|01. Leonardo e Michelangelo|

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Liam estava ansioso por mais um ano letivo, adorava ir para a escola, estudar, acordar cedo. Ele realmente amava essa rotina.

Liam James Payne, dezesseis anos, o garoto da vida perfeita. Inteligente. Bonito. Mora com os pais que lhe dão muito amor e atenção. Não chega a ser podre de rico, mas ele tem tudo do bom e do melhor. É filho do pastor mais conhecido de Bradford - cidade onde mora - Geoff Payne, e tem uma mãe maravilhosa, Karen Payne. Sua vida é perfeita, mas mesmo assim sente como existisse um vazio em seu coração, um pedaço faltando em si.

Payne não era popular na escola, longe disso, ele tinha uma melhor amiga chamada Selena, e também era colega dos meninos do time de basquete. Ele sabe que existem pessoas na qual o odeiam, simplesmente por ser evangélico. Bem, não é simplesmente.

Liam foi criado desde o dia em que nasceu com o conhecimento de que as pessoas negras são burras, tolas, sujas e que não sabem fazer nada. Que as mulheres foram criadas por Deus para satisfazer o homem, para cuidar da casa, e totalmente dependente. E que os gays, as lésbicas e todos da comunidade lgbtq+ são pessoas doentes, que foram criadas pelo diabo, que merecem sofrer e morrer. Essa foi a educação que ele recebeu. Selena costumava lhe dizer que seu pensamento era babaca e sem noção, mas que tirando esse seu "jeito de pensar", ele era uma boa pessoa. Os garotos do time concordavam com ele em tudo e ousavam a dizer que o pai de Liam deveria ser o diretor da escola, para expulsar alguns "viados" de lá. Payne e os garotos do time se davam bem, viviam fazendo coisas juntos, indo em algumas festas, dando uns rolês.
Uma vez, Henry o chamou para bater em um homossexual, mas ele não foi. Não tinha coragem de bater em nenhum ser humano, sendo pecador ou não. Selena havia ficado orgulhosa e disse que se algum dia ele encostar um dedo em uma pessoa qualquer, nunca mais o veria. Liam queria que sua amiga tivesse sido educada que nem ele, assim Deus teria orgulho dela. Não que ela seja ateu, ela era católica, mas o que pensar de uma garota que acreditava em papéis e os chamavam de santos?

Mesmo achando a religião de sua amiga boba e falsa, ele gostava dela. Viraram amigos na aula de arte, falando sobre as obras antigas e como os pintores Leonardo Da Vinci e Michelangelo eram talentosos. Na semana seguinte, na aula de filosofia, Liam começou a falar de sua religião e sua visão do mundo. Selena o achou repugnante, mas manteve a amizade. E o que seria dele sem ela?

Pronto para mais um ano letivo, Liam estava guardando os materiais em seu armário quando sua melhor amiga chegou perto dele.

— Hey Lee! — A garota chegou com um sorriso no rosto e lhe deu um abraço apertado repleto de saudade. Eles não haviam se encontrado muito nas férias, Selena havia ido para casa de sua tia em Miami. Ela morava com sua amiga Demi em Bradford, dividiam um apartamento. Demi não gostava de Liam por ele ser homofóbico, e bem, ela era bissexual. Mas tirando sua bissexualidade, Liam a achava legal, mas nunca mais tentou conversar com a garota pois da última vez quase perdeu um braço. Ela praticava vários esportes, ele estava em desvantagem, nunca que iria perder para uma garota.

— Olá Sel! Senti sua falta. — Disse a abraçando na mesma intensidade.

— Eu também! Ansioso para o último ano do ensino médio? — A garota perguntou com um sorriso no rosto ajeitando sua mochila nas costas enquanto esperava o amigo terminar de mexer no armário.

— Sim. — Ele disse sorrindo. O sinal tocou ao mesmo tempo em que o garoto fechou o armário.

— Qual sua primeira aula? — Selena perguntou curiosa para o amigo — A minha é filosofia. — Disse e comemorou. Filosofia era uma das poucas matérias na qual ela gostava.

— Química. — Liam disse fazendo uma careta. Ótimo jeito de começar o ano, com a matéria mais chata de todas, a única que ele não gostava. Junto com filosofia, mas neste caso o problema é com o professor que ficava falando de religião e que Deus era negro. Liam sabia que isso era mentira, nunca que Deus, o criador do céu e da terra, seria negro.

ᴡʜᴀᴛ ɪs ʟᴏᴠᴇ?『𝒛𝒊𝒂𝒎』Onde histórias criam vida. Descubra agora