Capítulo VIII - Inimigo Invisível

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Era a segunda vez que acordava de ressaca em menos de um mês.

Isso teria que parar.

Minha cabeça novamente latejava e ao tentar levantar da cama fiquei zonza.

Foi então que percebi que estava com a mesma roupa da noite anterior. Isso fez com que minha mente saísse do automático e levantasse da cama atenta.

Aí eu vi que não era minha cama.

E depois que não era meu quarto.

As paredes cinzas com preto me eram desconhecidas e igualmente os lençóis negros.

- Onde é que eu vim parar...? - me perguntei levando a mão a cabeça latejante.

- No meu apartamento senhorita.

Jhonatan entrou de súbito no quarto me dando um susto. Trazia uma bandeja nas mãos. Estava levemente despenteado o que o deixava ainda mais atraente e vestia uma calça jeans com uma camisa casual.

Eu era a única pessoa que ficava de porre depois que bebia?

- Oi? - arregalei os olhos - Aah-ah eu, a gente... - eu olhava pro dono da casa e pra cama enquanto balbuciava incompreensívelmente

- Calma antes que fique gaga pra sempre, trouxe o café da manhã mais comum por aqui, principalmente pra quem está com ressaca. - ele depositou a bandeja em meu colo.

- Isso aqui dá pra alimentar um batalhão inteiro tem certeza que é um café da manhã?

Na bandeja havia pão, linguiça, torradas, geléia, ovos e bacon,  feijão e um suco natural de laranja.

- É parecido com um brunch americano. A gente não é muito acostumado a almoçar. Coma, vai te fazer bem.

- Antes disso, o que aconteceu?

Acho que estava estampado em minha cara o medo da resposta, tanto que ele deu um sorriso matreiro em minha direção, o que serviu apenas para me deixar ainda mais constrangida.

- Não precisa se preocupar não aconteceu nada - respondeu implicitamente - a gente se embebedou demais ontem, e acabamos vindo pra cá, mas antes que qualquer coisa acontecesse você caiu no sono. E logo em seguida eu também. - riu envergonhado.

- Veja pelo lado bom, ao menos não caímos na rua, nem amanhecemos na calçada. - comecei a comer do conteúdo da bandeja enquanto o clima ficava menos tenso.

Depois do breve relato eu comecei a me lembrar das cenas da noite anterior.

Da hora em que nos beijamos e saímos agarrados do pub.

E também de quando pegamos um táxi.

O taxista ficou meio constrangido.

E de alguma forma conseguimos chegar até o quarto dele.

Fui interrompida de meu flashback pela voz de Jhony.

- Se você quiser tomar um banho tem tudo o que precisa no armário do banheiro - apontou a porta que aparecia no corredor de frente ao quarto - se não encontrar é só me chamar que eu pareço - completou com outro sorriso cafajeste.

Apenas balancei a cabeça em desaprovação, mas a arqueadura em meus lábios denunciou que não era pra ser levado a sério.

- Você diz que caiu no sono, mas nem parece ter bebido ontem. Está bem demais pra quem diz ter se embriagado.

- Acordei antes de você e tomei uma chuveirada e um comprimido pra dor de cabeça, além de já ter comido. Daqui a pouco você estará ótima também.

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