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Niall passa as mãos pelo cabelo loiro e olha para mim, nervoso. “Os meus pais divorciaram-se quando eu era pequeno, alguns anos depois a minha mãe voltou a casar-se. No início era tudo perfeito, o casamento, a relação da minha mãe com Ben e a sua relação comigo, mas eu descobri que ele tinha sido casado com alguém que odiava de morte. Mais tarde ele explicou-me que tinha casado com Martha e que ela o tinha traído com o seu irmão, Hunter. Ele ameaçou que magoava a minha mãe se eu não acabasse com a filha que Martha e Hunter tiveram, tu. O Hunter sabia que mais cedo ou mais tarde isto aconteceria e deixou a tua mãe aos cuidados de Richard que sabia que a tua mãe estava grávida, mas não se importou. Meses mais tarde a tua mãe e Richard apaixonaram-se, eles não queriam que crescesses no meio de uma família completamente desorganizada e casaram. Mas Ben não descansa enquanto não sacrificar a tua mãe e Hunter por o terem traído, e o alvo és tu. Ele é poderoso e tem muitas pessoas a trabalharem com ele e essas pessoas descobriram que tu eras amiga de Claire e ele mandou-me para cá. A minha mãe descobriu tudo e tentou impedir-me de vir, mas eu não posso deixar que lhe façam mal.”

Não acredito no que estou a ouvir. O meu pai não é o Richard, mas sim Hunter? É por essa razão que ele é sempre tão diferente comigo. O Niall está em Londres para me matar e eu estou no seu apartamento, fechada, sem hipóteses de sair.

“Vais fazer-me mal?” Os meus olhos deixam escapar uma lágrima.

“Não. Eu não te quero fazer mal, mas tenho que falar com o Hunter sobre isto. A minha mãe tem que deixar a Irlanda e vir para cá. Não vai tardar até Ben mandar alguém para fazer o serviço por mim quando a minha mãe estiver cá, mas o Hunter é um homem poderoso, ele sabe o que fazer.”

“Eu quero ir para casa.” Sussurro. Isto é demais para mim.

“Está a chover torrencialmente e eu não quero ter nenhum acidente, ficas aqui esta noite.” Ele diz, levantando-se e saindo da sala.

Sigo-o até à cozinha. Encosto-me à ombreira da porta e fico a observá-lo a vasculhar o frigorífico. “Tens fome?” O seu tom tão calmo e delicado arrepia-me.

Nego com a cabeça e baixo o meu olhar para o chão de azulejo cinzento e preto. Niall aproxima-se de mim e eleva-me o queixo, os nossos olhos encontram-se. Ele está tão protetor, sereno, frágil, ou talvez seja apenas eu a tentar ver o seu lado mais humano.

“Tens medo de mim, Violet?” Ele pergunta, ainda calmo.

“Eu não sei.” Sou o mais sincera possível, não sei o que sinto em relação a tudo isto. Descruzo os meus braços e junto o meu corpo ao de Niall, deito a minha cabeça no seu peito visivelmente trabalhado e deixo algumas lágrimas saírem. Sei que me vou sentir mais leve depois disto.

Os braços de Niall rodeiam o meu corpo e o seu queixo descansa no topo da minha cabeça. A diferença das nossas alturas não é muita, mas os seus dez centímetros a mais fazem-me sentir pequena.

“Como é que te sentes?” Ele pergunta enquanto passa as suas mãos ao longo da minha espinha.

“Exausta.” Admito.

“Anda.” Puxa-me até ao seu quarto.

As paredes são brancas e uma janela larga é tapada por um cortinado preto fino que ilumina um pouco o quarto. Um grande armário ocupa a parede da porta e uma secretária faz de cabeceira à cama. A cama é de casal e está no centro do quarto, três tapetes pretos rodeiam-na e fazem sobressair o cinzento da colcha e o branco das fronhas que enfeitam as almofadas dispostas em cima da cama.

“Ficas no meu quarto, não vale a pena reclamares.” Ele diz quando me vê preparada para protestar. “Escolhe qualquer coisa do armário para vestires, ficas mais confortável. Se precisares de alguma coisa eu estou na sala.”

“Obrigada.” Sorrio-lhe de canto.

Niall agarra uma mecha do meu cabelo e prende-a atrás da orelha, dá-me um longo beijo na testa. “Dorme bem.”

Ele fecha a porta do quarto e eu abro o seu armário. Admiro a maneira como as suas roupas estão devidamente passadas e organizadas por cores. Passo a minha mão por uma camisa branca pendurada debaixo de um casaco desportivo preto e retiro-a.

Dispo as minhas calças de ganga clara e pouso-as em cima da cadeira que se encaixa na secretária. Dispo a minha camisa bordeaux e deixo-a cair em cima das calças de forma cuidadosa para que não se amarrote.

Alcanço a camisa de Niall e visto-a. A minha pele quente contrasta com o frio da camisola, mas logo ela aquece e me sinto confortável dentro dela. Observo-me no espelho que há na porta do armário, na parte de dentro. A camisa fica-me pelo meio das coxas e larga nos ombros.

Deito-me na cama e pouso a minha cabeça na almofada de Niall. O seu cheiro invade as minhas narinas intoxicando-me de uma forma positiva. Deixo que o meu cansaço e a minha exaustão tomem conta de todo o meu corpo e mente.

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Jô x

Ice Bullet |Niall HoranOnde histórias criam vida. Descubra agora