Capítulo 1 - Pensamentos Voam.

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Tranquilidade. Com certeza essa era a palavra inexistente no meu vocabulário nesse exato momento. Era minha primeira vez viajando de avião, já tinha tomado um calmante e tentei escutar músicas, mas ainda continuava eufórico, nada me acalmava. Estava me mudando para um país com comidas e costumes completamente diferentes do meu país de origem.

Yokohama era a cidade para onde estava  me mudando, iria morar nos dormitórios da universidade. Talvez ocorra  tudo bem ou não, a única coisa que me acalmava era saber que o povo japonês gosta de jogar uma pelada, como gosto de chamar o famoso futebol.

Desci do avião com as pernas tremendo e no aeroporto tentava não passar vergonha, mas não consegui, típico de mim, Gabriel Henrique.

Peguei minha mala e estava usando meu celular para encontrar a Universidade, era longe, mas mesmo assim fui de pé para conhecer a cidade. Ela estava cheia, me encontrava bem perto do porto, tinha pessoas com uma diversidade de aparência ali, algumas andavam rápido e outras só passeando, os pescadores tinha um semblante feliz dentro de seus barcos de pesca, e uma variedade de lojas abertas.

Tropeço algumas vezes nos meus próprios pé e esbarrei em algumas pessoas sem querer mas cheguei inteiro no portão da universidade. A estrutura da mesma era grande e bonita, tinha três andares com longas escadas e campos bem lindos e verdes, árvores grandes e de diversas cores, havia outras estruturas grandes como o refeitório ao ar livre, quadra de vôlei e de tênis, uma área de piscina também, que acredito ser apenas para competição.  Enquanto eu observava por todos os lados percebi que estava perdido.

Hoje era uma sexta-feira exatamente seis horas da tarde, os universitários tanto calouros ou veteranos estariam em seus devidos dormitórios ou com suas famílias, não avistava ninguém que pudesse me ajudar, nem mesmo um mapa da universidade em mãos eu tinha. Me encontrava em frente a um monumento de pedra, apenas, era basicamente apenas uma pedra gigante.

— Um grande desrespeito o que está fazendo. — escuto uma voz, olho para todos os lados mas não vejo nada. — Aqui em baixo. — quando faço isso avisto um homem vestido de calça preta e blusa branca casual sentado e encostado atrás da pedra.

— Mas eu não fiz nada. — levanto as sombrancelha em confusão.

— Precisa se curvar diante a pedra, ela é uma homenagem para os ancestrais que construíram a universidade. — ele fala sem me olhar e tragando um cigarro.

—  Ai meu Deus, perdões pela minha falta de respeito. — me desculpo enquanto me reverencio várias vezes seguidas para a grande pedra mas paro ao escutar uma risada abafada. — O quê?.

Paro de falar quando vejo o homem jogar o cigarro que estava em sua boca na pedra.

Mas não é sagrada ???.

— Não é nenhuma homenagem. — ele se levanta. — Não acredito que caiu nessa. — o mesmo era bastante alto e sua pele era pálida como jade, possuía cabelos curtos e negros como a noite.

— Entendo. — não vou ser ignorante, eu acabei de chegar, não quero inimizades, não vou ser ignorante. — Desculpe-me achei que estava em uma universidade, não no circo, vou me retirar.

— Se deixar ser enganado tão facilmente assim não irá se dar bem aqui. — apenas o ignoro. — Gosta de jogar futebol?. — ele pergunta encarando um chaveiro de bola que estava no zíper da minha mala.

— Gosto.

— E consegue com essas pernas tão custas ?. — ele me encara finalmente, seu olhos pretos não tinham brilho algum, um olhar opaco, sem vida, porém tinha um sorriso irônico nos lábios dando. — Tão pequeno.

— Onde ter um e sessenta e nove é ser pequeno sua "jaca"?. — a esse cara me deixou com tanta raiva que até confundi as palavras.

Jaca? — ele repete meu "insulto", o vejo arquear umas das sobrancelhas sem tirar o sorriso irônico dos lábios. Dou uma revirada de olhos e começo a caminhar para sair de perto dele. — Se está procurando a secretária para informações continue reto e vire a esquerda depois de duas quadras.

— Obrigado. — me viro para agradecer mas ele já estava caminhando para o outro lado. Olhando-o de longe parece que sua perna direita estava machucada por estar mancando um pouco. — Deve ser que é apenas impressão por estar longe.

Sigo as instruções do "Jaca" e encontro um prédio simples azul, assim que entro dentro do mesmo, vejo um homem vestido com um uniforme da faculdade.

— Boa tarde. Você que informa os dormitórios dos calouros?.

— Seu nome?. — ele se senta em uma cadeira em frente ao computador. Informo meu nome a ele,depois de algum tempo ele me entrega uma chave. — Bloco C, quarto 304, você terá um colega de quarto, pode ser tanto um veterano ou um calouro, não reclame de seu parceiro, a secretária não gosta disso, e é difícil trocar. Não perca a chave também, temos a cópia, mas isso não significa que tem que ser irresponsável ao ponto de perde a chave original. — confirmo e o agradeço, saindo do prédio uma brisa suave bateu em meus rosto, provavelmente iria chover mais a noite.

Espero me dar bem com o meu parceiro, nunca é bom ter inimizades, ainda mais quando provavelmente você irá morar com essa pessoa por um longo tempo. Caminho com a mala pelo campus procurando meu bloco, não foi difícil achá-lo já que tinha um C gigantesco no prédio, tinha cinco andares, mas antes que eu pudesse entrar sinto alguém tocar meus ombros.

— Oi. — parei bruscamente e vejo que era uma garota de cabelos curtos na cor rosa claro que me tocou.

— Desculpa. — a mesma fala baixo com as bochechas avermelhadas. — Sou nova aqui, poderia me informar se sabe onde é a secretária?. — sorrio e dou-lhe a localização. — Obrigado.

— Não é nada, a gente se vê por aí. — digo e ela sorri acenando com a mão enquanto vai pelo caminho que eu lhe disse.

Entro no prédio e pego o elevador, aperto o botão do último andar,  o quarto 304 era a última porta, abro a mesma com a chave.

O quarto era grande, tinha duas camas de solteiro que era separada apenas por um criado mudo,  uma delas que estava do lado esquerdo já estava organiza e com edredons pretos e brancos, e a parede tinha pôsteres de futebol, bom ou o resto de alguma coisa que eram pôsteres, tinha dois guarda roupas marrons embutido e duas escrivaninhas mas apenas um único computador, e do lado delas uma porta branca sem detalhes, que eu creio ser o banheiro já que vinha barulho de água lá.

— Meu companheiro deve estar tomando banho. — dou de ombros e abro minha mala para arrumar minhas coisas. — Estou exausto.

Antes que eu tivesse a chance de começar a colocar minhas roupas no guarda roupa  a porta do banheiro se abriu, com a toalha na cintura meu companheiro saiu, mas eu preferia que isso não tivesse acontecido.

— Ei é você pernas curtas.

π

O Camisa Nove dos Gaviões Vermelhos Onde histórias criam vida. Descubra agora