Capítulo 03: Cicatrizes que nunca Curam

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Evandro estava em seu carro, cruzando a Avenida Principal, em direção à M.Games.

Ele trabalhava como assistente de criação de jogos de videogame. Era o emprego perfeito, ele ganhava o suficiente para dar uma vida confortável à Raúl e ainda entretia o pupilo com os jogos que levava para casa, para serem testados. Só que, mesmo assim, a situação entre eles não estava boa.

- Eu sei que ele não gosta de ficar sozinho naquele apartamento o dia todo, mas é para a segurança dele. - o antigo Conselheiro Real tinha costume de falar sozinho.

Depois daquela rebelião no batizado do garoto, há 18 anos, Evandro viu como a humanidade é cruel e gananciosa. Tantas guerras, tantas mortes, tudo por causa de dinheiro ou poder. Por mais que ele achasse que as pessoas estavam começando a mudar, elas sempre provavam que a alma humana era podre.

- Raúl perdeu os pais naquele fatídico dia. Agora eu preciso ser como um pai para ele, preciso protegê-lo. Ninguém pode saber que ele é o príncipe perdido de Mônaco. Os rebeldes ainda estão no poder... 18 anos... Aqueles malditos ainda estão controlando e atormentando a população. Se eles sequer IMAGINAREM que Raúl e eu estamos vivos, virão nos matar na mesma hora. Não posso deixar que meu menino se machuque. Ele nunca deve saber de onde veio.

Se Raúl soubesse, faria muitas perguntas, iria querer voltar para Mônaco e, naquele momento, ainda era muito perigoso.

- Claro, algum dia terei que contar a verdade, não é certo esconder de uma pessoa sua verdadeira identidade. Mas é melhor eu esperar. Talvez um dia, quando a situação melhorar por lá, eu conte para ele.

Então Evandro parou num sinal vermelho. O ar gelado, uma leve brisa, o sol brilhando alto e o céu azul, sem nuvem alguma, fizeram com que ele olhasse para o céu, sorrisse e agradecesse.

- Senhor... Não canso de agradecer por ter nos salvado aquele dia. Raúl é o filho que a vida não me deixou ter, eu o amo como se fosse realmente seu pai. Me ilumine, para que eu faça o que é certo com ele. Estou com muito medo, Deus...

O sinal ficou verde e o carro seguiu. E Evandro, sempre com o mesmo pensamento.

"Pelo menos ele está a salvo no apartamento."

O Garoto da TorreOnde histórias criam vida. Descubra agora