A proposta.

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Ela tinha 16 anos?

Perae, perae. Falei com entonação errada.

ELA TINHA 16 ANOS?

Quando que eu ia imaginar uma coisa dessas? A provavelmente nunca, nunca mesmo!

Encarei abismado novamente a Pirralha que dirigia tranquilamente meu carro nos guiando de volta para casa depois da competição mal sucedida para mim e meu pulso torcido. Ela tinha mais cara de uns 13 anos...Apesar de que era impossível ver seu rosto por baixo daqueles grandes óculos fundo de garrafa. Suas mãos pequenas não pareciam aptas para isso. Se não fosse pela carteira de motorista que ela acabara de me apresentar, eu não a deixaria encostar no volante nem ferrando.

–Relaxa.- falou me olhando de soslaio. Eu estava tão preocupado que nem percebi o quanto eu estava agarrado ao banco, minhas unhas curtas estavam enterradas no estofado, esse era o meu sub consciente se preparando para uma possível batida.

Não deu tempo nem de notar realmente como ela dirigia e quando fui perceber já estávamos na garagem do prédio. Descemos do carro e fomos direto para o apartamento de Gabe, o vencedor.Dentro do elevador nenhuma palavra foi dita. A Pirralha estava quieta como se tivesse culpa no cartório.

Gabe me recebeu calorosamente, talvez sentindo compaixão pelo meu estado. Eu estava acabado. Sempre fui muito competitivo e nunca admiti perder, nem em jogo de tabuleiro.

Já ele, meu melhor amigo, ganhara a competição no meu lugar sem o menor esforço. Aquela competição não significava nada para ele, mas mesmo assim ele a ganhara, enquanto eu, bem, eu estava ali com o pulso ferrado.

–Engraçado.- Gabe falou me entregando um copo de chocolate quente, enquanto a Pirralha zapeava nos canais da TV ao meu lado no sofá.

–O que é engraçado?- perguntei tomando desanimadamente um gole daquela bebida quente.

–Sabe Noah.- ele continuou se sentando do meu outro lado- eu lembro perfeitamente de nós dois termos checados os skates noite passada...

–O que você quer dizer com isso?- indaguei confuso, chocolate quente me deixava lerdo.

–Eu quero dizer que não é possível que as rodas tenham soltado sozinhas... Alguém devia tê-las afrouxado...

–Impossível.- o cortei – Eu não deixei o meu skate com ninguém antes da...- deixei que a frase morresse e olhei para a Pirralha que se encontrava estática do meu lado, me lembrando de ter deixado meu skate com ela para fazer minha inscrição.

Ela definitivamente havia passado dos limites.

–EU PODERIA TER MORRIDO!- me exaltei para o telefone. Do outro lado da linha estava minha mãe ouvindo meus gritos.

–Ela só tem 16 anos.- falou calma – Talvez não fosse imaginar que as rodinhas do seu skate fossem chegar intactas até a semi final.

Ora, era só o que me faltava. Minha mãe não parava de defender aquela garota.

–Isso não justifica o fato dela ter afrouxado as rodinhas para que uma hora ou outra eu fosse desclassificado.- falei passando a mão em meus cabelos para tentar me acalmar- Mãe, eu poderia-ter-morrido – falei pausadamente para que ela entendesse a gravidade da situação, para falar a verdade eu não estava ligando tanto para esse fato, mas sim para o fato de eu ter perdido a competição.

–Mas-não-morreu.- respondeu da mesma forma, que tipo de mãe era aquela?

–Senhorita Julia Knight, você ainda não entendeu que é um perigo eu passar o resto das férias ao lado daquela mini psicopata? Se ela não me matar eu vou acabar matando-a até o final das férias.

Do Seu LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora