7.

765 72 1
                                    

17 de Janeiro de 2015

Levanto-me, ainda a recuperar das poucas horas de sono que tive. Olho-me ao espelho preso no interior da porta do armário de Niall e examino a minha bochecha. Está roxa e vermelha ao mesmo tempo. Oiço barulho da cozinha, Niall já está acordado. Saio do quarto reticente por não saber se ele está bem ou mal, ou como é que vai reagir ao facto de eu não lhe ter obedecido.

“Violet.” Ele corre para mim assim que me vê. Afasto-me dele, mas ele puxa-me delicadamente contra si. As suas mãos afastam o meu cabelo da minha bochecha. “Desculpa.”

“Larga-me.” Sussurro. “Eu não queria ter medo de ti, mas tu bateste-me.”

“Eu estava bêbedo.” Ele explica em desespero. “Desculpa, Violet. Eu não quero que tenhas medo de mim.”

As minhas mãos tremem enquanto pressionam o seu peito trabalhado para que ele se afaste. Não quero chorar, mas é o que estou a fazer. As suas mãos agarram a minha cara suavemente e enxugam as minhas lágrimas. O seu toque frio por cima da minha bochecha que ainda arde.

Niall aproxima-se ainda mais de mim e eleva-me o queixo. Os seus olhos estão mais claros que nunca, brilham na minha direção e eu tento controlar a minha respiração.

“Niall.” Sussurro.

A sua testa cola-se à minha, pouso as minhas mãos na sua cintura e enfio os meus polegares nas presilhas das suas calças cinzentas. Os seus lábios roçam-se nos meus e eu não aguento mais isto, junto os nossos lábios. As nossas línguas batalham uma contra a outra, mas rapidamente começam a dançar em sintonia. As minhas mãos passeiam pelo cabelo de Niall, puxando-o suavemente para que nada estrague este momento perfeito.

“Pára de me tornar num coração mole.” Niall sussurra, roçando de novo os nossos lábios.

“Tornas tudo tão intenso.” As nossas testas continuam juntas. Fecho os meus olhos e deixo que o calor do corpo de Niall me aqueça.

“Desculpa.” Ele sussurra nos meus lábios. “Eu não te queria magoar.”

“Cala-te e beija-me.” Puxo-o para mim e as suas mãos descem para as minhas coxas.

O choque da sua pele com a minha arrepia-me. Enfio as minhas mãos no interior da sua camisola e arranho as suas costas. Os seus lábios largam os meus e passam para a minha orelha, trincando-me o lóbulo e gemendo ao meu ouvido.

“Eu tenho que ir para a escola.” Tento afastar-me dele.

“Hoje não vais.” Ele aperta-me contra ele. “Não te vou deixar sair de casa com a cara nesse estado.”

“Eu disfarço isto com maquilhagem, acredita que se houve coisa que aprendi com a Claire, foi a disfarçar olheiras e manchas com base.” Gargalhei com a recordação.

“Observa.” Claire pede-me com a cara cheia de base. “Espalhas isto tudo muito bem e porra, estou castanha!”

Gargalho com a sua observação e vejo-a a despejar o estojo de maquilhagem em cima da cama.

“Aqui está ele!” Ela continua, pegando numa base em pó branca. “Como a base é escura, compensas com o branco.” Ela passa o pincel largo por toda a cara e agora sim, já está da cor habitual. “Feito!”

“Grande professora que tu és, han?” Eu tento parecer séria, mas falho redondamente.

Separo-me de Niall com muito custo e enfio-me na casa de banho. Dispo a sua camisa branca e meto-a no cesto da roupa suja. Rodo a torneira da água quente e espero que a água aqueça, entro para a banheira e aprecio o meu banho quente e relaxante.

Eu beijei Niall. Eu tive a coragem de o beijar e foi maravilhoso. O sabor dos seus lábios, o seu cheiro natural a menta e tabaco, as suas mãos na minha pele, a sua voz rouca a sussurrar-me ao ouvido; o meu pai tinha razão quando disse que Niall era tudo aquilo que eu precisava e mesmo que não queiramos, nós já estamos ligados.

Entro no Audi SUV de Niall e ligo a rádio baixinho, a sua voz doce acompanha a música que está a passar. Pouso a minha mão em cima da sua no manípulo das mudanças, ele sorri para mim e eu devolvo-lhe o sorriso.

O que é que será que o Niall e a loira fizeram ontem?

“Niall.” Eu chamo, ele murmura qualquer coisa e eu brinco com os meus dedos. “O que é que tu e a rapariga fizeram ontem?”

O seu suspiro preenche o carro. “Não fizemos nada do que estás a pensar.”

“Porquê?”

“Porque tu estás sempre no meu pensamento.” Ele suspira novamente. “Eu estou a começar a apaixonar-me por ti e também não quero. Mereces melhor que eu e eu não consigo ser aquilo que tu queres.”

“Tu não sabes o que eu quero.” Respondo baixo. “E se eu te quiser a ti? E se eu achar que tu consegues ser exatamente aquilo que eu quero?”

“Não sabes o que dizes.” Niall abana negativamente a cabeça.

O carro pára e eu nem reparo que já estamos na escola. Olho para Niall que me encara sem expressão. Eu assumi, praticamente, que me estou a apaixonar por ele e a única coisa que me responde é que eu não sei o que digo? Não podia estar mais desiludida.

Saio do carro e fecho a porta com um pouco de força. Niall abre o vidro do meu lado e chama-me. Olho para trás e caminho de novo para o carro, debruço-me sobre o vidro aberto.

“Desculpa.” Ele pede.

“Deixa estar, a culpa não é tua que eu acabe sempre por gostar das pessoas erradas.” Volto a virar-lhe as costas e entro na escola, não quero que ele responda.

҉

Estou à espera de Niall há uma hora e nada. Ele deixou-me pendurada e eu não posso fazer nada, o seu telemóvel está desligado. Desisto de esperar e apanho o autocarro para o centro de Londres.

A minha mala está tão cheia que demoro a encontrar a chave suplente que Niall me deu do seu apartamento. O barulho de algo a partir-se ecoa pela casa, sigo o tilintar e apresso-me até à cozinha. Niall está debruçado sobre a bancada com a cabeça tombada para trás.

“Está tudo bem?” Eu pergunto e ele vira-se lentamente para mim.

Desvio o meu olhar para o seu ombro tapado com algodão, pequenas gotas de sangue pintam o branco da compressa.

“O que é que aconteceu?” Eu volto a perguntar, passo a minha mão direita pela compressa ao de leve e ele geme.

“Levei um tiro e não consigo conduzir.” Ele diz com raiva nos olhos. A minha boca abre-se automaticamente.

“Podias ter-me avisado, eu podia ter ido ter contigo.” Suspiro. “Como é que isso foi acontecer?”

“Não vamos falar disto.” Ele suspira também e abana negativamente a cabeça. “Além disso, foi uma bala de gelo, não me matou.”

Aproximo-me dele e olho para cima, para encontrar os seus olhos. Roço os nossos narizes e depois os nossos lábios, mas acabo por me afastar. Niall olha para mim sem expressão e eu afasto-me totalmente.

Entro no quarto e visto uma camisa preta, branca e vermelha que Niall tem no guarda-roupa. Arrumo a minha roupa no espaço que foi libertado para mim no meio do armário e volto para a sala.

Hoje não vou trabalhar, não faz sentido ir para o Boom com o Niall neste estado. Pego no meu telemóvel e ligo a Hunter, explico-lhe tudo e agradeço-lhe do fundo do coração por compreender a situação. No fundo sinto-me mal, deixei de trabalhar durante a semana e agora tenho que pedir esta noite a Hunter.

“Hoje não vou trabalhar, vou ficar em casa a cuidar de ti.” Eu informo Niall que está sentado no sofá.

_____________

Jô x

Ice Bullet |Niall HoranOnde histórias criam vida. Descubra agora