Capítulo 7

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  - Rogue -

"Rogue..." chama Rivaille

Ele toca em meu rosto antes de enxugar minhas lágrimas e beijar minha testa. Gentilmente, ele me puxou contra si, em um abraço reconfortante.

"Seja o que for, eu sempre estarei ao seu lado. Não importa o que." diz

Fecho meus olhos quando escondi o meu rosto na curvatura de seu pescoço, sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto.

"Você merecia alguém muito melhor." falo cabisbaixo

"Eu não penso assim. Você é tudo o que eu sempre quis, meu amor. Não importa o que aconteceu pra te fazer ser o que foi, eu continuarei te amando com todo o meu ser até o último dia da minha vida."

"Mesmo quando..." paro de falar ao perceber o que iria dizer. Eu não podia dizer aquilo para ele... Ele pensaria que sou fraco. Ele me rejeitaria.

Arregalo meus olhos quando senti suas mãos na minha, levando-a por dentro de sua blusa até seu peitoral, onde pude sentir seu coração bater.

"Confie em mim... Me diga o que tanto te assombra. Eu nunca irei te julgar... Nunca..." diz prestes a chorar, "Apenas... Uma só confirmação do que penso..."

Me afasto dele com cuidado para que não pensasse que eu estava repudiando-o de repente. E com um longo suspiro, me levantei e fui até o espelho, vendo pelo canto do olho que ele me observava.

"Você sempre me perguntou o porquê de eu nunca olhar em meu rosto quando estou frente a um espelho..." comento

Com um pouco de coragem, olhei para mim mesmo apenas para ver o reflexo do meu pai no lugar do meu rosto. Então, rapidamente dei as costas e o encarei.

"Rogue? Eu estou aqui. Pode falar, eu estarei ouvindo."

"Sempre que me olho no espelho vejo o fodido do meu pai. E sabe o que é pior? É que cada dia que se passa, eu fico mais e mais parecido com ele. E não importa o quanto eu tente, eu não consigo esquecer de forma alguma o rosto dele naquela noite." Enquanto eu dizia isso em voz alta, sentia um grande aperto no meu coração conforme o peso de tudo que carregava iria diminuindo.

"E então... Eu ouço a sua voz me ameaçando... Depois posso ouvir bem meus gritos de pavor... Tudo. Tudo de novo e de novo até que a minha última chance é ser dopado. E aquilo aconteceu comigo por te sido fraco. Eu fui fraco... E fui estuprado pelo meu pai. Eu tinha oito anos quando descobri que minha vida tinha como piorar ainda mais." choro

"Você não era fraco, Rogue. Você era apenas uma pobre criança com um monstro como pai." diz firmemente

Rio baixinho de seu comentário enquanto negava; "Mas não acabou por ai. Um viciado sempre fica endividado em algum momento... E sem nenhum dinheiro, o que mais se fazer além de vender seu filho por uma noite?"

As lembranças daquela noite traumatizante eram tão claras em minha mente que eu podia ver tudo aquilo acontecendo de novo em minha frente. Eu podia sentir meu desespero, podia ouvir meus gritos... Assim como também podia sentir o cheiro dos cigarros e ouvir as risadas daqueles malditos.

"Quando fiz nove, ele me jogou na famosa briga de poço. Eu quase morri muitas vezes lá, mas sempre algo dentro de mim gritava enfurecido e então... Eu via sangue. Muito sangue em todo canto, em minhas mãos e os corpos de cada adversário. E foi ai que eu percebi que havia me tornado um monstro."

Flashes de todos os que matei no poço por acidente passavam pela minha mente, me fazendo sorrir, mas não durou muito quando eu me lembrei que aquele maldito tentou me estuprar novamente.

Prestes a mudarOnde histórias criam vida. Descubra agora