Capítulo 16

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Então isso era a famosa insônia... Que estúpido. Mesmo depois de ter passado dias forçando minha mente até o ponto de entrar num colapso, onde Rogue teve que me arrastar pra fora da "minha" sala e trazer para o quarto, e estar mentalmente exausto, simplesmente não conseguia dormir de jeito nenhum.

Revirando-me com cuidado, parei em frente à ele, e com um olhar fixo em sua feição calma, toquei em seu rosto, sentindo sua pele quente. Descendo minha mão pela sua garganta, parei em seu peitoral, observando-o subir e descer conforme sua respiração. Com um baixo suspiro, me aproximei dele e deitei a cabeça em seu peitoral, tomando uma profunda respiração para sentir melhor seu forte aroma.

Com um olhar rápido na direção de seu braço amputado, franzi o cenho sem conseguir acreditar no que tinha feito. Se eu ao menos pudesse voltar no tempo... O que? O tempo já fez uma bagunça enorme nas nossas vida. Então não mais.

Enrolando a pequena quantidade de pêlo que tinha em seu peito, observei exatamente o nada enquanto pensava. Mesmo que Rogue tivesse dito claramente que não me culpava, a sensação de não ser perdoado nunca saía de mim e isso estava me dando nos nervos. Como pude errar um cálculo tão fácil como aquele? Tinha que haver alguma explicação... Não tinha como ter errado aquilo. Eu não aceitaria isso tão facilmente. Pelo menos, não sem uma resposta convincente.

Voltando minha atenção para ele, sorrir ao ouví-lo roncar. Há quanto tempo não ouvia isso? Ele é tão teimoso... Sempre diz que não ronca mesmo quando consigo gravar e mostrar as provas. Aos poucos, meu pequeno sorriso vai se tornando em um triste até que suma de vez, me fazendo esconder o rosto em seu peitoral. Eu gostaria de ficar um pouco mais em seu futuro...

"Queria que o tempo parasse... Assim não iria te perder."

Engolindo em seco o nó que ameaçava crescer em minha garganta, me afastei com cuidado dele e então sentei na cama, olhando para a luz da lua do lado de fora da janela. Com um último olhar na direção do Rogue, suspirei e me levantei da cama, indo na direção da porta para sair. Eu precisava encontrar as respostas dos cálculos para a máquina do tempo. Se o presidente conseguisse entrar em contato novamente e não tivesse uma resposta à altura, com certeza as coisas iriam piorar para mim.

Fechando a porta, me encolhi com o vento frio daquela madrugada. "Era só o que me faltava." reclamei baixinho antes de sair com passos apressados.

Quando faltava menos de três corredores até a sala, ouvi alguns murmúrios seguidos de gemidos baixos e por mais que eu quisesse deixar isso para depois, não pude conter minha curiosidade. Aproximando-me com passos lentos, espiei escondido atrás da parede apenas para me surpreender ao ver Levi contra a parede enquanto arranhava as costas do Eren. Desde quando eles estavam nesse nível?! Por que n-... Não. Eu não posso mais me meter em assuntos dessas realidade. Isso não tem mais nada a ver comigo ou com o Rogue.

Fechando meus olhos, suspirei e voltei a andar, fingindo que não havia visto nada apesar da vontade de questioná-los sobre desde quando eles haviam começado a sair. Por algum motivo, de repente aqueles corredores estavam se tornando mais longos e solitários. Não sabia dizer se era por ser tão tarde da noite, ou se era coisa somente da minha cabeça, mas me sentia minúsculo e completamente exposto à grandes problemas que poderia vir. E isso me trazia calafrios. Não mentiria ao dizer que não estava assustado com o ritmo que as coisas estavam sendo levadas, mas que escolha eu teria senão nadar conforme a onda? Pela primeira vez, eu, um dos grandes gênios do meu tempo, não sabia o que fazer.

Sentindo o aperto em meu peito aumentar conforme me aproximava da sala que havia tomado, franzi o cenho com a vista da porta. Respirando fundo, estendi minha mão para abrí-la, lutando para não me desesperar pelo estresse que sentia em estar lá. Eu odiava me sentir daquele jeito, mas eu já não tinha mais escolhas ou chances para tentar fugir, eu tinha que arcar com meus erros. Ao entrar, fechei a porta atrás de mim e voltei meu olhar para frente, cerrando os olhos para os cálculos nos quadros que faziam minha cabeça doer.

Prestes a mudarOnde histórias criam vida. Descubra agora