Capítulo 3 - O guia turístico

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Que bosta de GPS! Amalie e Elis já estavam à duas horas perdidas em Seul. Amalie insistia em pedir ajuda arriscando seu coreano aqui e ali, o que não adiantava em absolutamente nada. Vencidas pelo cansaço, decidiram ligar para a escola de línguas. Uma moça muito educada respondeu dizendo que enviaria um de seus guias turísticos para encontrá-las. E era por isso que elas estavam á vinte minutos jogadas no sofá de uma loja de chás.

— Não é culpa minha que eles não sabem escrever nome de rua.— Elis ria das reclamações da garota mais nova. Amalie nunca passava despercebida. Era loira, extremamente branca e tinha enormes olhos verdes. Além disso, falava muito alto e andava com a postura de quem tinha comprado a rua. Não que Elis também não se destacasse, afinal, de asiática ela tinha um total de zero características. Elas se conheceram no dia de "Boas vindas" do curso de coreano para estrangeiros no qual haviam se matriculado para os próximos seis meses. Começaram a conversar porque Elis fez uma piada muito sádica sobre o cartaz de uma peça de teatro colada no mural de avisos da cafeteria e Amalie foi a única que descaradamente riu. Elis olhou para a garota como se ela fosse membro de alguma sociedade extraterrestre, o que fez Amalie se aproximar e não parar de falar nunca mais.

— Ei, você nunca me falou nada daquele garoto de sábado! —  A loira voltou a puxar conversa e Elis se afundou um pouco mais no sofá.

— O que você quer saber?

— Hmm, foi bom?— Depois de passar sete dias consecutivos andando com ela já era de se esperar que Elis não fosse mais pega de surpresa com esse tipo de questionamento, mas ela sempre era. Em resposta ela tomou um gole infinito do seu chá e sua careta ao sentir a garganta queimar fez Amalie rir.  —Ele era gatinho. Você pegou o número dele?

— Não.—  Elis se ajeitou na cadeira decidida a mudar de assunto. —Esse cara ta demorando hein?

— Aah! Será que é aquele ali?— Elis deu graças a deus pelo assunto ser interrompido e quando se virou para onde a outra apontava seu estômago foi no chão. Elas se entreolharam boquiabertas antes dele se aproximar.

Annyonhaseyo!— Ele se curvou para elas.  —Eu sou Kim Taehyung, as senhoritas devem ser Elis Porto e Amalie Jorn, certo?—  UAU! Mesmo que eu não fosse . Elis ficou imediatamente vermelha com seu pensamento e também se curvou. Os três foram saindo da loja de chás e ela ainda não havia se recuperado.

Kim Taehyung era a harmonização perfeita de várias coisas que ficariam ridículas em todo o restante da população mundial. Vestia um sobretudo azul royal que ia até seus calcanhares, tinha os dedos cobertos por anéis, e um óculos de sol de armação redonda com lentes amarelas. Mas não era só isso. Kim Taehyung era um conjunto de detalhes que que faziam Elis não conseguir parar de observa-lo. Ele era alto, muito alto, ele e Amalie quase tinham a mesma altura, o que devia ser uns 1,80m. E sua pele bronzeada de dourado nascer do sol se mesclava ao marrom escuro de seus cabelos como se a natureza tivesse inteira parado para pensar na paleta de cores perfeita para usar nele. Elis notou uma pintinha solitária na ponta de seu nariz e não entendeu direito porque aquilo a fez sorrir.

— O que vocês já viram até agora?— Sua voz era grave, mas sua expressão ao se dirigir às duas era suave, amigável.

Elis soltou de cabeça uma lista de todos os lugares que já tinham visitado. Pelo amor de Deus, não me deixa parecer tão animada quanto eu estou nesse momento. Taehyung levantou uma sobrancelha e respondeu um: — Uau! Seu coreano é muito bom, Srta. Porto.—  O. MEU.DEUS. Estamos em estado de emergência aqui.

Acontece que ele não as levou embora, pelo contrário, passaram o resto do dia passeando pela região. O rapaz sabia o nome de cada estabelecimento e qual era melhor no quê.

—Essa é minha área preferida da cidade. Vocês tiveram sorte.—   Ele disse com uma piscadela para as duas logo após se curvar para alguém que o havia cumprimentado enquanto eles passavam. Taehyung, aparentemente, conhecia todos os donos de lojas e restaurantes e cafés da região. E todos o chamavam de "Tae" e acenavam alegres quando o viam. Quando ele piscava daquele jeito, Elis se lembrava de um outro coreano que alguns dias atrás havia feito a mesma coisa. O fim da história é ela acordando na cama dele. Para com isso Elis, tá doida, você não é assim. Seu estômago se contorceu e ela sentiu sua cara pegando fogo, ficava envergonhada só de pensar naquilo.

Lá pelas onze da noite, depois de jantarem ele deixou cada uma delas em casa, mas se demorou um pouco mais na portaria do prédio de Elis.

— Espero que vocês tenham se divertido hoje.— Taehyung disse em coreano.

— Foi muito legal da sua parte nos levar a todos aqueles lugares.— Ela respondeu usando o máximo de coreano que conhecia. Ele riu da tentativa e só foi embora depois que ela entrou no prédio.

Quando abriu a porta e se deparou com seu minúsculo quarto ela sorriu satisfeita. O dia tinha sido muito bom. Um dia de cada vez. A vida se ajustaria aos poucos, por enquanto Elis só queria se desmontar naquela cama. Ela nem conseguia se lembrar da última vez que foi dormir tão em paz assim.

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Agora essa história tem a própria hashtag. Use #elisejk no twitter caso queira compartilhar seus pensamentos comigo e com os outros leitores. Eu amaria conhecer mais sobre vocês. Procurem no twitter por /CatarinaG14 e vamos conversar.

Nos vemos na próxima! Com amor, Cat ♥

o sábado que mudou nossas vidas ∘ jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora