o sábado que mudou nossas vidas ∘ jjk

Capítulo 18 - O bar

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Na primeira vez que saíram juntos, quando oficialmente se tornaram um grupo, Amalie, Elis, Taehyung e Hoseok terminaram a noite em bar de fachada duvidosa de cujo interior vinha um som hipnotizante de voz e violão. Quase quatro meses depois daquele marco, Elis descobriu que o cantor voltaria a se apresentar naquele mesmo local no próximo sábado, mas ficou meio indecisa quanto a chamá-los ou não. O clima não estava dos melhores entre eles. Nada que desse para perceber de fora.

Depois da pequena discussão que tiveram, ela e Hoseok conversaram rapidamente e ficou decidido que estava tudo bem. Continuavam se encontrando no almoço e nos intervalos entre as aulas, riam das piadas sem noção de Taehyung e passavam boas horas na biblioteca tentando salvar o pescoço de Amalie de reprovar no seu teste final de coreano, mas Elis sabia, bem lá no fundo, que tinha alguma coisa diferente.

Achou que Taehyung se afastaria um pouco depois da surtada que deu na escadaria do seu prédio, mas foi o oposto disso, ao longo da semana ele foi se aproximando cada vez mais; mandando mensagens, comprando seu chocolate favorito e aparecendo com café exatamente quando ela precisava de um. Hoseok fingia não ver nada daquilo, "Vocês são adultos, vocês que se entendam", foi sua única fala a respeito, mas a desaprovação ainda estava lá, incrustada nas suas íris escuras. "Elis Porto, vai lá e fala que você não gosta dele desse jeito, não é tão difícil assim" foi a opinião que Amalie expressou sobre o assunto, em toda sua delicadeza escandinava, que só faltava a chacoalhar pelos ombros e lhe dar um tapa na cara.

Elis não era burra, sabia o que tinha que fazer. Acontece que dar um fora em um cara foda daqueles não estava entre as atividades que mais lhe davam prazer na vida. Ser quieta e reservada não significava que não tinha coração. Inclusive, ela tinha um muito danificado, que disparava sempre pela pessoa errada nos corredores da escola.

Ela ia falar com ele sobre isso, deixar claro que aquilo era só amizade, mas seu impulso foi interrompido pelo celular avisando da chegada de um e-mail. Seu nível de ansiedade para os resultados do processo de bolsa do mestrado era tão alto que qualquer indício de movimentação em seu celular a deixava com as pernas bambas.

"EU PASSEI PRA SEGUNDA FASE" Elis entrou gritando na biblioteca e a notícia desencadeou a mesma reação explosiva nos outros três, que estavam antes comportadamente com os narizes enfiados em seus livros.

O shhhhhiu que alguém lhes deu foi completamente ignorado em meio a euforia do momento.

"A gente precisa comemorar" Mesmo falando baixinho o tom de voz de Hoseok ainda era inconvenientemente alto.

"Eu já sei um lugar perfeito." Elis apressou-se em dizer, sorrindo de lado a lado, o coração explodindo em mil rojões de felicidade. Teve que respirar fundo para não infartar de alegria. Pegou o telefone na hora e ligou para os pais, não importava quem atendesse primeiro, só precisava despejar em cima deles que ela não era tão fracassada quanto eles pensavam.

(...)

O bar estava relativamente cheio. Como sabia que os funcionários não falavam bem inglês, Hoseok achou que seria um ótimo treinamento para as duas irem sozinhas até o bar. Amalie juntou toda sua coragem e fez o pedido, muito concentrada, para o barman bombadinho que a atendeu. Elis ficou um pouco para trás observando o local. Mal podia acreditar que estava ali fazia só três meses e já tinha lembranças para compartilhar com um grupo sólido de amigos. No Brasil tudo o que ela tinha era um seguro desemprego e uma família desestruturada.

"Adivinha quem eu encontrei?" Amalie gritou por cima da música alta. Segurava três canecas enormes de cerveja e estava acompanhada por ninguém mais ninguém menos que o Kim Seokjin.