Pecado Mortal

Capítulo 3

Dimitri Kozlov

Sentado em minha poltrona em meu escritório, observo minha irmã ler e refazer alguns cálculos só para garantir que estavam certos, e pelas expressões e interjeições que soltara, estava tudo correto.

— Irmão, essa menina é, simplesmente, genial! Foi a melhor ideia que já colocaram em sua mesa — Olena diz, vendo os seus esboços e os de Ekaterina, completamente encantada — Ela teve uma ideia muito boa, já que os motores elétricos de corrente contínua não são muito utilizados por outras automobilísticas por ser mais caro e temer não ter lucro suficiente, mas você não teme isso, já que...

— Eu sou dono da maior marca automobilística do mundo, todos querem comprar minha marca, mesmo que seja uma merda.

Olena revira os olhos e encosta em sua cadeira de frente para mim, com um sorriso em seus lábios.

— Isso é pecado, sabia?

— O que?

— O jeito que você vive, é pecado, chamado soberba. Você não lembra das aulas de catolicismo que tínhamos quando éramos crianças?

— Olena, eu não lembro de nada dessa época. E você só lembra porquê sempre ficou de olho no coroinha que explicava a matéria — gargalho ao perceber que o rosto de minha irmã ficou em tom avermelhado. Ela me joga uma almofada, mas sorri comigo.

— Como que pode o Alexei ser bonito desde novo e eu ser obcecada por ele por tanto tempo? Você deveria obrigá-lo a ficar comigo, irmão!

Eu paro de sorrir e encaro minha irmã, que continua com o rosto corado de vergonha e com um sorriso tímido em seus lábios. Eu pego em sua mão e ela para de sorrir, percebendo que eu não levei essa sua frase na brincadeira como deveria.

— Olena, você não tem que rebaixar a ninguém, muito menos à Alexei. Ele não quer ficar com você? Siga em frente e sem olhar para trás, o passado tem nada de novo para te oferecer apenas o sofrimento que já conhece. Se ele te quisesse mesmo, me enfrentaria como um homem de verdade fará um dia. Eu te amo demais para jogá-la em um abismo de incertezas.

Os olhos de Olena estão cobertos de lágrimas não derramadas e ela se levanta, dando a volta na mesa e se sentando em meu colo, deixando as lágrimas descerem livremente por seu rosto.

— É por isso que você é merecedor de tanta coisa boa na vida. Eu te amo muito por ser o melhor irmão do mundo!

Sorrio e beijo sua testa, a consolando do choro que eu sei que ela prende há tempos, desde que Alexei a abandonou sem mais e nem menos.

Mas, ele que não se engane se eu não terei uma conversa frente a frente com ele assim que voltar de viagem. Foda-se a sua namorada, ninguém fará minha irmã sofrer sem ter um sacode de ossos.

§

Chego na empresa e todos os funcionários param de conversar para me observar, enquanto ouço os suspiros femininos por onde passo.

Sim, eu sei que sou foda demais.

Já se passaram duas semanas desde que mostrei os esboços da ideia da ruiva aos meus sócios e todos eles admitiram que era uma boa ideia, portanto, hoje farei uma reunião com todos os diretores para informar sobre a novo lançamento do automóvel Provornyy. Sei que a verei, e espero que ela continue uma ótima funcionária como no dia em que a conheci.

Dou bom dia para meu assessor e secretária, indo direto para minha sala. Deixo a porta aberta, pois sei que Leon irá entrar a qualquer momento. Tiro meu paletó e assim que me sento, meu assessor me pede licença e se senta em minha frente.