Capítulo 13 - O jantar de palitinhos

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... continuação da cena do capítulo 10 ...

Um silêncio estranho se instaurou entre eles. Seu cérebro trabalhava a todo vapor para elaborar algum tópico de conversa.

Ya!* Esse aqui é o nosso.— Essa é de verdade a única coisa que você é capaz de falar Jungkook?

Antes de Elis se aproximar pedindo por ajuda, ele fazia sua matemática para descobrir quanto dinheiro ainda tinha e quanto já conseguiu guardar. E antes disso ele calculava suas notas, que caíam cada vez mais devido à exaustão que vinha atrapalhando seu rendimento nos estudos.

Elis estava de pé do seu lado, perto o suficiente para que ele sentisse o cheiro de lavanda que vinha de suas roupas e conseguisse ouvir seu estômago roncando. Ele achou aquilo engraçado, mas não demonstrou. Continuavam em silêncio quando saíram do vagão e como ela ainda parecia um pouco perdida ele se prontificou a lhe mostrar, no enorme mapa colado na parede, onde eles estavam e para onde ela precisava ir.

—Aqui fica a escola. Nós estamos aqui.— Eles estavam o mais próximo que já estiveram desde aquele sábado e o rapaz rezou para que ela não fosse capaz de ouvir seu coração disparado. Enquanto isso, Elis lutava internamente contra a vontade de manter uma conversa e o medo paralisante de dizer alguma bosta, ou de ter que falar sobre o dia em que se conheceram. —Aqui é o restaurante do Jin e se você andar um quarteirão é a loja de conveniência onde a gente se encontrou semana passada.

—Eu sabia que não estava tão perdida. São essas letras, elas me confundem o tempo todo.— Quando terminou de falar, seu estômago soltou um barulho que os fez rir.  —Parece que alguém está com fome. Kansahamida, Jeon Jungkook.

Foi como se tivessem apertado um botão de alerta vermelho no cérebro do rapaz. Olha essa oportunidade. Vai Jungkook. Suas mãos suadas agarraram as alças da mochila e ele falou rápido demais, sem pensar:

—Sabe...eu estava indo jantar, é no caminho pra sua casa, se você...quiserirjunto.—  Ai droga, eu falei, ai caralho.

Elis o olhou confusa e intrigada, suas bochechas levemente avermelhadas pelo convite inesperado. Você foi em um date com o Taehyung, isso não é nem de perto o mesmo, a gente consegue Elis. O tio ficaria orgulhoso. Ela o encarou por alguns segundos, pensativa. Seu estômago reclamou mais uma vez. Se recusasse tinha quase certeza de que nunca mais teria essa oportunidade. Ela não queria cem por cento ir, mas também não queria nunca mais não ir. A companhia do garoto parado na sua frente, vestido dentro de roupas muito maiores que ele, parecia tão convidativa.

—Tudo bem.— Foi só o que conseguiu responder.

Sentaram-se de frente um pro outro em um restaurante simples com poucas mesas ocupadas, o que era ótimo, porque nenhum dos dois queria chamar a atenção. A garçonete se aproximou com o cardápio e Jungkook pediu mentalmente pelo amor de Deus para que ela não os tratasse como um casal.

—Humm...você já está sentindo falta do Brasil?— Ele não queria parecer intrometido, mas durante todo o caminho até ali essa foi a primeira pergunta que lhe veio à mente.

—Hmm...—  Ela pensou com cuidado antes de responder, não queria soar reclamona. —De algumas coisas específicas, tipo o clima e lá as comidas não apimentadas são não apimentadas de verdade.

Aish!* Nem toda nossa comida é apimentada.

Elis ergueu uma sobrancelha em resposta, o que o fez rir.

—Como você sabia como falar "de nada" em português?

—Hmm...eu tive um amigo brasileiro no segundo ano de faculdade e eu fiz alguns trabalhos sobre o Brasil, acabei aprendendo algumas palavras tipo...hmmm...tá, eu não consigo me lembrar agora, mas eu juro que é verdade.—  Elis não conseguia não rir do seu jeito juvenil de falar e de como as palavras saiam meio embaralhadas quando ficava nervoso pela timidez.

o sábado que mudou nossas vidas ∘ jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora