Prólogo 2 - Vicente

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O alarme alto e barulhento soa novamente, e eu gostaria de, mais uma vez, colocar na espera mas sei que, se fizer isso, vou chegar atrasado no colégio

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O alarme alto e barulhento soa novamente, e eu gostaria de, mais uma vez, colocar na espera mas sei que, se fizer isso, vou chegar atrasado no colégio. Já reparou como a melhor parte da manhã é quando você pode colocar o alarme na espera infinitas vezes?

A pior é quando, por causa disso, você se atrasa.

— Vicente, olha a hora! – A voz irritante de Neusa me acelera, e levanto rapidamente. Dessa forma consigo evitar que ela, mais uma vez, entre em meu quarto e saia puxando cobertas e abrindo janelas. Seria interessante se eu soubesse que ela se importa. Que faz isso por se preocupar, e não somente para parecer uma boa madrasta aos olhos do meu pai. Basta ele virar as costas que toda essa preocupação se esvai, como mágica.

Minutos depois, já vestido e levando comigo o caderno e o estojo, desço as escadas para o café da manhã. Estranho ao ouvir a voz de meu pai, e checo novamente as horas no relógio. Seis e meia, e ele ainda está aqui. Ele nunca está aqui...

— Vagner, tem certeza que não quer esperar o Nogueira?

— Ele não parece muito interessado em ajudar com isso, Neusa. Mas não se preocupe, hoje acaba...

O assunto morre quando eles me notam entrando porta adentro. Sempre fico puto por ele me tratar ainda como criança, quinze anos e boa audição não me deixam ser inocente acerca de seu trabalho.

— Bom dia – sento no meu lugar de sempre, já me servindo de uma xícara de café preto.

— Vicente, eu já te falei para pegar leve com o café. – Ouço meu pai reclamando e só levanto uma sobrancelha, ao notar a baita xícara de café preto que ele tem em sua frente. Safo, ele logo nota minha intenção – Faça o que eu digo, e não faça o que eu faço, já falei.

— Certo... – completo a minha xícara com leite, um tanto a contragosto, mas não é como se eu quisesse comprar briga com meu pai. Eu já tenho muito pouco dele para desperdiçar o pouco que consigo. – Está saindo mais tarde hoje.

— Observador... – ele zomba – Sim, precisei organizar umas belezinhas ali. Se tudo sair como esperado, eu finalmente vou poder diminuir o ritmo de trabalho. Podemos até viajar. Passar aquela temporada na praia que você tanto quer.

Sorrio, em resposta, porém não me iludo mais com essas promessas. Desde que me entendo por gente estou sempre na espera que as pessoas deixem um pouco de lado qualquer coisa que estejam fazendo para perder tempo comigo. Tenho certeza que assim que ele terminar esse trabalho, ele vai entrar de cabeça em outro, e mais outro, e quando der por si, eu já estarei trazendo-lhe netos para conhecer.

Levanto da mesa, deixando minha xícara em cima da pia e pego meu pai me olhando fixamente.

— O que foi?

— Está ficando alto. Daria um bom policial...

Estranho o comentário, meu pai nunca, em momento algum de sua vida, deu a entender que me queria seguindo seus passos. E se tem algo que me orgulho muito é da fama que meu pai carrega, de ser o melhor policial de seu departamento. Eu já estou decidido a fazer cardiologia, desde que vó Naná faleceu que tenho isso em mente, mas confesso que ver meu pai me olhando assim acabou mexendo comigo.

Estou sempre atrás de qualquer migalha que ele me oferece.

— Precisaria ter seu ritmo, para não ser um bom policial alto e gordo.

Ele ri, alto, os olhos chegam a fechar um pouquinho.

— O humor também está indo por um bom caminho – Levo dois tapas no ombro quando ele se levanta, já pegando a grande pasta preta ao seu lado, preparado para mais um dia de trabalho. – Vejo você à noite.

Neusa, como sempre, mantém a expressão neutra que eu conheço bem. Ela simplesmente não suporta ver nossa interação. Não quando sabe que nunca o verá da mesma forma com um filho deles. Meu pai nunca quis outro filho.

— Podemos sair à noite, comer uma pizza, o que acham? – Ele diz, animado, e não espera resposta. Sai pela porta dos fundos, já direto à garagem.

Eu e Neusa nos entreolhamos, porque naquele momento sabíamos que isso tinha sido apenas um convite vazio, como todos os outros. Uma promessa que ele sempre fazia, de sairmos para algum programa, mas que sempre se atrasava porque estava preso no trabalho, em mais um caso importantíssimo.

O problema é que nunca pudemos ter a certeza de que essa era mesmo uma promessa vazia. Ele nunca voltou para casa.

Bem vindos, meus queridos, a mais uma história

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Bem vindos, meus queridos, a mais uma história. Nesses dois prólogos, vocês vão ter um pouco da tonalidade do que são os nossos personagens, Malu e Vicente.

Os prólogos NÃO SÃO passados ao mesmo tempo. São duas épocas bem distintas na vida de cada um deles, dois eventos que os marcaram bastante e que, de certa forma, os influencia no futuro.

Vejo vocês no próximo dia 22, na estréia de Entre Oceanos.

Postagens todas SEGUNDAS e SEXTAS. Como a história ainda está sendo escrita, não teremos capítulos extras nesse início. (Booooo, autora malvada!)

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Entre Oceanos [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora