O Mundo dos Sonhos estava estranho, Raúl percebia enquanto caminhava. Um silêncio, quase mórbido. Ele não gostava nada daquilo.
Procurou por Lírio na Colina-das-Libélulas, mas não o encontrou. Do alto da colina ele podia ver quase todo o Mundo dos Sonhos. A Colina-das-Libélulas era o seu lugar preferido, mas não era o único que existia. Era o lugar onde ele tinha paz e tranquilidade, ficava no centro do Mundo dos Sonhos.
Ao Norte de onde ele estava dava para ver a Planície Funny, lugar onde se concentra toda a diversão. Um lindo campo aberto cheio de brinquedos infláveis, mágicos, malabaristas, acrobatas, doces, montanhas-russas e muita alegria. O sol sempre brilhava por lá. Diferente do lado oeste, onde se encontravam a Cordilheira Fág e a Floresta da Memória.
Três picos montanhosos se erguiam do solo e iam além das nuvens de algodão doce daquele mundo. Era um lugar triste, sombrio e frio. Só nevava no topo, a neve era de sorvete de flocos. Um dos sorvetes brasileiros favoritos de Raúl. Diretamente de lá, nascia o riacho da ansiedade, que percorria a Floresta da Memória, que ficava aos pés da Cordilheira Fág, à sudoeste, e percorria todo o Mundo dos Sonhos.
Ao sul podia-se ver o Planalto Grá Clóis. Em uma das elevações, Raúl via um majestoso castelo, talvez um tanto familiar. Quando estava no mundo do sonho, às vezes ele perdia a consciência de que era um príncipe perdido. Em volta do castelo se erguia um lindo bosque. As folhas das árvores, em forma de coração sempre estavam em tons de outono, o que combinava com as cores do castelo, um tom creme com os telhados e parapeitos das torres em vermelho.
À leste, o Mundo dos Sonhos era banhado pelo oceano. Havia uma baía, a Baía Saoirse, onde estava ancorado um barquinho de papel gigante.
O Garoto-da-Torre, então, pôde ouvir um pequeno choro, ele identificou que vinha da embarcação. Sobre ela, havia uma nuvem escura e chuvosa. O menino não exitou e foi correndo ver o que estava acontecendo.
Ao chegar na baía, viu que o “barquinho” de papel não era tão “inho” assim. Pôde ver alguém sentado, em posição fetal, no convés, chorando.
- Lírio! – ele correu para subir a bordo.
O barco, o cais, o mar, o céu, e até o próprio Lírio, estavam em preto e branco quando Raúl chegou, o que eram muito estranho. Ele subiu a bordo, se aproximou do amigo em prantos.
- Hey, Amigo! O que aconteceu? – o pequeno príncipe repousou a mão sobre o ombro de Lírio.
Nesse momento tudo mudou. Todas as coisas voltaram a suas cores originais. O céu se tornou rosa com nuances de azul e violeta, simbolizando o crepúsculo, o mar voltou a ser beijado pelo sol poente, a chuva parou de cair e a nuvem se dissipou. O amigo de Raúl voltou a ter seu característico cabelo arco-íris, e o barco voltou ao seu tom branco com listras azuis, como um caderno de escola, com um grande Lírio branco e azul desenhado na lateral.
- Raúl? – lírio se surpreendeu ao se virar – Sabia que você viria! – ele deu um abraço apertado no amigo. – Muito obrigado! – ele admirou que suas cores haviam retornado.
- Não foi nada. Mas o que você está fazendo aqui?
- Eu estava te esperando, seu bobo! Kkkkkk – respondeu Lírio, prontamente.
- A mim? – Raúl ficou confuso.
- Sim. Está pronto para a operação J.P?
- Operação J.P? O que é isso?
- Hahahahah! Operação Journey to the Past! – disse Lírio, desatando as amarras do cais. – Mas, claro, você só vem se quiser. Não faça nada se se sentir obrigado. A escolha é toda sua.
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O Garoto da Torre
Dla nastolatkówRaul em breve fará 18 anos, e o máximo que ele conhece são as paredes frias de seu apartamento, sem quase nunca ter tido contado com o mundo exterior. Seu maior sonho é ter sua liberdade e ser quem ele quiser, mas a rigidez e os fantasmas do passado...