Dimitri Kozlov
Ao chegar em casa, depois de um dia cansativo e estressante de trabalho, observo minha irmã sentada em meu sofá com seu pijama velho de estampa de bananas, comendo sorvete e assistindo uma série policial.
— Já em casa, Olena?
— Sim, hoje eu não fui trabalhar, fiquei na sua empresa.
— Eu fiquei sabendo — coloco minha pasta em cima da bancada da cozinha e me aproximo dela, sentando na poltrona da sala, tirando meus sapatos. — Também fiquei sabendo de uma mulher loira, quem é?
Olena pausa a série e se levanta do sofá, olhando para mim com uma expressão que eu já conheço: debochada com uma pitada de que irá sobrar para mim.
— Você não precisa se preocupar agora, meu irmão — ela caminha na direção das escadas, mas antes de subir, se vira e me olha — Uma amiga minha está fazendo aniversário hoje e ela irá comemorar na boate mais badalada da cidade.
— E daí, Olena? Você está mais do que acostumada a andar sozinha por aí.
Minha irmã revira os olhos e come mais um pouco do sorvete, que aparenta ser de flocos.
— Estou dizendo isso para ir comigo, seu babaca.
— Não quero ficar com nenhuma de suas amigas, que elas já se sentem na obrigação que você seja o cupido e eu detesto isso, querida irmã.
— Eu sei, irmão. Mas é só pra você espairecer um pouco, afinal, você está muito estressado com o lançamento do carro com um tipo de motor diferente.
É verdade, desde que começara hoje a montagem do primeiro modelo para o lançamento daqui a sete meses, eu já estou completamente ansioso por conta de o motor e o formato do design do carro não serem de minha zona de conforto.
Passo a mão por meus cabelos e resolvo acatar.
— Tudo bem, mas somente por duas horas. Se não for voltar comigo, me deixe avisado para não ter que procurá-la pelo estabelecimento e presenciar alguma situação constrangedora.
Há alguns anos, eu e Olena fomos para um evento beneficente e combinamos que voltaríamos juntos, mas minha irmã desapareceu da festa e eu resolvi procura-la. O que eu iria dizer para os meus pais se chegasse em casa sem a sua princesinha? Mas, eu não esperava encontrar Olena transando no jardim da festa com um dos convidados, gemendo alto e desvairada. Não atrapalhei a foda, fiquei do outro lado do jardim, apenas esperando minha irmã caminhar na direção do banheiro para se ajeitar, foi onde eu entrei e briguei com ela sobre sua irresponsabilidade.
Olena gargalha e sobe as escadas rapidamente para se arrumar, enquanto eu continuo sentado no sofá. Sei que se eu subir e me arrumar faltado apenas dez minutos para essa tal boate, eu irei ficar pronto primeiro do que Olena.
Respondo meus pais no aplicativo de mensagens e resolvo entrar na rede social de fotos, onde todos tem a vida e fotos perfeitas. Eu não sigo quase ninguém e nem posto fotos frequentemente, e só tenho por insistência de Olena e Leon, que disseram que eu tinha que ter para ter mais visibilidade na internet para os fãs da marca.
Não sei o que uma coisa tem a ver com a outra.
Continuo vendo fotos até que aparecem algumas sugestões de quem eu poderia seguir, até que vi o usuário de Ekaterina. Meu cérebro disse para ignorar e seguir em frente, mas meu lado impulsivo já tinha clicado e estava verificando o seu perfil minunciosamente.
As fotos postadas eram antigas, do ano de 2017, então, não havia nada de mais em suas fotos, apenas selfies e lugares que já visitou, como o Peru e Canadá. Saio do seu perfil e jogo meu celular no sofá, caminhando na direção do meu quarto para tomar um banho e esquecer essa estagiária que está me atraindo mais do que deveria.
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Pecado Mortal
ChickLitDimitri Kozlov sempre fora um homem temperamental, grosso e vivendo à deriva de bebidas alcoólicas fortes, assim como a população diz sobre pessoas russas. Com sua vida financeira no topo por conta de sua empresa automobilística, ele não tinha do qu...