Alguém tira a navalha de suas mãos antes que pudesse dar o golpe final em si mesma. Já havia cortado os pulsos e os antebraços, mas não conseguira chegar até o ponto crítico que aceleraria as coisas. Ao olhar para cima, seu olhar cruza com os olhos azuis de Seto.
- Az, o que acha que está fazendo?
- Por que você veio? Eu disse que iria consertar tudo.
- E suicídio era sua ideia? Venha, vamos dar um jeito nisso.
- Por favor, me deixe aqui. - as lágrimas misturavam-se com as gotas de chuva que caíam em seu rosto - Eu não deixo um serviço inacabado e não será hoje que vou começar a fazer isso.
- Vai sim.
Seto a pegou nos braços e a levou para o carro mesmo com Azeneth relutando e tentando escapar. Naquela hora, até mesmo Kaiba estava, de certa forma, penalizado com a situação, tanto que não fazia questão de emprestar seu corpo para seu outro eu resolver as coisas.
- Já disse que não preciso disso.
- E eu já disse que não vou deixar você terminar essa loucura. Sua vida vale mais do que isso.
- Só está dizendo isso porque você não tem mais a sua amada Kisara do seu lado.
Ele ficou em silêncio, terminando de colocar as ataduras nos braços dela. Em partes isso era verdade, sim. No entanto, não era mentira o fato que Seto se preocupava com ela e não queria vê-la neste estado. O pouco que tinha recuperado de suas memorias foi o bastante para que a imagem daquela doce e inocente Azeneth preenchesse seus pensamentos, fazendo-o se arrepender pelo que fizera.
- Acho que nem com todos os pedidos de desculpas do mundo serei capaz de reparar o que fiz... Espero que possa me perdoar algum dia, Az.
A jovem não sabia o que fazer. Mesmo estando ambos encharcados pela chuva, o calor que vinha do abraço dele era mais forte. Nunca em toda sua vida teve a chance de ser abraçada pela pessoa que amava e isso acontecer em um momento como esse só a deixava mais confusa.
- Sacerdote Seto... Você sempre aparece para me salvar, não é? - Ela finalmente teve coragem para retribuir o abraço de seu sacerdote.
- Como naqueles tempos.
Kaiba finalmente tomou o controle de seu corpo de volta e, sabendo de tudo o que estava acontecendo, decidiu não desfazer o abraço antes da garota. Depois de algum tempo, Azeneth levanta a cabeça e seu olhar cruza, desta vez, com o do jovem empresário.
- Sinto muito por todo o transtorno. - ela disse, enquanto se soltava.
- Acho que sou capaz de compreender seu estado, afinal. Por isso, vou fazer de conta que nada aconteceu.
- Obrigada, de verdade.
- Posso te levar para sua casa.
- Gentileza sua, mas posso voltar a pé. Já estou toda molhada mesmo.
A moça desceu do carro e seguiu seu caminho de volta para onde estava seu faraó.
- Azeneth! Você nos deu um susto.
- Lamento por preocupar vocês.
O olhar do Mago Negro recaiu sobre as ataduras da filha.
- Mana tinha razão quando disse que você estava tramando algo de errado, só não imaginava que fosse uma coisa dessas...
Por mais que seu pai fosse apenas um espírito, ela sentia que o abraço dele ainda era o mesmo de milênios atrás, o que lhe trouxe o conforto que precisava. Realmente, talvez fosse cedo demais para partir.
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Herdeira da Magia Negra
FanficE se, antes de ter se tornado o famoso "Mago Negro", Mahad tivesse uma filha que reencarnou nos tempos atuais e que era tão leal ao faraó quanto o próprio pai? Não apenas isso, mas também a jovem, desde sua última vida, vem carregando uma dúvida cru...