eu conheço uma saída, eu usava para matar aula com Marvin quando ele não estava bem -- Claire falava caminhando ate chegar em uma porta.

- Mas isso é um armário Claire -- Sofia falava ao observar a porta típica de armários, porem quando Claire a abre ela é na verdade uma porta para a rua.

- Isso é o que eles querem que você pense -- Claire falava saindo com as garotas.

- Onde estão os meninos ? -- Sofia perguntava enquanto carregava Claire em seu ombro pelo estacionamento.

- Marvin e Edgar, capturaram eles, seu primo, eu não sei. vamos ter que roubar um carro -- Sofia então olha os carros no estacionamento e nota um carro clássico um Jaguar XJ12

- Esse, é V12, tem quatro lugares, não tem alarme é automático, vai ser fácil dirigir -- Claire da de ombros e enrola sua jaqueta de couro no punho e com um soco quebra a janela do carro o abre, Sofia entra no banco de trás e coloca Lucrezia deitada em seu colo, ela está desacordada, Claire liga o carro e acelera.

- Como entende tanto de carros ? -- Claire pergunta enquanto irrompe pela cidade.

- Meu pai é grande fã de carros, me ensinou sobre eles enquanto jogávamos vídeo game juntos, como sabe dirigir?

- Meu tio Luan, ele me deixava dirigir em segredo dos meus pais durante as férias no interior -- Claire falava acelerando e cortando entre os carros.

- Para onde vamos Claire, ela não pode ficar assim -- Sofia perguntava com voz chorosa ao ver o que tinha feito com Lucrezia agora começava a cair a ficha de tudo que ela tinha causado, Marvin e Edgar presos, a escola, agora Lucrezia que a única coisa que tinha feito ate agora era ajuda-la.

- Vamos para o apartamento da minha avó, ela não está na cidade assim como meus pais, porem eu tenho a chave a gente consegue ficar lá por um tempo -- Claire falava dirigindo ate chegar ao antigo bairro de Jacarepaguá, ela abre os portões do condomínio e estaciona o carro longe da vista de todos de fora, já era noite, ambas carregam Lucrezia pelo elevador ate entrar na casa a colocam em uma cama, Claire vai preparar algo para as garotas comerem, Sofia com um pano umedecido limpa o sangue de Lucrezia e então a deixa dormir.

- Imaginei que estivesse com fome -- Claire entrega um prato com hambúrgueres, Sofia pega um e come, estava de fato faminta.

- O que foi aquilo que eu fiz com ela ? -- Sofia pergunta enquanto come.

- Ela tentou interromper você durante um ataque psíquico, o efeito voltou para ela, para uma LS, você conhece bem pouco deles -- Claire parece intrigada.

- Isso é tudo novo para mim, é diferente quando eu ataquei o guarda, era como se eu não estivesse lá, eu vi tudo escuro um mar de escuridão, eu não vi o que eu fiz, ou o que eu estava fazendo, era como se eu estivesse dormindo ou sonambulando -- Claire da uma mordida em seu hambúrguer intrigada.

- Então como você não tem controle algum, você não consegue ver o que está acontecendo ? -- Sofia agora era quem mordia a comida.

- Não é que eu fique cega, mas minha mente estava em outro lugar, não sei explicar -- Lucrezia chega de fininho pela porta.

- Ei... -- Lucrezia diz chamando atenção, Sofia a olha, mas ela desvia o olhar, Claire percebe.

- Fizemos para você também, vem comer -- Claire chama Lucrezia que senta-se na mesa e pega um Hambúrguer e da uma mordida.

- Lucrezia... Desculpa, não queria te machucar -- Sofia falava tentando tocar na mão da amiga que com um forte reflexo se afasta, Sofia olha triste, termina de comer e se levanta em silencio e segue pro o terraço da cobertura, Claire chega logo depois.

- Acalma o coração garota, ela está traumatizada, ela vai te perdoar -- Claire falava tentando aconselhar Sofia.

- Eu não queria fazer mal a ela, ela é minha melhor amiga... -- Sofia falava com os olhos lacrimejando e chorosa

- Eu sei que não, foi um acidente, mas para ela, seja lá o que ela viu, o que ela sentiu, foi bem pesado, não é de uma hora para a outra que vai passar, mas ela sabe que não é sua culpa, só deixa ela lamber as feridas sozinha por enquanto Sofia -- Claire falava com serenidade e um sorriso acalentador no rosto enquanto fazia sinal com os braços abertos para um abraço, Sofia caminhava ate ela e a abraçava e começava a chorar descarregando toda aquela confusão que a vida dela tinha se tornado desde aquela manhã, Claire a acolheu como uma amiga.

Sinestesia  - CyberPunkOnde histórias criam vida. Descubra agora